Professores usam várias estratégias para convencer alunos a ligar câmera

Colégios particulares de São Paulo têm estratégias e regras diferentes sobre a abertura das câmeras durante as aulas. Alguns estabeleceram como norma que os alunos participassem das classes, mostrando o rosto. A constatação, após um ano de pandemia, é a de que os professores têm mais chances de saber se os alunos estão aprendendo quando veem suas expressões. Em todos os casos ouvidos pelo Estadão, as escolas encontram dificuldades de obrigar. Cabe ao professor tentar convencer os estudantes – e alguns conseguem.

O Colégio Porto Seguro, na zona oeste, por exemplo, atualizou o regimento escolar este ano para incluir o uso de câmeras e microfones. Os alunos têm o dever de participar das aulas online “e manter a câmera de vídeo e/ou microfone de seu aparelho eletrônico ligado(s) sempre que solicitado pelo professor”, diz o documento.

A professora de Língua Portuguesa Ana Paula Chinelato diz que a participação aumentou e isso se deve ao convencimento pelo afeto. No início da aula, ela pede que os alunos abram as câmeras – à medida que alguns se mostram, outros ficam mais confiantes para fazer o mesmo.

Já as videochamadas de Literatura da professora Ana Paula Nicci, da unidade de Valinhos, no interior paulista, têm até fundo temático. São usadas imagens de castelos para “ambientar” as aulas sobre literatura na Idade Média ou o salão principal de Hogwarts, dos livros de Harry Potter, que os alunos adoram. O fundo de tela empolga os estudantes e os adolescentes acabam ligando as próprias câmeras para projetar as mesmas imagens da professora.

“A gente procura incentivar, falando que é mais agradável dar aula para a cara das pessoas nos quadradinhos do que para ícones”, diz Luciana Fevorini, diretora do Colégio Equipe, na região central. Segundo ela, os alunos sentem o desconforto quando têm de apresentar seminários para os colegas – e acabam se sensibilizando. Este ano, mais câmeras estão abertas, mas ainda há aqueles que ainda relutam e dizem que o equipamento quebrou.

No Colégio Pioneiro, na zona sul, o combinado é que os alunos abram quando têm de fazer apresentações – mesma prática de outras escolas. “O professor escolhe os momentos em que a câmera deve ficar aberta”, diz Ana Claudia Correa, orientadora educacional do Colégio Stance Dual, na região central. “Não faz sentido, por exemplo, na hora de fazer um texto.”

“A regra de etiqueta é respeitar se a pessoa quer abrir a câmera”, diz Juliana Cunha, psicóloga e diretora de projetos especiais da Safernet. Ela lembra a exaustão causada pelo longo tempo em videochamadas – já nomeada como “fadiga do Zoom”. Escolas podem dar prioridade para câmeras abertas no momento em que isso faça sentido para todo o grupo, como situações em que vão compartilhar experiências, trabalhos ou comemorações. E devem, segundo ela, prestar atenção ao que pode estar inibindo os adolescentes de se expor.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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