‘Receio’ marca volta aos cemitérios no 1º Dia de Finados sem restrições

Neste Dia de Finados, a dona de casa Esmeralda Maria Ribeiro, 59 anos, foi ao cemitério da Vila Alpina, na zona leste de São Paulo, para prestar suas homenagens ao irmão – que morreu de covid-19 no ano passado. “Não deu tempo da vacina chegar no braço dele”, disse ela nesta terça-feira, 2. “Ao menos é reconfortante estar aqui é rezar por ele”, completou. Os 22 cemitérios municipais funcionaram sem restrições pela primeira vez desde o início da pandemia, em março de 2020.

Conforto foi uma das palavras mais repetidas pelas amigas Josefá Benedita, 70 anos, e Maria do Ó Ferreira, 66 anos, que também estavam na Vila Alpina. “Ano passado a gente não saiu de casa. Foi muito triste. Triste porque não conseguimos homenagear os mortos e nos confortar. Triste porque estávamos com medo de sair de casa. Triste porque muita gente perdeu a vida no meio desta pandemia”, falou Josefa.

Aliás, Josefá diz frequentar o cemitério da Vila Alpina há 26 anos (o marido está enterrado lá). Ela imaginou que, desta vez, iria encontrar um cemitério lotado. “Em outros anos, antes da pandemia, o cemitério estaria cheio. Hoje, a situação está diferente. Não diria vazio, mas tem menos gente do que pensei. Acho que, mesmo sem as restrições para sair de casa, muitos ainda estão com medo”, disse.

De fato, por volta das 13h, o movimento no cemitério da Vila Alpina era tranquilo. A expectativa da Prefeitura era que os 22 cemitérios municipais recebessem cerca de 100 mil visitantes.

Na região central, nos cemitérios da Consolação e do Araçá (na Avenida Dr. Arnaldo) a situação era parecida. No Araçá, por exemplo, a fila de carros para as tradicionais barracas de flores não era tão grande como aquelas vistas em anos pré-pandêmicos.

No cemitério da Consolação, dois funcionários mediam a temperatura de quem chegava. Por volta das 11h30, o movimento parecia aquém da expectativa de um primeiro dia de finados com a o avanço da vacinação e, consequentemente, uma pandemia de covid-19, mais controlada.

“Ainda existe o receio. Todo mundo conhece alguém que ainda está sofrendo por covid”, disse o bancário Régis Tonon, 57 anos. Em alguns casos, como a da auxiliar de limpeza, Neide Maria da Silva, 62 anos, as homenagens aos entes queridos foram mais concentradas e solitárias. “Tenho receio ainda. Fiz uma oração rápida, rezei um terço e estou indo embora. Sozinha mesmo, sem mais ninguém “, falou.

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