Relacionamentos pessoais influenciam diretamente na felicidade

Amigos, atividade física e boa alimentação garantem mais qualidade de vida na velhice e reduzem riscos de demência

Todos já sabem que os bons relacionamentos interpessoais eram importantes para os seres humanos. Agora, um estudo realizado pela Universidade de Harvard, que durou 75 anos para ser finalizado, comprova essa tese. Trocas com familiares, amigos e amores ao longo da vida são o melhor remédio para chegar à longevidade com maior poder de cognição, alegria e felicidade. Portanto, está mais do que comprovado ser fundamental aliar as relações com práticas que auxiliam a saúde, como atividade física, boa alimentação e sono adequado, entre tantas outras práticas. 

A psicóloga do Hospital Marcelino Champagnat, Ana Simões, destaca que separar as coisas sobre as quais temos poder de mudar, daquelas que estão fora do nosso controle e, principalmente, saber diferenciar uma da outra, também ajuda a ter mais qualidade de vida na velhice. 

“Nós não temos controle de tudo, e uma doença inesperada pode surgir mesmo em pessoas que cuidam da saúde corretamente ou naquelas que leram muito ao longo da vida, exercitando o cérebro, pois elas podem sofrer demência senil conforme a idade avança. Portanto, devemos aproveitar cada fase e acumular experiências que nos ajudem a ter mais qualidade de vida na velhice”, orienta a psicóloga. 

Movimentar-se sempre

O médico do esporte do Hospital Marcelino Champagnat, Pedro Murara, explica que a atividade física libera substâncias que têm um papel importante no sistema nervoso central, chamado Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF). Elas são responsáveis pela renovação das células do tecido nervoso central. “Atividade física regular traz diversos benefícios para corpo e mente:  combate os efeitos da diabete, da pressão alta, além de melhorar a circulação no território cervical e craniano, que estão relacionadas à demência”, afirma o médico. “É importante lembrar que os fatores vasculares levam ao esquecimento de memórias recentes, à demência”, complementa Murara. 

O especialista ressalta ainda que, quanto mais cedo for iniciada a prática da atividade física, mais facilidade e prazer a pessoa sente em realizar o exercício. “Conforme envelhecemos, perdemos o alongamento do corpo e fica mais difícil e menos prazeroso realizar uma corrida, musculação ou pilates. Mas não importa a modalidade escolhida ou a idade em que é iniciada. O fundamental é inserir a atividade física na rotina diária, porque ela vai trazer benefícios metabólicos e neurológicos”, frisa o médico. 

Voluntariado para não ficar parado

O aposentado Pedro da Silva, de 66 anos, trabalhou boa parte da vida como ferroviário. Depois que os dois filhos cresceram e pararam de depender financeiramente dele, achou que era a hora de parar de trabalhar, diminuir o ritmo e curtir mais a esposa e a família. 

Em 2006, foi aproveitar as primeiras férias após a aposentadoria. O local escolhido foi a praia, mas acabou tendo uma congestão alimentar, voltou para Curitiba e teve que ser internado no Hospital Universitário Cajuru para realizar uma cirurgia. No dia da alta, viu a faixa que dizia: “Precisamos de voluntários. Junte-se a nós.” 

“Saí por uma porta do hospital e entrei pela outra, onde fui recebido pelo pessoal do voluntariado dos hospitais Cajuru e Marcelino Champagnat. Fiquei muito animado com o que conheci. Fiz o treinamento e comecei a frequentar o local duas vezes por semana. Um dia sou maqueiro, levo as pessoas para o centro cirúrgico e para fazer  exames, e no outro sou contador de histórias. Até ajudar na formação de novos voluntários já ajudei. Eu sinto que sou útil, e isso faz com que eu fique feliz e animado. Não consigo me ver o dia todo em casa deitado no sofá”, desabafa Pedro.

Segundo ele, manter essas relações pessoais e sentir-se útil melhorou muito sua saúde física e mental. “É gratificante saber que posso ajudar e conhecer tanta gente. Sigo motivado e melhorando a cada dia”, finaliza.

Da Central Press 

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