Práticas de manejo e idade do bananal afetam emissões de gases de efeito estufa

As práticas de manejo e a idade são fatores que influenciaram as emissões de gases de efeito estufa em solos de plantação de bananas. A descoberta é resultado de um trabalho desenvolvido por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Embrapa Meio Ambiente (SP) e publicado no artigo CO2, CH4 and N2O emissions after fertilizer application in banana plantations located in the Brazilian Atlantic Forest.

O trabalho foi iniciado em 2018 no município de Registro, região de Mata Atlântica no estado de São Paulo, e buscou descobrir se as emissões de gases de efeito estufa sob um sistema de manejo convencional de banana seriam maiores do que aquelas em solos de remanescentes florestais. Os pesquisadores constataram que as plantações apresentam maiores emissões de óxido nitroso e menor capacidade de absorção de metano do que os remanescentes. Eles também comprovaram que a extensão desses efeitos é influenciada pela idade do bananal, pelo aporte de fertilizantes nitrogenados e pela estação.”Essa descoberta, nas condições em que foram conduzidos os estudos, é relatada pela primeira vez”, destaca o responsável pela pesquisa o professor da Unesp, Reginaldo Barboza.

“A atual prática de manejo adotada nas plantações de banana pode resultar em impactos negativos na sustentabilidade ambiental, principalmente na região do Vale do Ribeira, que possui as últimas áreas do bioma Mata Atlântica ainda intactas. Consequentemente, reforçamos que a adoção de práticas conservacionistas é de extrema importância. Esses dados podem auxiliar na elaboração de inventários nacionais de emissões e remoções antropogênicas de gases de efeito estufa em regiões tropicais que poderão fazer parte de relatórios internacionais”, enfatiza.

Vários estudos têm demonstrado que o manejo convencional do solo tem efeito sobre as emissões de gases de efeito estufa para várias culturas economicamente importantes. No entanto, há pouca pesquisa acerca de áreas com plantio convencional de frutíferas tropicais.

“Há falta de medições de gases de efeito estufa de pomares de frutas, o que pode resultar em viés nas estimativas globais de suas emissões se não forem baseadas em medições representativas. As bananas se enquadram nessa situação e, embora muito se saiba sobre sua fisiologia, demandas nutricionais, melhores cultivares e sobre o manejo integrado de pragas e doenças, pouco se sabe sobre os impactos ambientais do cultivo convencional da bananeira”, destaca a pesquisadora da Embrapa Paula Packer.

“Os dados mostraram que plantações jovens podem reduzir fortemente a capacidade de absorção de metano do solo quando comparadas com remanescentes florestais, enquanto a plantação estabelecida recupera, em parte, essa capacidade”, relata Packer.

Os tratamentos que receberam sulfato de amônio e ureia como fonte de adubo, em diferentes fases de plantio, apresentaram mudanças na emissão de dióxido de carbono, metano e nitrogênio do solo, e apresentaram menor potencial de absorção de metano em plantações de banana jovens e estabelecidas do que no remanescente florestal. As emissões de oxido nitroso foram maiores nas bananais jovens e nos estabelecidas do que no remanescente florestal. O estudo também registrou que, durante a estação chuvosa, o solo de bananal jovem adubado com ureia pode emitir mais gases de efeito estufa.

CAMPINAS (SP)

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