Scholz assume o poder na Alemanha

Quando o Parlamento alemão confirmar hoje o social-democrata Olaf Scholz como novo chanceler, terá fim um dos capítulos mais importantes da história do país no pós-guerra: os 16 anos de governo de Angela Merkel. O caminho para a eleição de Scholz começou há meses, logo após a vitória nas eleições de setembro.

Apesar de liderar a legenda mais votada, o Partido Social-Democrata (SPD), Scholz precisou de paciência e habilidade para costurar um acordo inédito com dois partidos: o Democrático Liberal (FDP), de centro-direita, e os Verdes, de centro-esquerda. Líderes das três legendas anunciaram que os termos do acordo haviam sido alcançados em novembro, mas cada um precisou aprovar a aliança internamente.

O documento final, de 177 páginas, foi firmado e apresentado ontem no museu Futurium, em Berlim. Nele, o novo governo adota como prioridade a contenção da pandemia. No entanto, é possível identificar outros aspectos centrais, como as mudanças climáticas, a modernização da economia e a introdução de políticas sociais mais liberais.

A união dos três partidos foi alcançada com relativa rapidez, segundo analistas. Scholz prometeu fortalecer a democracia ao redor do mundo e criticou a movimentação militar russa na fronteira com a Ucrânia. Com a maioria garantida, a transferência de poder acontecerá hoje de maneira imediata, logo após a votação.

Com Scholz, a centro-esquerda retornará ao poder pela primeira vez desde o governo de Gerhard Schröder, chanceler de 1998 a 2005. Mas Merkel sai apresentando marcas pessoais: primeira mulher a governar a Alemanha, ela deixa o cargo após 5.860 dias, apenas 9 a menos do que seu mentor, Helmut Kohl.

A trajetória de Merkel é marcada por momentos de brilho, como a recepção de migrantes, em 2015, e sua capacidade de administrar crises, mas também pela falta de ambição na luta contra as mudanças climáticas e na modernização da Alemanha. No balanço, pesam a favor dela quatro reeleições.

“Angela Merkel foi uma chanceler de êxito”, elogiou Scholz, que ocupava até então o cargo de vice-chanceler e demonstrou, em muitos momentos, sintonia com ela. “Ela permaneceu fiel a suas ideias durante 16 anos marcados por várias mudanças.”

Apesar da homenagem, o novo chanceler não nega que pretende trilhar seu próprio caminho. “Quero que esses anos signifiquem um novo ponto de partida”, disse. Algumas mudanças devem ser visíveis já na nomeação do novo gabinete de governo. O social-democrata prometeu que os ministérios serão divididos igualmente entre homens e mulheres. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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