Reduzir metano vira foco para melhora rápida; pecuária é desafio

Alvo de acordo assinado por mais de cem países, o metano ganha novo foco na luta contra a crise climática. É o 2º maior causador do efeito estufa, atrás do gás carbônico. Embora o metano desapareça mais rápido na atmosfera do que o CO2, ele tem potencial de aquecimento cerca de 80 vezes maior. No caso do Brasil, a agropecuária é o setor que mais libera esse tipo de gás.

Segundo o Observatório do Clima, o pacto sobre o metano pode ser uma das principais conquistas da COP-26 e ajuda “a humanidade a ganhar algum tempo para acelerar a transição para uma economia sem combustíveis fósseis”.

Para o membro do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para mudanças climáticas (IPCC) Paulo Artaxo, o corte de 30% é “modesto”, mas um passo inicial para metas mais ambiciosas. Ele defende obrigações para cada país. “Mas tem de esperar o documento final, que vai ser assinado no último dia da COP”, diz.

No Brasil, a agropecuária respondeu por 71,85% das emissões de metano em 2020. Marina Piatto, engenheira agrônoma da ONG Imaflora, diz que reduzir o número de rebanhos pela mudança de hábitos de consumo seria mais difícil. Segundo ela, técnicas de aperfeiçoamento do manejo trazem avanços significativos.

Isso inclui pastagem com gramínea de mais qualidade e suplementação nutricional, por exemplo. O resultado é melhor uso da terra e o alcance do peso ideal mais cedo. Em vez do abate do boi na casa dos três anos e meio ou quatro, pode ser por volta dos dois anos.

Se for cumprida a meta até 2030, o aquecimento da Terra pode ser 0,2ºC menor até a metade do século. Diferentemente do Brasil, outros países têm em setores como o de combustíveis e resíduos uma maior fatia na emissão de metano. No setor petrolífero, grande parte do metano tem origem em vazamentos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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