Sergio Luiz Herkert: o professor de xadrez em busca de novos desafios
A abertura deve ser semelhante a uma obra literária; o meio-jogo como uma magia e o fim do jogo uma máquina, assim é o xadrez. Um esporte misterioso assim como a vida. Boa posição não ganha uma partida, e sim, boas jogadas. Cada pessoa deve superar o seu adversário. E, o xeque-mate é a busca pela verdade e pela jogada perfeita. O xadrez é capaz de mudar a vida de qualquer ser humano. Esse esporte transformou a vida do professor de xadrez de Toledo, Sergio Luiz Herkert, o qual ensinou muitas crianças, adolescentes e adultos de todas as faixas etárias. Neste mês, Sergio se despediu das aulas de xadrez no município, já que a tão esperada aposentadoria foi assinada. Em Toledo, o professor também se aposentou na rede de ensino estadual. A cidade faz parte de sua vida; agora Matinhos é o seu novo lar e o local em que desenvolverá novos projetos.
De acordo com Sergio, o xadrez é uma modalidade esportiva que proporciona diversas aprendizagens na vida de uma pessoa. “Os movimentos são básicos para compreender o esporte, porque ele possui regra definida e oficial. Uma jogada correta é sensacional e é semelhante a uma obra de arte maravilhosa. O xadrez é um jogo para a mente e as pessoas esquecem de trabalhá-la”.
Sergio afirma que uma partida de xadrez é a mistura da adrenalina com novas amizades e aprendizagem. “Quando agradável, a experiência do xadrez tem continuidade até participar de torneios. Em Toledo, muitos foram promovidos. Nos torneios, as crianças competiam, conversavam, conheciam novas pessoas. O intuito sempre foi despertar a socialização em cada criança. Ganhar sempre foi uma consequência, já que todas ganhavam medalhas e eram sempre valorizadas”.
Sergio menciona que os torneios também trabalhavam a ansiedade, a euforia, a concentração, a estratégias e diversos outros sentimentos. “O xadrez é teoria e prática. É preciso ter concentração, pensar no seu jogo e do seu adversário e, principalmente, estabelecer um foco, ir à luta e conquista-lo. A dificuldade faz parte do xadrez e da vida. Tudo tem um resultado e um ensinamento. Se isso não existir, então é preciso avaliar o foco. Concentração é primordial para qualquer decisão”.
APRENDIZAGEM – Quem conheceu o professor Sergio em anos anteriores e nos dias de hoje, sabe que o xadrez trouxe uma nova perspectiva de vida. “A modalidade me mudou bastante. Me aperfeiçoei em leituras e escritas. Na pós-graduação conheci autores que antes faziam parte dos meus textos e tive eles como meus professores. Eu realizei questionamentos, sanei as minhas dúvidas e fiz diversas anotações”.
Como aposentado, Sergio seguirá atuando com o xadrez. “Esse esporte me direcionou. Hoje, resido em Matinhos e o diálogo está sendo mantido. Conheci o presidente da Confederação Brasileira de Xadrez Escolar (CBXE) e estou com novas oportunidades. Isso é motivo de felicidade. Tenho minha aposentadoria e vou aproveitá-la. Pretendo a conciliar com essa minha nova rotina”.
Sergio ministrou uma oficina para o Colégio Dom Bosco Matinhos. O encontro foi uma Formação Continuada de Professores. Foi um momento de muito aprendizado e integração com os professores. “O escritor e poeta Fernando Pessoa nos ensina que ‘o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis’. Foi esse o sentimento do grupo”.
O COMEÇO – Na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, em Toledo, o professor iniciou o seu trabalho na área de futsal em meados de 1986. Nesta modalidade, ele ficou envolvido por cerca de 17 anos, tanto na parte de iniciação, preparador físico da equipe prata como técnico da adulta.
Após o futsal, Sergio atuou no atletismo, na natação, nas escolas de iniciação de handebol e no futebol. “Eu sempre adorei trabalhar com iniciação”.
O xadrez entra na vida de Sergio como parte da disciplina de Educação Física no Ensino Estadual. “Me aposentei no Estado. Em 2013, iniciei o xadrez no Ginásio Alcides Pan. Também atuei por três anos na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada). Foi um trabalho gostoso, porque naquele ambiente toda a dificuldade era superada. Uma ação gratificante, pois cada ser humano possui a sua particularidade assim como o xadrez”, afirma.
Segundo o professor, o xadrez assim como a vida possui várias definições. “É preciso aprender o básico e, a partir dele, trabalhar com as particularidades e o desejo de melhorar sempre. Por isso, eu não quero parar de praticar o xadrez. Tenho novas ideias e projetos, pois estou focado. Quero aproveitar a minha aposentadoria com qualidade”, finaliza Sergio.
Da Redação
TOLEDO