Recrutamento para estudo sobre Covid-19 começa na próxima semana

Começa no dia 3 de novembro, a coleta de dados para o estudo observacional que será realizado no município em relação ao novo coronavírus (Covid-19). Pesquisadores do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, e desenvolvedores do projeto estiveram, ontem(28), em Toledo para alinhar as diretrizes do estudo. A coleta das informações vai acontecer a partir do paciente que procurar o Pronto Atendimento Municipal (PAM) com sintoma gripal e suspeita de Covid-19 e o médico solicitar um exame de PCR. A participação é voluntária e o paciente deverá responder alguns questionamentos dos pesquisadores.

Os médicos e pesquisadores Regis Goulart Rosa e Maicon Falavigna estiveram em Toledo para esclarecer como será a pesquisa. Regis explica que esse estudo é denominado como colaborativo, pois existe a iniciativa da indústria Pfizer, mas a pesquisa também é realizada com pacientes que foram imunizados com uma, duas ou três doses, assim como quem não tomou.

Ele conta que ainda que a escolha do município de Toledo para a realização do estudo foi por diversos fatores que possibilitariam a condução do estudo com esta magnitude, além do retorno de maneira metodológica mais adequada.

“Tem a questão geográfica da cidade que possibilita o controle maior dos dados; a capacidade operacional do município em realizar o processo de vacinação em massa. Quando estamos estudando um programa de vacinação nós devemos incluir uma cidade com capacidade operacional de fazer esse processo. Há também a questão de qualidade de dados, pois a cidade tem a organização e uma boa coleta de acompanhamento, de diagnóstico ou de casos vacinados. Isso faz com que tenhamos um dado de pesquisa mais confiável”, esclarece o médico.

A possibilidade de parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) também é apontada pelo pesquisador como fator na contribuição com métodos, tecnologia e biotecnologia para a avaliação dos tipos de variantes que vão acometer os participantes da pesquisa.

COLETA – Falavigna menciona que o treinamento das equipes que farão a coleta de dados aconteceu na última quarta-feira (27). Os pacientes com exame de PCR positivo serão acompanhados, por meio de entrevistas telefônicas, durante um ano. Desta maneira, os pesquisadores saberão como a doença evolui. “Queremos saber se o paciente precisou de internamento, se teve complicação ou reinfecção no futuro. O estudo não modifica em nada a atenção recebida pelo Sistema de Saúde ou a vacinação”, enfatiza o pesquisador ao pontuar que independente da vacina e caso o participante esteja com suspeita de Covid-19, ele poderá participar do projeto. “Queremos saber a questão da evolução, se o paciente tomou duas doses, se não fez uma dose, qual vacina, enfim. Apesar do patrocínio da Pfizer e o Município de Toledo ter uma aplicação maior deste tipo de vacina, todas serão avaliadas”, completa.

RECRUTAMENTO – Os responsáveis deste estudo estão estruturando as contratações das equipes, dos materiais e da plataforma de dados. Falavigna enfatiza que a população deve ter o conhecimento que caso alguém busque por atendimento no PAM com sintomas gripais, poderá ser convidado a participar do projeto. “A participação de cada cidadão é importante, ainda mais neste momento sensível que é a pandemia. Com os resultados, os pesquisadores pretendem, em breve, trazer uma melhor resposta ao Município para repercutir na saúde da população local e do Estado”.

O recrutamento dos participantes acontecerá dentro do Pronto Atendimento Municipal (PAM). “Qualquer paciente de Covid-19 que está no Sistema, independente se vacinou ou não e a quantidade doses. Nós queremos avaliar essas diferenças e saber o impacto da primeira e a segunda dose. Queremos saber qual a necessidade da terceira dose e se é preciso revacinar e qual o intervalo”.

CRITÉRIOS PARA O ESTUDO – Para participar do estudo além de apresentar os sintomas gripais e ser suspeito para a Covid-19, o cidadão deverá ter idade maior ou igual a 12 anos e buscar pelo atendimento no Sistema Público de Saúde de Toledo. “Os sinais incluem tosse, falta de ar, febre, dor de garganta, dor no corpo, entre outros”, afirma Regis.

Conforme o pesquisador, o projeto tem características de estudo de mundo real e na prática tem desfechos relevantes aos pacientes e aos familiares. “Com isso, a ocorrência de Covid-19 é sintomática. A inclusão do participante acontecerá somente caso apresente sintomas gripais”, enfatiza.

Ele pondera que o estudo possui três equipes operacionais: a de Toledo que irá realizar a avaliação de ilegibilidade e a inclusão dos participantes; a da UFPR responsável pela identificação da variante e a última é a de Moinhos de Vento, de Porto Alegre, que fará o acompanhamento centralizado da entrevista telefônica.

“A duração do estudo ainda é uma estimativa; ele está projetado para durar 18 meses e incluem alguns estágios que podem aumentar ou reduzir o tempo, a depender da progressão da pandemia”, menciona Regis ao explicar que caso o município de Toledo estivesse em um pico de pandemia, como aconteceu em alguns momentos neste ano, talvez o recrutamento durasse três meses. “Diante do quadro atual, o recrutamento pode durar nove meses ou mais”.

A partir do recrutamento, cada participante será observado durante 12 meses. Isso indica que o estudo será somente finalizado após o último participante incluindo completar os 12 meses de seguimento.

Falavigna ainda destaca que o estudo é de Toledo e desde o início as aprovações dos protocolos aconteceram entre os parceiros. “Existem algumas legislações que abordam toda a questão de dados de pesquisas e tivemos os protocolos aprovados. Nós temos o comprometimento em manter a confidencialidade da informação e do participante. O profissional responsável por coletar o dado de um participante não saberá o resultado do PCR, por exemplo. Além disso, o participante será um código na pesquisa”, esclarece.

COLABORAÇÃO – A secretária da Saúde, Gabriela Almeida Kucharski, lembra que o recrutamento vai acontecer no PAM e a metodologia foi definida por meio de reuniões on-lines. “Hoje [ontem], a equipe visitou o PAM e foi simulado desde o atendimento até o momento em que o paciente é convidado a participar do projeto”.

Gabriela menciona que toda a equipe local está orgulhosa em realizar a recepção do estudo. “É um orgulho saber que Toledo contribuirá na prática com o desenvolvimento da ciência e de maneira segura”. Ela complementa que colaborar com a ciência abre muitas portas. “Na medicina, sempre falamos que quanto mais instigamos um pesquisador, maior é a promoção de novos estudos”.

Atualmente, a cobertura vacinal contra a Covid-19 da população está em 99%. No entanto, a secretária explica que as equipes estão vigilantes com o cenário epidemiológico. “Nós temos oito semanas de decréscimo de casos. Na última semana epidemiológica, tivemos a melhor análise deste ano. Contudo, reforço a importância e a necessidade da população fazer a segunda dose da vacina contra a Covid-19, pois ela é tão importante quanto a primeira”, destaca Gabriela ao reforçar à população manter os cuidados para evitar a proliferação do vírus.

Da Redação

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