PR destaca-se na piscicultura brasileira; Toledo ocupa o 2º lugar entre cidades do Estado
Em 2021, a produção de peixes de cultivo no Paraná cresceu 9,3% e consolida a liderança do estado na piscicultura brasileira, conforme os dados do Anuário 2022 Peixe BR da Piscicultura lançado nesta terça-feira (22). Toledo é o segundo maior produtor de tilápia, entre os municípios do Paraná. Na liderança está a cidade de Nova Aurora.
O Estado produziu 188.000 toneladas no ano passado contra 172.000 toneladas no ano anterior. Conforme o Anuário 2022 Peixe BR, São Paulo aparece na segunda colocação, com produção de 81.640 t, em 2021: +9,4% sobre o ano anterior. Já Rondônia é o 3º maior produtor.
O Paraná tem um modelo de produção definido. As cooperativas têm papel de destaque no desempenho da atividade no estado. Elas investem em infraestrutura de cultivo e de processamento. Outro destaque foi o aumento do portfólio de alimentos porcionados semiprontos ou prontos para consumo.
Conforme o especialista de mercado do Departamento de Economia Rural (Deral), Edmar Gervásio, a expectativa é que o Paraná retome o ritmo de crescimento, consolidando-se ainda mais como o maior produtor de peixes de cultivo do Brasil.
Dados do Anuário apontam que a piscicultura movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano no Paraná. “Devido à escala de produção e à capacidade de processamento, a tilápia é destinada a vários estados. Em 2021, foi intensificado projeto de exportação de tilápia, que deve crescer nos próximos anos”.
No Estado, a região Oeste concentra cerca de 70% da produção, que superou 180 mil toneladas no ano passado. Além do cooperativismo, que investe fortemente na atividade, destaca-se a legislação ambiental, que agiliza e desburocratiza o processo.
Dados preliminares de 2020 do IBGE – da Pecuária Municipal – apontam o município de Nova Aurora como maior produtor na piscicultura. Na sequência aparecem Toledo, Palotina, Assis Chateaubriand e Maripá. Segundo o médico veterinário do Instituto de Desenvolvimento Regional do Paraná (IDR-PR), Gelson Klein, Toledo se destaca devido a assistência oferecida aos produtores, assim como os projetos de custeio e investimentos da atividade. Além dos projetos de licenciamento ambiental. Depois de Maripá, na sexta colocação está Tupãssi e, posteriormente, Cafelândia, Nova Santa Rosa, Marechal Cândido Rondon e Terra Roxa.
COOPERATIVAS – No Anuário 2022 Peixe BR da Piscicultura, o presidente da C.Vale Alfredo Lang explica que “a demanda por tilápia cresceu no mercado interno, aumentou o volume de exportação e os consumidores estão em busca de uma proteína mais saudável”. Ele ainda complementa que em outra ponta estão os custos elevados na produção devido à alta de insumos utilizados na produção de ração. “Constantes aumentos na tarifa de energia elétrica devido à escassez hídrica impactaram diretamente na produção de tilápia. Destaco ainda o aumento nos custos dos suprimentos (embalagem primária e secundária)”.
Lang menciona que mesmo diante deste cenário, a C.Vale aumentou o volume de abate em 19% no ano passado na comparação com 2020. “Além de investimos em melhorias de performance e ampliação da capacidade produtiva com processos de automação e aumento na capacidade de congelamento IQF”.
Pela Copacol, o superintendente Valdemir Paulino dos Santos destaca “uma série de pontos positivos para a piscicultura em 2021, como a popularização da tilápia, tornando-se um produto cada vez mais conhecido pelos consumidores, o melhoramento tecnológico em toda a cadeia produtiva – desde genética, controles sanitários e automação industrial –, a profissionalização e organização do setor, o aumento dos preços das demais proteínas, que contribui para a conquista de mercado e abertura de novos mercados”, disse Santos no Anuário.
No entanto, o superintendente menciona alguns fatores negativos, como o elevado custo de produção, a diminuição de poder de compra do consumidor e o abastecimento de energia, entre outros. “Temos o desafio de aumentar a participação no mercado internacional e é suprir a falta de mão-de-obra, gargalo para projeções de crescimento do negócio. No ano passado, a Copacol cresceu o faturamento na casa dos 15% em comparação a 2020”.
CENÁRIO NACIONAL – Nos oito anos em que a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) coleta dados estatísticos, a atividade já cresceu 45,7%, equivalente à média de 5,6% ao ano no período. Esse percentual é consistente e superior às demais proteínas animais. Mas, o consumo interno (menos de 5kg/hab/ano) ainda é inferior ao de outras carnes.
O Brasil produziu 841.005 toneladas de peixes de cultivo (tilápia, peixes nativos e outras espécies), em 2021. Esse resultado representa crescimento de 4,7% sobre a produção de 2020 (802.930 t).
No ano passado, foram produzidas 534.005 toneladas de tilápia, com crescimento de 9,8% sobre o ano anterior (486.255t). A espécie representou 63,5% da produção de peixes de cultivo como um todo, comprovando sua viabilidade para as condições brasileiras.
Foram produzidos 262.370 t de peixes nativos (31,2% do total), com recuo de 5,85% em relação a 2020. As outras espécies (carpas, trutas e pangasius) foram responsáveis por 5,3% da produção total de 2021, atingindo 44.585 toneladas: +17% sobre o resultado do ano anterior, comprovando o potencial do pangasius para o clima brasileiro.
Segundo o presidente Executivo da Associação Francisco Medeiros, a piscicultura brasileira é uma atividade jovem, que caminha para a profissionalização. “Aos poucos, encontra o seu caminho, de olho na estrutura de produção de outras proteínas, como frangos e suínos, mas desenhando o seu próprio destino”.
Ele complementa que a tilápia está em todo o país, mas preferencialmente nas regiões Sul e Sudeste. “Como toda cadeia produtiva em consolidação, a piscicultura ora avança ora se retrai. Mas segue em frente e já mostrou que representa mais uma proteína animal que coloca o Brasil no mapa da produção mundial”.
Medeiros pontua que a atividade é extremamente profissional, trabalha com boas práticas e utiliza modernas tecnologias em genética, sanidade, nutrição e equipamentos”, ressalta o presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura.
Segundo monitoramento da entidade, a piscicultura envolve mais de 1 milhão de produtores, gera cerca de 1 milhão de empregos diretos e outros 2 milhões indiretos e, em 2021, movimentou R$ 8 bilhões.
Em síntese, Medeiros revela que “não foi um ano fácil para os produtores de peixes de cultivo. A realidade foi muito diversa nos estados. Alguns mercados encontraram formas de manter ou até elevar os níveis de comercialização e outros enfrentaram mais dificuldades. A pandemia foi decisiva para este cenário, assim como foi – e está sendo – para a economia brasileira como um todo”.
Da Redação com informações do Anuário 2022 Peixe BR da Piscicultura