Trotes aos serviços de emergência prejudicam atendimento às ocorrências
O telefone toca e do outro lado da linha pode ser uma mãe desesperada com o bebê engasgado, um filho que precisa de suporte para o pai que está passando mal, um pedestre que presenciou a queda de um idoso na rua, ou qualquer outra situação de emergência. Mas também pode ser um trote, uma brincadeira de mal gosto com sérias consequências e que pode custar a vida de uma pessoa quando se trata de prejudicar o trabalho dos atendentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros.
Ao invés de atender uma real necessidade, os profissionais acabam perdendo tempo em linha com uma falsa ligação de urgência. Parece ser uma brincadeira, mas passar trotes aos serviços de emergência é um crime previsto pelo artigo 266 do Código Penal Brasileiro.
Depois do intenso trabalho que os profissionais do Consórcio de Saúde dos municípios do Oeste (Consamu) tiveram nos períodos mais críticos da pandemia da Covid-19, a quantidade de trotes no sistema de atendimento do órgão voltou a crescer. No comparativo entre o primeiro trimestre dos anos de 2021 e 2022, o Consórcio recebeu uma quantidade de telefonemas com falsas informações de ocorrências quase 100% superior.
Ao longo de 2021, o Consamu registrou 1.228 trotes telefônicos no serviço de emergência 192, o que corresponde a uma média de 102 telefonemas com informações falsas por mês, ou três a cada dia. “É uma ligação mais sem sentido que a outra, o que acaba atrapalhando o serviço e prejudicando quem mais precisa, os pacientes”, destaca a diretora Técnica Médica do Samu Oeste, dra. Karina Correa Ebrahim.
CONTRATEMPOS – E as chamadas falsas também atrapalham o andamento dos atendimentos do Corpo de Bombeiros de Toledo. O 2º tenente Eduardo Ortiz Novinski comenta que essa prática ainda é muito comum na central de atendimentos da corporação. “Além disso, outro problema que gera transtornos semelhantes ao trote são as ligações indevidas, por exemplo, pessoas que utilizam o telefone de emergência para pedir informações a respeito do número de contato de outros órgãos. E essas situações ocorrem diariamente”.
Em relação aos trotes, o tenente Novinski cita que a equipe tem observado uma frequência maior nos horários de entrada e saída dos alunos nas escolas. Os pais devem orientar os filhos e ficar atentos para reduzir os transtornos causados pelos trotes.
Graças aos protocolos de atendimento da equipe, bem como a experiência com o público, os atendentes dos Corpo de Bombeiros conseguem identificar elementos que indicam que tal ligação trata-se de um trote. “Além disso, é possível identificar o número do telefone que realizou a ligação. Assim, dependendo do caso e das consequências geradas, registra-se um boletim de ocorrência para que medidas administrativas ou penais sejam adotadas”, complementa.
TEMPO É VIDA – O grande problema do trote é que muitas vezes quem precisa realmente de ajuda enfrenta dificuldade em fazer contato com os bombeiros. A principal dificuldade gerada no momento que o trote está em atendimento é que uma ligação que efetivamente precisa da intervenção, de uma equipe do Corpo de Bombeiros, é prejudicada e sofre atraso.
“Sempre quando o Corpo de Bombeiros está com uma ligação de trote, ele pode deixar de atender outra ocorrência realmente de emergência, e traz um prejuízo para quem está precisando de ajuda”, pontua o tenente ao enfatizar que a população deve ter consciência para não realizar trotes nos serviços de emergências 190, 192 e 193. “Estes números são destinados a atender chamados reais, por vezes envolvendo situações de vida ou morte, onde o tempo é valiosíssimo”, conclui.
Da Redação
TOLEDO
Com informações da Assessoria