São João: festejos movimentam a economia e fortalecem as tradições

O brasileiro é movido pelas festas populares. E o mês de junho traz um colorido e um sabor diferente ao calendário. As Festas Juninas mobilizam a comunidade, reforçam elementos culturais e religiosos e ainda movimentam o comércio que aproveita a época para vender alimentos, vestuário e itens de decoração.

Tradicionalmente e como o próprio nome diz, a Festa Junina acontece no mês de junho, aproveitando o Dia de São João, celebrado na última segunda-feira (24). Mas a comemoração caiu tanto no gosto popular que a festa é estendida para o mês de julho, quando o clima mais frio torna-se propício para se deliciar dos pratos típicos e do calor da fogueira nas confraternizações.

Interessante é que as Festas Juninas têm perfil diferente de comemoração nas regiões do Brasil. O economista Jandir Ferrera de Lima comenta que, enquanto o Carnaval e os grandes festivais são eventos das grandes cidades, o São João é a manifestação cultural do interior do país.

“No Sul, a festa propriamente dita, é organizada e disseminada nas escolas e organizações assistenciais. No Nordeste ela é a fase de grande fluxo de turistas para o interior. Naquela região são até 30 dias de festa de rua, com os elementos e pratos típicos de São João. Na região Sul são festividades fechadas em escolas, clubes e associações assistenciais em dias específicos”.

MOVIMENTAÇÃO – E com muita Festa Junina e Julina ainda para acontecer, quem comemora é o comércio que vê o faturamento subir, principalmente com a venda dos produtos típicos desta festa.

“O São João movimenta o comércio e os serviços. Primeiro pela decoração, que é típica do período e exige adereços específicos. Na vestimenta, os cortes de tecidos com cores fortes; no figurino o chapéu de palha e as pinturas que lembram o interior ancestral fazem com que a demanda por maquiagem, chapéus, adereços, tecidos e alimentos aumente significativamente”.

Na área de alimentos, Lima reforça que a festividade de São João associada ao frio do inverno faz com que o vinho, os derivados de milho, amendoim e carnes sejam muito consumidos. “A presença desses produtos aumenta na gôndola dos supermercados e mostra um consumo típico da cultura brasileira. O São João é uma festa interiorana. Então sua base culinária e musical remetem ao interior rural do passado. Até a musicalidade remonta só regionalismo, movimentando grupos de bailes, forró, música regional gaúcha e caipira, o que movimenta mais ainda os negócios”, complementa o economista.

FATURAMENTO – Segundo levantamento feito pelo Ministério do Turismo, com informações das Secretarias Estaduais e Municipais de Turismo, mais de 21,6 milhões de pessoas devem curtir os tradicionais festejos pelo Brasil. No Nordeste, principal centro das tradições que compõe os festejos juninos, é que concentra o maior número de pessoas e de faturamento. Em Caruaru, no Pernambuco, o “arraiá” promete 72 dias de festa. São esperadas mais de 4 milhões de pessoas durante o período, segundo a prefeitura local, injetando na economia do município cerca de R$ 700 milhões. Em Petrolina, também no estado pernambucano, a expectativa é de que o ciclo junino reúna mais de 800 mil pessoas e injete R$ 300 milhões na economia local.

OPORTUNIDADE – Apesar de junho e julho não terem feriados prolongados, as festas e as decorações temáticas são grandes atrativos para o público. O economista Jandir lembra que associado ao mês dos namorados (junho) o momento também torna-se uma oportunidade para hotéis, bares e restaurantes atraírem um público diferenciado, em especial o de casais ou famílias.

E a festa de São João tem a particularidade de ser a festa das famílias e suas crianças. A festa da comilança e da dança. “Isso já está na cultura brasileira. Tanto que é uma comemoração que congrega todas as classes sociais para viver uma tradição interiorana que se urbanizou”, enfatiza.

No caso de Toledo, ele lembra que a festividade é mais focalizada pelo comércio, escolas e clubes. “A prefeitura não tem a tradição de enfeitar toda a cidade e tematiza-la, como no Natal. Essa seria uma oportunidade para a cidade ficar mais atrativa ao público externo”. Com isso, Jandir acrescenta que é preciso dedicar um olhar diferenciado a essa época do ano e as festividades para atrair mais pessoas para uma festa que já se tornou tão popular e que fortalece o comércio nesse período. “Talvez seja interessante refletir a centralização de algumas atividades de São João e fazer uma grande comemoração no centro da cidade. Essa seria uma forma de revitalizar o centro no horário noturno em diferentes períodos do ano”, conclui o economista.

Com informações do MTur*

*Da Redação

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