Racionamento já afeta 16 cidades no interior de SP
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume de chuvas em São Paulo, de setembro a novembro, será entre 10 milímetros e 50 mm abaixo da média, podendo chegar a menos 100 mm em algumas cidades.
Em Franca, o rodízio começou no dia 2 e vai até 17. Na cidade, de 358.539 habitantes, 140 mil ligações de água serão afetadas. Cada região ficará três dias com água e um sem água. Responsável pelo abastecimento da cidade, a Sabesp avisa que a medida foi adotada em virtude da severa estiagem – e em outras 374 cidades paulistas o abastecimento está normal, “ainda que haja diminuição do nível dos mananciais”.
Morador de Franca, o dentista Luciano Barbosa lamenta que o racionamento aconteça na hora em que a água é mais necessária para a higiene pessoal, por causa da pandemia. “A culpa é também da falta de chuva, mas a Sabesp sabe há muito tempo que o abastecimento da cidade está no limite. No entanto, a obra de captação do Rio Sapucaí, que poderia ajudar, está parada”, reclamou. Questionada, a Sabesp informou que a empresa contratada abandonou a obra. Houve nova licitação em 2019 e o serviço deve estar pronto em 2022.
Em São José do Rio Preto, cerca de 100 mil moradores convivem com o racionamento desde abril – o abastecimento é interrompido todo dia entre 13 e 20 horas. Em Bauru, 35% da população abastecida pelo Rio Batalha tem água dia sim, dia não. A prefeitura está investindo na perfuração de poços.
Outras quatro cidades com população acima de 100 mil habitantes estão sob os efeitos da crise hídrica. Em Valinhos o rodízio foi adotado no último dia 27 – dois dias por semana, o serviço é interrompido por 18 horas – e em Itu o rodízio foi ampliado no dia 20 de agosto, por queda no nível dos seis mananciais que abastecem a cidade. As casas recebem água dia sim, dois dias não. Em Catanduva a captação de água está sendo reduzida em 20% para evitar um racionamento mais drástico. O volume foi reduzido, mas não há desabastecimento.
No município de Salto, os moradores têm 36 horas de abastecimento e ficam 12 horas sem água nas torneiras. O baixo nível dos rios causou um desastre ambiental na cidade: na semana passada, as águas do Rio Tietê ficaram escuras e poluídas com a abertura de comportas na barragem de Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo. Com isso, os peixes do Tietê se refugiaram no Ribeirão Guaraú, um afluente. Como o córrego está quase sem água pela estiagem, milhares de animais morreram por falta de oxigênio – foi recolhida mais de uma tonelada de peixes mortos.
Cantareira
O volume útil do Sistema Cantareira, que ainda abastece grande parte da região metropolitana de São Paulo, chegou anteontem a 35,5%. No dia 11 de agosto, o nível era de 39,9%. A Sabesp informou que não há risco de desabastecimento neste momento, mas reforçou a necessidade do uso consciente da água. Segundo a companhia, o sistema integrado operava com 43,3% da capacidade nesta sexta, nível semelhante ao de 2018, quando não houve falta de água.
Outros Estados
No Paraná, 18 cidades convivem com o racionamento. Na região metropolitana de Curitiba, além da capital, o rodízio foi adotado em outras 13 cidades. No interior, há racionamento em Pranchita, Santo Antônio do Sudoeste, Jardim Alegre e Jandaia do Sul.
Em Mato Grosso do Sul, a estatal Sanesul emitiu alertas para o risco de faltar água em 24 cidades. Em cinco delas – Coxim, Corumbá, Caracol, Amambaí e Ladário – já foram adotadas restrições. Em Minas Gerais, estão sob racionamento as cidades de Urucânia (distrito de Bom Jesus dos Cardosos) e Bugre. Em Mato Grosso, a falta d’água levou à redução da captação em Várzea Grande, enquanto em Tangará da Serra o racionamento está em vigor desde o dia 18 de agosto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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