Queiroga: todos os grupos prioritários podem ser vacinados antes de setembro
“O processo de vacinação do Brasil tem ocorrido de forma cada vez mais célere. Se continuar nesse ritmo, até setembro, pode-se atingir a imunização da população prevista no PNI. Nosso objetivo é que isso ocorra antes”, disse Queiroga à imprensa.
O governo federal tem alterado previsões de datas para imunizar grupos prioritários. Em dezembro, o ministério esperava ter imunizado 50 milhões – volume do grupo prioritário à época – em 3 meses após o começo da campanha. Em março, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse que metade da população apta a receber a vacina seria imunizada no primeiro semestre. O restante, até o fim do ano.
Mais de 3 meses após o começo da vacinação no Brasil, 24,8 milhões de pessoas receberam a primeira dose, segundo dados da Saúde. Como mostrou o Estadão, o ministério não atualiza o cronograma de entrega de vacinas desde 19 de março. O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, na terça-feira, 20, que o governo detalhe o cronograma de entrega das vacinas em até cinco dias. Queiroga disse que irá apresentar os dados dentro do prazo.
Queiroga atribuiu as mudanças nos calendários de entrega de vacina e de imunização aos atrasos de fornecedores. O ministro citou que o consórcio Covax Facility “não nos entrega o que foi acordado”. Ainda lembrou atrasos na chegada de insumos para a fabricação das doses no Butantan e na Fiocruz.
O ministro também confirmou que a Saúde negocia mais 100 milhões de doses da vacina da Pfizer, mirando a campanha de imunização de 2022. O governo já fechou a compra do mesmo volume para este ano, após meses negando ofertas da farmacêutica.
Questionado se há previsão de antecipar a entrega de doses, Queiroga pediu aos jornalistas que não busquem apenas “problemas” na campanha de imunização do País — e não respondeu à pergunta. “A gente está aqui para dar solução. Fica com essa coisa de ‘contando doses da vacina’. Vamos vacinar a população brasileira. Estamos aqui trabalhando e vocês são testemunhas disso”, afirmou o ministro.
O governo chegou a apresentar cronogramas inviáveis de entrega de vacinas, somando 20 milhões de doses da Covaxin, desenvolvida na Índia, quando o produto nem sequer tinha certificações exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após diversos recuos, a gestão Queiroga ainda não apresentou uma previsão de entrega das doses até o fim do ano.
Kit intubação
O ministro Queiroga disse que a “fase mais crítica” da escassez de medicamentos usados na intubação de pacientes em UTI e de oxigênio medicinal está perto do fim. Queiroga também declarou que o País vive uma “estabilização (da doença), embora com número ainda elevado de óbitos”. Sem dar detalhes, Queiroga afirmou que há tendência de queda de óbitos e redução hospitalar em algumas regiões do País.
A Saúde também informou que ainda irá receber doações de medicamentos de intubação da indústria, do governo espanhol. A pasta também promete abrir uma compra destes produtos com fornecedores nacionais e internacionais.
Novo tratamento
Queiroga afirmou que o Ministério da Saúde pedirá a incorporação do coquetel REGN-COV2 à rede pública. A decisão final é da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que avalia critérios como custo, efetividade do produto e público-alvo do tratamento.
O ministro não deu prazo para a análise, pois a decisão cabe ao órgão. O prazo para análises deste tipo é de até 180 dias. O produto custa mais de R$ 10 mil nos Estados Unidos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na terça-feira, 20, o uso emergencial deste tratamento, que reúne os anticorpos produzidos em laboratório casirivimabe e imdevimabe (cujos nomes originais são, respectivamente, casirivimab e imdevimab). O coquetel é destinado a casos leves e moderados com resultado positivo em laboratório para o novo coronavírus e “que possuem alto risco de progredir para formas graves da doença”, como idosos de 65 anos ou mais e pessoas do grupo de risco. O uso será restrito a hospitais, com venda proibida no comércio e em farmácias, e é destinado a pacientes que não estão internados e que não necessitam de suplementação de oxigênio de alto fluxo ou ventilação mecânica.
Queiroga disse que ainda há discussões pendentes sobre o tratamento, como qual será o preço ofertado ao Brasil. O ministro afirmou que irá conversar com a fabricante Roche e citou a possibilidade de buscar preços mais baixos por meio de acordos.
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