Toledo representa 39% dos novos casos de HIV/Aids do semestre

O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA/SAE) é o serviço de referência no diagnóstico, no tratamento e no acompanhamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis dentro da área de abrangência do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar). O trabalho é contínuo e visa promover mais saúde a população e fortalecer a rede de atuação.

De janeiro a junho deste ano, o CTA/SAE já recebeu 98 novos pacientes, sendo 48 deles, novos diagnósticos. Do total dos pacientes, o município de Toledo representa 39% dos novos casos em 2024. A infecção pelo HIV atinge todas as faixas etária de maneira significativa, entretanto, nos últimos anos, existe um aumento de casos entre homens sendo a faixa etária de 26 a 49 anos.

“Temos atualmente, na abrangência dos 18 municípios do Ciscopar, em torno de 1.200 pacientes vivendo com HIV sendo atendidos no setor, destes 45% são residentes do município de Toledo”, pontua a coordenadora CTA/SAE, Jéssica Leonita Sartor.

A cada ano as diretrizes e estratégias para o enfrentamento do HIV são atualizadas, buscando entender a dinâmica social presente nas regiões, para que estas políticas alcancem a população esperada. “De forma local (regional) existe a busca pelo fortalecimento das unidades, principalmente, nas medidas de prevenção e no diagnóstico precoce, visto que temos recebidos pacientes já apresentando doenças oportunistas, caracterizando a AIDS. O diagnóstico precoce deve ser sempre considerado na visita dos pacientes às unidades, em campanhas extra muros, entre outros, assim como a ampla divulgação das medidas de prevenção do HIV, como por exemplo a PrEP, que ainda é desconhecida por grande parte da população”, explica.

EXPOSIÇÃO – Segundo Jéssica, os dados devem sempre serem considerados mais elevados. “Sabendo que não tratamos mais a incidência do HIV considerando grupos de risco, mas sim exposição de risco, ou seja, qualquer pessoa que tenha relações sexuais sem utilizar algum método de prevenção está exposto a infecção pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, como as hepatites virais, sífilis, entre outros. Então, é imprescindível que cada uma possa fazer a gestão de cuidado de sua própria saúde, buscando conhecer sua sorologia e escolhendo medidas de prevenção combinadas que façam sentido dentro de sua rotina de vida”, reforça.

ACOLHIMENTO NO CTA-SAE – Qualquer pessoa que tenha o diagnóstico reagente para HIV em qualquer serviço de saúde, será acolhido no CTA/SAE. O setor conta com equipe multiprofissional capacitada para este acolhimento com a oferta do atendimento de enfermagem, serviço social, farmácia e psicologia. A pessoa que vive com a HIV será atendida pela equipe multiprofissional de acordo com a sua demanda.

“É preconizado atualmente que toda a pessoa que tenha o diagnóstico para HIV inicie o tratamento antiretroviral, independente do acometimento do sistema imunológico. Isso possibilita que as pessoas com HIV não desenvolvam a AIDS, diminuindo drasticamente os óbitos por esse agravo, como também, trazem a quebra da transmissibilidade do vírus a partir da relação sexual protegida, já que a pessoa vivendo com HIV com Carga Viral indetectável por mais de seis meses e boa adesão ao tratamento, não transmite mais o vírus sexualmente”, explica.

ABANDONO DE TRATAMENTO – Mesmo sabendo da importância em manter o tratamento adequado, existem pacientes que abandonam. Conforme a coordenadora do CTA/SAE, as justificativas são variadas. Ela cita que alguns pacientes acabam descontinuando o tratamento por dificuldade em aceitar o diagnóstico, principalmente, pela falta de sintomas que pode acontecer durante muitos anos, mesmo a pessoa estando infectada com o vírus.

“Já outros pacientes relatam a dificuldade em faltar no serviço para as consultas e exames e ainda outros pacientes acabam mudando de município e não procuram o serviço para dar continuidade ao acompanhamento. Outro ponto bem importante quando tratamos da adesão e retenção do paciente no serviço é o acolhimento que este paciente recebe na hora do seu diagnóstico. Por isso, é importante que os profissionais sejam capacitados para um atendimento integral e humanizado”, afirma.

Em relação as adversidades enfrentadas pelo CTA/SAE está o enfrentamento do estigma e preconceito junto aos profissionais de outros serviços, assim como com a população e tudo isso torna-se um desafio.

AUTOCUIDADO EM SAÚDE – Jéssica alerta que é necessário que haja sensibilização tanto da população para a importância do autocuidado em saúde e, neste caso, com ênfase na saúde sexual, como também para os profissionais de saúde, para que possam, em tempo, realizarem acolhimento no sentido de disseminarem informações sobre a prevenção combinada para o enfrentamento das infecções sexualmente transmissíveis.

“Também é importante a realização do diagnóstico precoce, possibilitando assim, melhor qualidade de vida para o paciente, evitando adoecimento e óbito por uma causa evitável. É de extrema importância que, de todas as formas, em todos os veículos de comunicação possíveis, informações sobre o HIV, hepatites virais e outras ISTs sejam disseminadas, alcançando o maior número de pessoas possíveis, é só a partir da informação que poderemos seguir enfrentando doenças preveníveis”, conclui.

Da Redação

TOLEDO

TESTE RÁPIDO

De janeiro a junho deste ano já foram realizados em média 630 testes rápidos, fazendo uma média de 100 testes rápidos mensais. “Lembrando que o atendimento da equipe de enfermagem do setor vai além da testagem rápida, sendo realizada consulta clínica para as infecções sexualmente transmissíveis, prescrição de tratamento, prescrição de profilaxia pós exposição – PEP, profilaxia pré-exposição – PrEP, orientações e acolhimento, no setor e de forma descentralizada em ações extramuros”, explica a coordenadora CTA/SAE, Jéssica Leonita Sartor.

CERTIFICAÇÃO

A Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV, conquistada, em 2023, pela Secretaria de Saúde de Toledo, através do CTA/SAE e outros serviços da rede, segundo a coordenadora, estreitou os vínculos entre as equipes de Atenção Primária e Atenção Secundário, que é o caso do Consórcio de Saúde. O ano passado trouxe diversas possibilidades de capacitação de profissionais da equipe, bem como foi ano de inúmeras atualizações dos protocolos e diretrizes terapêuticas dos agravos atendidos no setor, possibilitando melhoria no acompanhamento e tratamento dos pacientes atendidos pela equipe.

Confira os serviços/atendimentos são prestados pelo CTA/SAE:

*Acolhimento/aconselhamento;

*Testagem Rápida para HIV, SÍFILIS, HEPATITE B e C;

*Diagnóstico, tratamento e acompanhamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis;

*Acompanhamento especializado de doenças infectocontagiosas adulto e infantil (dez/2021);

*PEP;

*PrEP;

*Dispensa de medicações ARV, medicamentos para IST, Hepatite C; medicamentos para Doenças Oportunistas; Fórmula Infantil; Dispensa do tratamento para ILTB;

*SWAB/IST;

*Vacinação esquema básico e especial;

*Aplicação e leitura de PPD;

*Atendimento do Serviço Social e de psicologia para pacientes em acompanhamento no setor;

*Insumos de prevenção;

*Realização de capacitações, palestras, aulas e orientações sobre os agravos atendidos no setor.

Crédito: Janaí Vieira/Arquivo JO

MANDALA DA PREVENÇÃO

Conhecida como ‘Mandala da Prevenção’ essa estratégia associa diferentes métodos de prevenção ao HIV, as IST’s e as hepatites virais (ao mesmo tempo ou em sequência), conforme as características e o momento de vida de cada paciente. Entre os métodos que podem ser combinados está a testagem rápida, que pode ser realizada gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS); a prevenção da transmissão vertical (quando o vírus é transmitido para o bebê, durante a gravidez); o tratamento das IST’s e das hepatites virais; a imunização para as hepatites A e B; programas de redução de danos para usuários de álcool e outras substâncias; o tratamento de pessoas que já vivem com HIV e as profilaxias pré e pós-exposição.

PR apresenta ações de prevenção e combate ao HIV em encontro dos estados do Sul

Estratégias utilizadas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) voltadas à prevenção e ao diagnóstico precoce do HIV/Aids estão no centro das discussões de um encontro da região Sul sobre o tema. O encontro acontece, em Curitiba, desde segunda-feira (29). Intitulado “Formando Redes”, a série de palestras e atividades seguem até esta quarta-feira (31) com a participação de representantes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Ministério da Saúde, autoridades médicas e referências no campo das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).

Desde 2019, a Sesa tem fortalecido a Profilaxia Pré-Exposição (da PrEP), método de prevenção indicado para pessoas que podem ter maior chance de contato com o vírus do HIV. No último ano, o Estado recebeu do Ministério da Saúde o selo de reconhecimento de eliminação da transmissão vertical do HIV, que ocorre quando a doença é transmitida de mãe para filho no útero ou durante o parto.

Por meio da Sesa, o Governo do Estado também mantém, de forma permanente, campanhas de prevenção e capacitação junto às 22 Regionais de Saúde e municípios, com foco em diagnóstico precoce, prevenção e promoção da saúde.

O evento tem como objetivo principal discutir e promover estratégias de prevenção e fomentar a qualidade de vida de pessoas diagnosticadas. O primeiro caso de HIV no Paraná foi diagnosticado em 1984, seguido pelo primeiro caso em uma mulher em 1986 e, em 1989, o primeiro caso em uma criança. Ao longo desses 40 anos, o Estado tem avançado significativamente no diagnóstico e tratamento da doença

Na avaliação do secretário estadual da Saúde, César Neves, o assunto precisa ser olhado de maneira humanizada. “O Paraná tem sido uma referência na condução de ações de prevenção e na luta contra o preconceito. Temos diversas estratégias sendo conduzidas e a reunião de profissionais da área, com estímulo à troca de conhecimentos, é fundamental para avançar no estabelecimento de uma realidade segura para todos”, destacou.

Apesar da evolução, os cuidados continuam sendo fundamentais. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) apontam que o Paraná registrou 264 novos casos de Aids e 818 novos casos de HIV somente em 2024. Neste período, 246 pessoas morreram por complicações relacionadas às doenças.

“Mesmo com todos os avanços que tivemos no campo do HIV/Aids, ainda é necessário fortalecer parcerias entre a sociedade civil e a ciência, que é algo que tem acontecido no Paraná. São doenças que exigem uma abordagem multissetorial e por isso esses eventos são tão importantes”, afirmou o diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde, Draurio Barreira.

ESTIGMA – Um dos destaques do encontro é o combate aos estigmas que ainda cercam os portadores de HIV/Aids. Mara Franzoloso, chefe da Divisão de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Sesa, enfatizou a necessidade de romper o preconceito. “Para quebrar esse preconceito é fundamental promover a educação e a conscientização sobre a doença, suas formas de transmissão e os avanços no tratamento. Campanhas de sensibilização que envolvam a comunidade e a mídia são fundamentais para ajudar a desmistificar a doença e promover a saúde”, declarou.

Da AEN

CURITIBA

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