Política de igualdade pode ser uma solução ao produtor de leite, aponta técnico

O Conseleite Paraná projetou uma variação superior a 9% no valor do leite entregue em junho. A alta do preço do leite naquele mês, mesmo em um momento que a oferta já começava a se recuperar, foi um dado positivo que reflete um consumo um pouco mais firme. A variação de julho deve ser divulgada até esta quinta-feira (15).

Estudos mostram que a valorização do preço do leite aliada a um momento de preços dos grãos relativamente estáveis nos últimos meses tem construído um cenário mais favorável em termos de rentabilidade, o qual deve refletir na produção de leite mais estimulada na reta final deste ano.

Além disso, o Governo do Estado tem estabelecido esforços para desestimular a importação de lácteos do Mercosul. Porém, estima-se que as importações de julho seguiram apresentando um expressivo avanço mensal.

As importações trazem um desequilíbrio para a cadeia do leite. “Se existe uma importação é porque alguém percebeu que existe mercado. Grandes empresas importam leite. Mas, acredito que pode ter especulação com relação a uma suposta redução na produção”, explica o médico veterinário do Instituto de Desenvolvimento Regional do Paraná (IDR-PR) Gelson Hein.

Ele complementa que o produtor consegue receber melhor quando diminui a importação. “O valor do leite estabiliza (um pouco) e o mercado consegue remunerar melhor o produtor. No entanto, não significa que o preço está recuperado e um novo registro de queda traz preocupação”.

Hein ainda pontua que são os grandes mercados no Brasil que importam leite. “Eles importam o leite, porque existe uma condição para isso. O mercado externo oferece o produto a um preço competitivo. O leite é um produto altamente vendável e ele é consumido. Exemplo: quando o supermercado tem o conhecimento que o comportamento do leite vai mudar, o preço sobe ou baixa”.

INSTABILIDADE – Ao longo do tempo, a produção do leite enfrenta crises. Algumas são mais rigorosas, outras nem tanto. Fato é que uma instabilidade pode remeter a diversas situações e elas precisam ser averiguadas. Hein exemplifica a produção nacional, a estação do ano (inverno) ou a crise enfrentada no Rio Grande do Sul ainda como reflexo das fortes chuvas registradas neste ano. “Todos que fazem parte da atividade estão em alerta e o Governo – mais uma vez – precisa adotar novas medidas”.

Ele complementa que a atividade leiteira no Sul do Brasil vive um momento de estabilidade, apesar do o custo de produção alto. “Acredito que mais de 90% dos produtores não realizam o cálculo de custo. Contudo, o mais relevante é que a atividade está se profissionalizando. Propriedades maiores mudam o perfil do produtor e ele se torna mais profissional. Os municípios de Toledo e de Marechal Cândido Rondon mantém um bom número de produtores familiares”.

ESTABELECIDA – Dados mostram que na Regional de Toledo, entre 80% e 85% da cadeia de produção do leite é proveniente de uma agricultura familiar mais pujante e que já está estabelecida. O médico veterinário do IDR-PR Gelson Hein destaca que a atividade é considerada penosa e o produtor – ao longo do tempo – enfrenta desafios. “Ela é uma atividade complexa. Com isso, a sucessão familiar é um grande gargalo para a produção leiteira”.

Hein salienta que cada vez mais produtores devem ingressar em atividades maiores e com tecnificação. “A cadeia do leite precisa de uma política de igualdade entre o grande e o menor produtor. Com uma política mais justa, o produtor menor consegue crescer e, por consequência, o mercado passa a se organizar melhor”.

Da Redação

TOLEDO

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