Projeto da Unioeste pesquisa o impacto das mortes por Covid na cidade
Professores do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo, pesquisam o contexto das mortes ocorridas por Covid-19 no município. Os pesquisadores levantaram os dados junto à Secretaria de Saúde e à Secretaria de Vigilância Sanitária e separados em 13 categorias de vítimas, referentes à etnia, sexo, idade e estado civil.
Os pesquisadores afirmam que o objetivo do projeto é fornecer aos gestores públicos subsídios para implementação de políticas públicas voltadas para a saúde e o bem-estar da população.
Andreia Vicente, antropóloga do projeto, afirma que a divisão dos dados por marcadores sociais da diferença ajuda a explicar como são constituídas as desigualdades e hierarquias em termos da distribuição das mortes pela cidade. “Com a categorização das vítimas, pretendemos avaliar qual o impacto da pandemia no município, afinal, os mortos eram pais, mães, filhos, amigos e trabalhadores que deixaram o convívio social”, explica Vicente.
De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma morte atinge de sete a dez pessoas. Para os pesquisadores, o atual contexto sugere uma atuação conjunta dos cientistas sociais e dos gestores públicos para elaborar ações que minimizem os efeitos das perdas humanitárias que a pandemia causou desde 2020, quando a Covid-19 chegou ao Brasil.
Para a elaboração da pesquisa, ficou acordado que todo o manejo dos dados seria feito respeitando o sigilo de identidade dos mortos, observando-se inicialmente apenas os dados quantitativos. Em um segundo momento, a partir da autorização dos enlutados, serão realizadas entrevistas visando obter dados qualitativos a respeito das experiências de morte e de luto.
VÍTIMAS – Paulo Azevedo, sociólogo do projeto, estudou 447 óbitos ocorridos entre 31 de maio de 2020 e 5 de setembro de 2021. A média de idade das vítimas é de 63,5 anos. A pesquisa aponta que as mortes ficam concentradas na faixa etária entre os 53 e os 75 anos (com 50% dos casos), com a idade mais frequente de óbito sendo de 63 anos. O levantamento do grupo também aponta que a pandemia fez mais vítimas entre os homens (60,9% do total contra 39,4%)
A segunda etapa da pesquisa consistirá em criar produtos para gerar reflexão e o compartilhamento das experiências de luto em grupos focais que serão realizados em parceria com o Departamento de Saúde Mental. Uma outra ação será implementada em parceria com a Secretaria de Cultura e fará parte do projeto Inumeráveis que consiste na leitura de cartas em homenagem aos falecidos. Estas fases estão em execução no momento.