Toledo: memórias de uma terra chamada de lar

Em caminhões de mudança chegavam muitas famílias para desbravar e construir um novo lugar. Gente trabalhadora e com muitos sonhos. Um desses caminhões era do pai da dona Luiza Campagnolo. Ele trazia a ‘mudança’ das famílias de Santa Catarina; famílias que viram nas terras do Oeste do Paraná uma oportunidade de construir uma nova vida.

Filha de Santo Campagnolo e Santina Broetto Campagnolo, pequenos agricultores, descendentes de imigrantes italianos, Luiza Campagnolo é uma das pessoas que viram surgir os ‘primeiros passos’ de uma cidade próspera e desenvolvida. Aos 82 anos de idade, Luiza conta que é a caçula de uma família de dez filhos. Dona Luiz é irmã de um dos primeiros médicos de Toledo, Dr. Avelino Campagnolo (in memoriam).

Natural de Concórdia, em Santa Catarina, Luiza chegou em Toledo com dez anos de idade com a expectativa de estudar. Ela foi morar a uma quadra da Escola Imaculado Coração de Maria (Incomar), porém o sonho de frequentar uma escola na época foi interrompido.

“Não fui na aula. Não deu para conciliar os estudos com o trabalho. Eu aprendi algumas coisas pesquisando, mas eu queria estudar, porém comecei a trabalhar em um hotel na faxina”.

Aos 20 anos, Luiza conheceu Alberto Dal Bosco. Os encontros de fim de tarde na matinê viraram casamento e dessa união nasceram cinco filhos e quatro netos. Muito tímido, seu Alberto não gosta de fotografia, mas teve que ceder no dia do casamento. Ao longo dos anos, o casal desempenhou as mais diversas atividades em Toledo e em todas contribuíram muito para a formação e o crescimento da região. “A cidade se desenvolveu bastante. No começo tinha muito toco e mato. Hoje é uma cidade grande e bonita”.

Além da cidade, dona Luiza trabalhou muito no distrito de Concórdia do Oeste quando cozinhava para seis trabalhadores nas terras do pai. “Não tinha fogão; era fogo no chão com as panelas penduradas. Quando terminava o meu serviço ia cavar em volta das arvores até aparecer as raízes para os homens cortar e derrubar as árvores. Quando meu pai comprou as terras aqui, era tudo mato. Um dia eu reclamei mas ele falou que o lugar iria ficar bonito. E ficou!”.

DESENVOLVIMENTO – Atualmente, dona Luiza e seu Alberto têm uma casa na Avenida Maripá, local onde residem por cerca de 50 anos. Eles acompanharam todas as etapas de crescimento e desenvolvimento da cidade. “Hoje [a cidade] está 100%. Aquele tempo eram muito difícil. Eu vi muitas famílias chegarem e com apoio do padre Antônio Patuí foram construídas casas para as pessoas que chegavam”, lembra.

Com muito orgulho, o casal se considera toledano. “A história da cidade de Toledo faz parte das nossas vidas. Passamos momentos difíceis, mas batalhamos muito e sempre vencemos e conseguimos ajudar a ‘construir’ a cidade”.

Além do trabalho no hotel, Luiza desempenhou várias atividades e seu Alberto Dal Bosco foi tratorista entre outras funções. Entre os avanços que eles viram na cidade, Luiza destaca as melhorias realizadas na Igreja (Catedral Cristo Rei). “Quando eu vim não tinha igreja e então construíram uma. Os meu pais ensinaram a ter fé, a ir na Igreja e perto da nossa casa tinha o Colégio e a Irmã Filomena e o padre Patuí foram incríveis. Eles ajudaram muito também naquela época”, conta Luiza.

Dona Luiza Campagnolo Dal Bosco, com 82 anos e Alberto Dal Bosco, com 89 anos guardam na memória e no coração grandes momentos que tiveram ao longo dos anos na construção de uma cidade que eles chamam de lar.

Da Redação

TOLEDO

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