Prêmio Nobel de Literatura 2021 deve privilegiar nome fora do eixo
“Acho que eles querem descobrir um gênio de um lugar que foi marginalizado até agora. Poderíamos chamá-lo de colonialismo positivo”, disse Jonas Thente, crítico literário do diário sueco Dagens Nyheter, à agência France Presse, referindo-se à nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.
Outras apostas indicam o sul-coreano Ko Un, o queniano Ngugi wa Thiong’o e o chinês Can Xue, além de alguns estreantes como o indiano Vikram Seth, o moçambicano lusófono Mia Couto e o oponente chinês Liao Yiwu.
Em uma época que questiona o pós-colonialismo, também são citadas a caribenha-americana Jamaica Kincaid e a francesa da Ilha de Guadalupe Maryse Condé.
O japonês Haruki Murakami, sempre citado e nunca premiado, seguirá os passos do americano Philip Roth, que morreu sem o Prêmio Nobel?
Na Europa, a russa Ludmila Ulitskaya, o húngaro Peter Nadas, o francês Michel Houellebecq e o albanês Ismaël Kadaré voltam a figurar entre os favoritos, assim como as canadenses Anne Carson e Margaret Atwood e as americanas Joyce Carol Oates e Joan Didion.
Como no ano passado, por conta da covid, o vencedor receberá seu prêmio em seu país de residência.
Em uma recente avaliação feita entre os ganhadores ao longo dos anos, percebeu-se que o Nobel de Literatura é notadamente masculino: apenas 13,7% dos eleitos são mulheres.
Mas há outros fatores ainda que têm contribuído para que prêmio seja cercado de controvérsias. Em 2017, o marido de uma afiliada foi acusado e depois condenado a dois anos de prisão por abuso sexual, a participação de sua mulher em esquemas de vazamentos de nomes para casas de apostas foi revelada e diversos membros deixaram seus postos na entidade, que foi reformulada.
Em 2019, o então presidente Anders Olsson deu inúmeras entrevistas dizendo que a Academia sabia do seu histórico díspar em relação a gênero e raça, bem como em estar largamente concentrada em autores europeus – para então no mês seguinte dar o prêmio a dois escritores europeus, um deles, Peter Handke, um autor austríaco igualmente admirado pelos seus escritos cerebrais e odiado por seu apoio ao genocídio na Bósnia na Guerra da Sérvia.
O escritor e dramaturgo foi alvo de críticas por ter discursado no funeral de Milosevic em 2006, depois que o líder sérvio morreu detido em Haia, enquanto enfrentava julgamento por crimes de guerra. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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