Professor da rede estadual lança livro que aborda racismo estrutural

Livro de Jester Furtado, voltado ao público infantojuvenil, narra de forma suave as experiências do jovem Joaquim em sua primeira paixão na escola pela colega Ayana, e já um primeiro conflito com as questões raciais, que ocorrem dentro da própria casa.

Falar de amor, afeto e relacionamentos, reforçando a importância de se pautar em sala de aula uma educação antirracista. Esse é o tema do livro “Joaquim, Negra Sim!”, do professor da rede estadual Jester Furtado. Ele estreou na literatura em novembro, mês em que é celebrada a consciência negra no País.

O livro, voltado ao público infantojuvenil, narra de forma suave as experiências do jovem Joaquim em sua primeira paixão na escola pela colega Ayana, e já um primeiro conflito com as questões raciais, que ocorrem dentro da própria casa. Durante uma conversa despretensiosa com um tio, não retinto, pessoa negra de pele clara, Joaquim precisa lidar, mesmo sem entender, com o racismo estrutural que, apesar de invisível, impõe padrões e, entre outras coisas, enfatiza a solidão da mulher negra.

Lançado pela editora Cão, com ilustrações de Hannah Abranches e tiragem inicial de 3 mil exemplares, a publicação não pretende definir uma cor para o amor, mas contribuir para apagar a cor da solidão, já que a história passeia pelo universo de uma alegre família negra na qual música, arte, educação e culinária brasileira desfilam harmonicamente. Além disso, segundo o autor, Joaquim é um personagem gentil, alegre e popular na escola, graças à sua inteligência e ao seu talento com a música, dom que herdou do pai que é músico e luthier.

“Apesar de ter escrito textos de dramaturgia já encenados e de ter colaborado com outros livros, esta é minha primeira publicação”, destaca o autor, que é professor da rede estadual desde 2005 e também roteirista e diretor de teatro.

Segundo o professor/escritor, a inspiração veio do desejo e da necessidade de contribuir com o processo de ensino, no qual se busca identificar e eliminar o racismo estrutural arraigado nas principais instituições sociais, inclusive na familiar. “Uma violência de um racismo que parece sutil por ter sido naturalizado, mas que segue proliferando preconceitos, ódio e exclusão. Nelson Mandela dizia que se podemos aprender a odiar, podemos também aprender a amar. É disso que se trata essa obra: amor, aprendizagem e representatividade”, reflete.

Jester já promoveu sessões de autógrafos em Araucária e Campo Largo, na região de Curitiba. “Recebi muitos elogios e procura por parte de professoras, professores, pais e mães que buscam enriquecer seus filhos com boas leituras”, afirma.

PROFICE – O projeto foi realizado por meio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice), da Secretaria de Estado da Cultura, com incentivo da Copel. No início de 2024, o livro será lançado em Ponta Grossa, Guarapuava e Curitiba.

Da AEN

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