Ser escritor é a arte de colocar no papel sentimentos
O escritor tem a necessidade de escrever, de contar uma história. É tornar a caneta ou o teclado a parte essencial do seu dia. É tentar colocar em palavras tudo aquilo que se carrega no peito e que está na mente. Ele faz da sua escrita a sua eterna vocação e dos detalhes a sua inspiração. Em síntese, o escritor encontra nas bibliotecas a sua morada. Nesta terça-feira (25) é o Dia Nacional do Escritor, aquela pessoa que faz arte com palavras.
Cléo Busatto é uma artista da palavra. Autora de mais de 40 obras entre ficção, não ficção, infantojuvenis e mídias digitais, que venderam em torno de 415 mil exemplares. Seus livros foram agraciados com prêmios qualificados por instituições especializadas, e dedicadas à literatura infantil e juvenil. Também selecionados para catálogos de feiras internacionais. As obras também foram escolhidas para programas de leitura governamentais.
Cléo revela que ela e as palavras possuem um caso de amor. Essa relação iniciou quando ela tinha três anos e meio de idade, quando ela começou a ler. “Nunca mais me separei das palavras e passei a exercitar a escrita literária na escola. Estava no terceiro ou quarto ano e ganhei um concurso estadual sobre o Dia da Árvore”, recorda a escritora.
Uma mulher das palavras assim se define Cléo. Tanto a palavra falada como a escrita fazem parte do seu universo e de sua vida. Na linha do tempo, a literatura é um passo da trajetória da escritora. “Ler e escrever são processos que acontecem quase simultâneos. Comecei a ler tão cedo, porque seguia os passos da minha mãe, que era professora”.
DESAFIO – Ser escritora é uma dádiva, no entanto, tem seus obstáculos e eles precisam ser superados. Um deles é editar o livro e fazer com que a história chegue até o leitor. Cléo conta que possui mais de 40 obras publicadas por sua e outras editoras. “Me considero uma pessoa de muita sorte. Há uns dez anos, as editoras diminuíram o número de publicações e passaram a ser mais criteriosas. Decidi abrir a minha editora e foi uma excelente decisão”.
A escritora tem 12 livros publicados pela sua editora e eles abordam sobre fatos que ela acredita e sem concessões. “O mercado deseja publicar o que vende; nem sempre escrevo o que é comercializado. Existe o senso comum, entretanto, eu me mantenho fiel a minha escrita”.
A escrita de Cléo é uma narrativa envolvente e com uma boa aceitação. “Tenho uma escrita que toca em pontos comuns a todas as pessoas”. Ela complementa que a base de sua escrita é o valor humano e a complexidade da alma. “A narrativa acaba sendo universal, porque trata da alma humana com sentimentos, desejos e valores. Acredito que é isso que faz a diferença na minha literatura”.
A partir da escrita de Cléo, o leitor possui experiências únicas por meio dos personagens. “Uma vivência estética que proporciono ao leitor por meio da minha narrativa. Quando se fala em tristeza, dor, alegria, em coragem; estamos falando de sentimentos”, menciona.
TEMAS – Cléo procura escrever sobre o ser humano e os seus conflitos pessoais. “Abordo muito o espaço íntimo do personagem, como um conflito interno, um sentimento ou uma característica que ele precisa vencer e romper essa barreira. As minhas temáticas sempre possuem o sujeito e a alma humana muito presente, seja na literatura infantil, juvenil ou adulta”.
A escritora também busca construir cenas memoráveis. “Construo muitas imagens. O meu estilo literário apresenta ao leitor cenas e isso vem da minha experiência do teatro. São cenas que as pessoas conseguem acompanhar como se estivessem vivendo um sonho. O texto do contador de história deve provocar e criar imagem ao leitor. Deve ter característica que oferece ao leitor imagem memoráveis”, enfatiza.
Ao longo de sua carreira, a principal conquista é o espaço para a mulher escritora, principalmente, a jovem. Cléo explica que antigamente existiam poucas escritoras e agora muitas mulheres estão neste cenário. “Infelizmente, nós – escritores – não podemos comemorar a disseminação do livro, pois estão diminuindo o número de leitores e isso é triste. A possibilidade de mais mulheres escreverem e abrirem espaços oficiais é excelente. O meu desejo é que as pessoas leiam mais; leia mais literatura. Esse é o grande presente de escritores e escritoras”, finaliza.
Da Redação
TOLEDO
Toledo democratiza o acesso e a formação à cultura
Em Toledo, a Secretaria de Cultura possui como política pública a formação cultural da população, a valorização do leitor e do escritor, despertar o encantamento das crianças e democratizar o acesso à Cultura.
Conforme a secretária Rosselane Giordani, o Poder Público investe em melhorias nos espaços físicos, como nas bibliotecas, no CEU das Artes e na Estação da Leitura. Ela recorda que desde o ano de 2021, a Secretaria tem ampliado suas ações. Uma das atividades é o projeto Conta Cultura. Ele surgiu durante a pandemia, com apresentações online e desde o segundo semestre de 2021 começou a oferecer contações presenciais.
Rosselane comenta que essa ação incentiva a leitura, que visa à formação de novos leitores. O projeto acontece nos espaços públicos, nas escolas municipais e nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis).
Outra ação destacada pela secretária é o projeto ‘Literaturas e leituras: caminhos e perspectivas para a formação leitora’. “Ele tem como objetivo levar o texto literário à comunidade em Toledo e promover o acesso e fomento às ações que objetivam a formação leitora dos mais diversos públicos atendidos, docentes e discentes do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Cascavel”.
A secretária acrescenta que as ações estruturadas também chegam até os docentes. “Os professores participam de formações na área da literatura. O nosso desejo é que a literatura se desdobre em ações desenvolvidas nas escolas”.
MAIS AÇÕES – Outra atividade é o podcast. Ele divulga a literatura e os fragmentos de livros, também incentiva que novos leitores procurem esse acervo na Biblioteca. Segundo Rosselane, a Secretaria da Cultura também é responsável pela organização de dois concursos literários da cidade: 32º Concurso de Contos Paulo Leminski e 9º Concurso de Crônicas e Poesias Edy Braun.
A secretária explica que os concursos literários são maneiras de investir na produção e na escrita literária. “É uma maneira de valorizar os escritores locais, como quem produz literatura na cidade. A partir destes concursos são organizadas coletâneas, que são compostos por crônicas e poemas premiados”.
Essas ações se somam a Festa Literária de Toledo (Flit). Ela foi criada no ano passado como um momento de celebração do encontro com os escritores locais, de intercâmbio entre escritores nacionais e estaduais. “Nós trouxemos escritores renomados para trocar experiências sobre a escrita e fomentar o interesse dos locais. A Festa Literária oferta oficina de escrita criativa, contação de história, encontro com escritores para fomentar a produção literária na cidade”. Neste ano, o evento acontece de 6 a 12 de outubro na Biblioteca Pública Municipal, no Centro Cultural Oscar Silva.
Da Redação
TOLEDO
Biblioteca Pública Municipal será inaugurada em agosto
A Biblioteca Pública Municipal, no Centro Cultural Oscar Silva, deve retomar suas atividades no mês de agosto. O prédio – que foi construído na década de 70 – teve a última reforma em 2002. O local também será a sede administrativa da Secretaria da Cultura.
O espaço ganhou mobiliário novo e planejados. São móveis para o espaço kids, que vai contar com puffs, estantes em formatos diferenciados, entre outros detalhes para tornar a biblioteca um espaço de encantamento.
O Centro Cultural, além do salão para o acervo e espaço kids, onde será desenvolvida a contação de histórias para as crianças, terá também sala de restauração, local para reserva técnica e espaços individualizados para estudos.
De acordo com a secretária da Cultura, Rosselane Giordani, também foram revistas toda a parte elétrica e hidráulica, revestimentos internos e externos e acessibilidade. “No planejamento da reforma foi previsto o novo espaço para o gabinete da Secretaria da Cultura. A estrutura administrativa da pasta estará instalada no Centro Cultural Oscar Silva”.
A secretária de Cultura pontua que a Biblioteca é um espaço dedicado a celebração da arte, da cultura e da literatura. “Nós proporcionamos um espaço de encontro com os leitores. A Biblioteca é um espaço para conhecimento e para promover o sentimento de pertencimento. Ela tem um papel essencial na formação do cidadão e na valorização da cultura. Entendemos que podemos democratizar as obras literárias e de seus conhecimentos por meio de projetos que estão intercalados na rede que compreende o livro, a literatura e as bibliotecas como elementos centrais da Cultura”.
ORGANIZAÇÃO – A inauguração está prevista para acontecer na primeira semana de agosto. Nos últimos dias, foram instaladas as cortinas, a organização técnica está sendo concluída e os últimos móveis recebidos. “Adquirimos estantes, mobiliário planejado e adquirimos novos equipamentos”.
Os acervos estão divididos nos dois pisos. O primeiro está a disposição a literatura e no segundo piso a literatura técnica. São investimentos que proporcionaram a modernização e a revitalização do local”.
OBRAS – Durante a reforma e a revitalização do espaço, as atividades tiveram continuidade em outros espaços. As obras mais emprestadas são divididas em quatro tipos: literatura estrangeira, literatura infantojuvenil, livros de vestibular e livros de autoajuda. A diretora do Departamento de Cultura, Priscila Kassandra Turetta, as pessoas continuam nos procurando e elas estão ansiosas pela reabertura da biblioteca central. “Neste período, percebemos um aumento expressivo no número de leitores da biblioteca Estação da Leitura”.
Priscila explica que a equipe tem buscado manter atualizado o acervo de livros e oferecendo obras para todos os gostos e leitores. “Nós temos sempre uma lista com as sugestões dos leitores e buscamos adquirir esses livros nas próximas compras”.
A diretora complementa que outro ponto importante é que mesmo que a biblioteca não tenha o livro procurado pelo leitor, a equipe vai procurar indicar algo semelhante. “Tentamos fazer com que o leitor sempre saia da biblioteca com um livro emprestado”, finaliza.
Da Redação
TOLEDO
O JORNAL DO OESTE conversou com escritoras e escritores sobre os desafios dessa arte e como acontece o processo criativa da escrita. Confira as opiniões.
“Para ser uma escritora é preciso ter o domínio da Língua Portuguesa. O escritor é um sujeito que perpétua a língua e valoriza a língua pátria para contar histórias. É a pessoa que realiza análises do mundo e da sociedade. É preciso considerar a compreensão e o entendimento da língua. Para ser um bom escritor é preciso ter o que dizer; ter capacidade de análise, crítica, saber contar histórias e selecionar aspectos importantes. Dizer o que pensa e o que acha por meio de textos científico, teórico, jornalístico, romance ou poesia. O nosso maior desafio é ser lido e saber a quem dirigir o texto. Não se escreve por qualquer razão, mas toda a escrita tem propósito. É possível apresentar para a sociedade lições e fazer críticas comportamentais, pois as mudanças são aceleradas e bruscas. O desafio é dominar a tecnologia e suas limitações. Há muito para dizer e existe o espaço, mas não sabemos como fazer para sermos lidos, pois não podemos ‘cair’ no moralismo barato. Nós temos que compreender a direção do que se escreve para o que se escreve. Dizer sobre o mundo e para onde vai o mundo. Ser lido e saber para onde conduzir a escrita. Escrevo como penso e como as pessoas falam. Escrevo textos científicos e teóricos”, Edy Braun, artista plástica e poeta.
Foto: bruno_escritor
Crédito: Arquivo Pessoal
“Escrever sempre fez parte do meu cotidiano. Desde pequeno tive incentivo dos meus pais que compravam gibis estimulando o hábito da leitura e com ela a facilidade em escrever. Para escrever é necessário ler e muito. Participei de muitos concursos literários e ganhei alguns, o que me motivou a continuar em frente. Em 2004, quando minha vida deu uma guinada, resolvi publicar meu primeiro livro, com o título motivacional “O Poder da Auto-sugestão” publicado pela Editora AGE de Porto Alegre e de lá para cá não mais parei. A grande dificuldade está em alguma editora acreditar e valorizar seu trabalho, além do baixo hábito de leitura por parte das pessoas. Mesmo assim, continuo firme e forte trabalhando em prol da cultura com mais de uma dezena de livros publicados. Me sinto feliz e realizado com isso”, Bruno Marcos Radunz, escritor e administrador de empresas.
“Eu gosto de escrever e tenho facilidade para a escrita. Hoje, o principal problema é o tempo. Na pandemia, tinha muito tempo livre para escrever as histórias. Atualmente, as correrias do cotidiano atrapalham, pois sou muito ativo no período noturno. Gosto de escrever e ilustrar a noite. O meu processo criativo é despertado a partir de filmes de fantasia e magia. Conforme as ideias surgem na cabeça, vou imaginado as cenas e passando para o papel. Um exemplo é uma história que o meu irmão gostaria que a nossa mãe contasse a ele e eu fui responsável por ela. Eu comecei a elaborar a história e fui contando para o meu irmão. Naquele momento, eu criei a história e os personagens. Dependendo do que acontece no meu dia, já imagino uma história. Na escola quando estava no terceiro ano, fui visto como um aluno com problema e tomei medicação por anos, até vir a pandemia e entendi que isso não era problema, porque eu precisava me expressar por minhas histórias e ilustrações. Além da falta de tempo, outro desafio é colocar os livros nas livrarias físicas para vender. Em Toledo apenas dois locais são parceiros de vendas”, Cassiel da Rosa, escritor.
“A inspiração para escrever vem da natureza, do comportamento das pessoas ou dos animais e de como eles existem. A inspiração vem do universo do qual eu convivo. As crônicas e os contos são descrições dessa natureza. Eu tenho uma predisposição para escrever para as crianças. Todos os contos são reflexivos e reporta as razões do meu sentimento. Os contos são textos que tratam do comportamento e os personagens são os animais presentes na natureza; quando retrata de uma forma humanizada isso faz com que as crianças repensem a existência e o comportamento”, Cirlei Rossi dos Santos, escritora da Academia de Letras de Toledo.
“Eu sempre tive muita facilidade em escrever textos. A leitura e os livros estiveram presentes na minha família, mesmo fazendo parte de uma família de agricultores, o aprendizado educacional sempre foi considerado prioridade em nossas vidas. As vivências ao longo da minha jornada de vida têm facilitado a minha entrada na escrita, e o desejo de impactar vidas através das palavras também me fizeram acreditar na minha história e não desistir do meu propósito de vida. O mundo da escrita tem seus percalços como em qualquer outra aérea, diria que é muito parecido como qualquer outro ramo de atividades comercial, os adversários ou competidores, até mesmo aqueles que adoçam as palavras, nem sempre são doces em seus comportamentos relacionais, e tem um outro agravante, como não tenho um sobrenome tradicional na cidade, tem a pele negra, estar na escrita afronta o sistema, então é necessário um jogo de cintura, empoderamento para enfrentar as barreiras impostas pelo meio, isso é constante, querem saber quem me ajudou, como eu consegui, e raramente se houve um elogio, é como se estive no lugar onde não pudesse, as pessoas mais próximas também é visível sua incredibilidade e sempre ficam assustada, quando se alcança um novo nível. A escrita chegou na minha vida para transformar a minha história, eu sei que o modo que escrevo é quase uma psicografia, acontece de forma tão leve e traz emoção real para as palavras, não sigo nenhum método específico, quando sinto que é para escrever, escolho um título e escrevo, simples assim, não é necessário nenhum ritual, apenas deixo que meus dedos escorreguem pelo teclado”, Eliana Massola, escritora.