Sete anos após Copa de 2014, Brasil e Chile se reencontram em jogo eliminatório
A imagem de Thiago Silva afastado do grupo, sentado em cima de uma bola na beira do gramado, aos prantos, marcou o zagueiro em 2014. Suspenso no jogo seguinte, na semifinal contra a Alemanha, o defensor não teve culpa do massacre dos 7 a 1. Mesmo assim, ficou marcado. Ele só recuperou espaço na seleção meses depois. Nesta sexta-feira ele deve começar no banco de reservas – Marquinhos e Éder Militão serão os titulares.
“Fiquei marcado negativamente por esse episódio. Foi uma tristeza por um grande período. Foi um aprendizado para os seguintes objetivos. Embora tenha sido o episódio da emoção, foi vitorioso para a seleção”, afirmou o zagueiro. “Hoje tenho uma experiência um pouco maior. A gente sabe por quem chorar. Se acontecer, vai ser naturalmente. Mais importante é que continuo na seleção”.
Aquela derrota foi marcante para os chilenos. Ainda no vestiário do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, atletas como Claudio Bravo, Arturo Vidal, Gary Medel, Charles Aránguiz e Alexis Sánchez – a base da equipe atual – fizeram um pacto. Prometeram ganhar a Copa América do ano seguinte em casa. Conseguiram. Foi o primeiro da história da seleção chilena, que venceria também o torneio em 2016.
O que aconteceu sete anos atrás ajuda a entender o confronto do Engenhão. Tite resgatou essas conquistas recentes para mostrar respeito ao rival. “O Chile é bicampeão da Copa América nas duas anteriores às que o Brasil foi campeão, em 2019”, disse o treinador. “É uma seleção cascuda, que tem remanescentes dessas conquistas. É uma seleção que sabe muito bem administrar pressões, com jogadores acostumados a performar em adversidades. Que tem na imposição técnica o seu forte, principalmente no meio”, completou César Sampaio, auxiliar técnico da seleção. Precavido, o Brasil treinou cobranças de pênaltis nesta quinta-feira.
A campanha atual, no entanto, não reflete essas glórias. Na Copa América, os chilenos venceram a Bolívia, empataram com Uruguai e Argentina e perderam para o Paraguai. Por isso, eles conquistaram a quarta e última vaga do Grupo A. Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, estão em sétimo lugar, fora da zona de classificação.
Além de um rival acostumado às decisões, o Brasil terá um rival “doméstico”: o gramado do Engenhão. Motivo de reclamação de Tite ao longo da fase de grupos, o piso virou até motivo de ironia de Neymar nas redes sociais. Tite desistiu de reclamar depois de ser multado pelas críticas. “Vou falar de campo ruim, vou ser multado. Se falar que foi atabalhoado (a organização do torneio), vou ser multado. Não vou falar nada”, declarou o treinador.
A qualidade do gramado é fundamental para o estilo de jogo da seleção, baseado na técnica, nos toques rápidos e na velocidade. Um bom piso aumenta a vantagem em relação às outras equipes. Tite também mostrou preocupação com a condição física dos atletas e o risco de lesões. Os gramados são motivo de preocupação desta edição de 2019, quando os melhores estádios estavam à disposição. “É claro que o gramado pode nos prejudicar um pouco, pela forma que jogamos, com posse de bola e com um ou dois toques, mas vai estar igual para os dois. Vai ser um jogo muito duro, que pode ser decidido nos detalhes”, disse o goleiro Ederson.
A escalação terá novidades. A principal delas deve ser a saída de Roberto Firmino, titular nas quatro primeiras rodadas das Eliminatórias e artilheiro do Brasil na competição, ao lado de Neymar, com três gols. O astro do Liverpool está em má fase. Gabriel e Gabriel Jesus foram testados no ataque. Os dois tiveram uma conversa reservada com o treinador na última quarta-feira. A disputa está aberta.
Além da saída de Roberto Firmino da equipe titular, Renan Lodi deve ser o titular da lateral esquerda. O jogador sofreu um trauma na região da bacia na partida contra o Equador, no último domingo, mas já está recuperado. No meio, Fred ganha a vaga de Douglas Luiz. Depois da ausência diante do Equador, Neymar volta para ser a referência técnica e tática da seleção.
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