Plataformas digitais: atendimento psicológico mantém demanda online

Assim como a maioria das áreas profissionais, a psicologia precisou se adequar aos modelos de atuação durante o auge da pandemia de Covid-19. Antes, pouco se falava em psicoterapia através de plataformas digitais. Contudo, o cenário mudou e tais mudanças na forma de atendimento tomem o rumo de condutas permanentes, ou seja, a ‘era online’ é uma realidade.

Conforme a psicóloga, Thamirys Sayami Almeida Amano, o atendimento online já era disponibilizado antes da pandemia, porém ganhou força neste período. Ela destaca que isso ocorreu devido a necessidade do isolamento social e da interrupção das atividades presenciais, com o agravante de que os trabalhos não podiam parar e, cada vez mais, aumentava a demanda por atendimento.

“Entre os pontos que percebo de mudanças durante e pós-pandemia o primeiro lugar envolve o aumento pela busca de serviços de saúde mental, tanto de psicólogos quanto de psiquiatras, provavelmente ao alarmante desenvolvimento de casos de depressão e ansiedade resultantes desse período. Junto ao aumento da busca por profissionais para tratar os quadros dos mais diversos transtornos que foram desenvolvidos na pandemia, houve um aumento por busca de atendimento com cunho preventivo, reconhecendo como uma ação de autocuidado e percebendo a necessidade de trabalhar o seu autoconhecimento e suas questões emocionais, sem mesmo estar passando de fato por uma situação de problema naquele momento”, cita.

A profissional acrescenta que outra mudança foi a adaptação e o alto índice de buscas por atendimento online, que se mantiveram mesmo com a liberação dos atendimentos presenciais. Ela comenta que esses impactos que os atendimentos psicológicos tiveram em relação a pandemia vieram para ficar.

“Acredito que o atendimento online irá se manter como mais uma opção para a realização da psicoterapia, e que a pandemia fez com que a população olhasse para a saúde mental, para questões emocionais dando sua devida importância e buscando cuidar das mesmas. Acredito e espero que esse olhar e que essas ações de autocuidado se mantenham”, declara.

O ONLINE FUNCIONOU – Diante da pandemia, de tantas questões que fugiam do nosso controle voluntário Thamirys reforça que a saúde mental individual e coletiva ficou extremamente exposta. Essa exposição colocou a população em uma posição vulnerável e que se tornava incontestável a urgência em olhar para o âmbito emocional e psicológico e oferecer os devidos cuidados.

“As pessoas que já realizavam psicoterapia encontraram a possibilidade de manter o cuidado com a sua saúde mental, que nesse momento, precisaria dar uma atenção ainda maior, de forma remota, não sendo prejudicado seu processo, por conta do isolamento social. Nesse cenário de calamidade pública, os serviços de acolhimento, psicoterapia breve, psicoterapia, atendimentos emergenciais são indispensáveis”, lembra.

Devido a necessidade do isolamento social, se não houvesse a possibilidade do atendimento remoto, os serviços não poderiam ter sido ofertados em um cenário extremamente catastrófico. A psicóloga destaca que o atendimento online possibilitou manter esses cuidados com a população, bem como estabelecer medidas de redução de danos em relação a pandemia.

DEMANDA REMOTA – “Atualmente, minha maior demanda de trabalho é de forma remota, então posso citar aqui, inúmeros benefícios que identifico nessa modalidade; primeiro foi o rompimento das limitações geográficas, ou seja, diferente do atendimento presencial, que a sessão fica condicionada às pessoas que residam na mesma cidade ou região, o atendimento online permite atender pessoas de todas as cidades, estados e países, desta forma, consequentemente, aumentando consideravelmente a rede de clientes”, declara.

Como segundo ponto, Thamirys cita que, enquanto profissional, identifica como vantagem e muitos clientes relatam também, é o tempo de traslado ao consultório que é poupado. “Por fim, pela flexibilidade de horários que o online permite, facilidade de remarcações, por permitir que o cliente realize de onde estiver, podendo estar em casa, no trabalho ou até mesmo no carro, temos uma facilidade manter o atendimento de forma assídua e flexível, contribuindo assim, para que o cliente se mantenha compromissado com o processo psicoterapêutico”.

Comodidade no atendimento online é fator que determina escolha

Há pessoas que se sentem mais confortáveis no consultório clínico, já outras preferem realizar os atendimentos no conforto de suas casas. Os fatores éticos e técnicos do atendimento presencial, devem ser mantidos no atendimento online, por exemplo, o sigilo profissional deve ser rigorosamente mantido em ambos.

“Um ponto importante a se destacar aqui é que para atender online, o profissional de psicologia precisa realizar o cadastro no E-psi, cadastro este vinculado ao Conselho. Ao realizar esse cadastro, o profissional precisa descrever todos os instrumentos que serão utilizados para garantir a qualidade, segurança e sigilo profissional necessários para a realização dos atendimentos”, explica a psicóloga, Thamirys Sayami Almeida Amano.

No cadastro é preciso descrever qual o local que será realizado, plataformas de chamada de vídeo que serão utilizadas, meios de armazenamento de documentos, bem como, materiais como fone de ouvido, isolamentos acústicos, enfim, todos os métodos possíveis que auxiliem a manter o atendimento com qualidade e seguro. Após esse processo, o cadastro passa por uma avaliação e somente depois da aprovação é que o profissional estará apto a realizar atendimento de forma remota. 

VINCULAÇÃO TERAPÊUTICA – “No online entendemos que a qualidade das sessões, o sigilo, e o acolhimento, devem ser assegurados para o cliente da mesma forma que o presencial. Então, o que muda de um para o outro? Existe um termo básico que utilizamos dentro da psicologia que é a vinculação terapêutica. Tal conceito é compreendido como o vínculo de intimidade e confiança que deve ser estabelecido entre paciente e terapeuta. Por se tratar de um vínculo intrínseco, subjetivo que envolve questões emocionais e relacionais de cada um, algumas pessoas relatam ter dificuldade para desenvolver essa relação de forma remota, compreendendo que o contato humano presencial, contribui para que esse laço íntimo se desenvolva de forma natural”, exemplifica ao reforça que independente da modalidade a pessoa que precisar deve romper as barreiras e buscar ajuda de um profissional.

COMODIDADE NO ATENDIMENTO – “Eu já havia feito sessões presenciais antes e posso afirmar que são ótimas. No entanto, vejo muita comodidade em realizar as sessões direto da minha casa, com horário e dia estabelecidos. Por isso, procurei atendimento em uma plataforma on-line com uma profissional. E, caso haja dúvidas sobre o problema ser resolvido, não se preocupe, pois ele será resolvido da mesma forma como se a sessão fosse presencial.  Sinceramente, não vejo nenhuma desvantagem nesta modalidade”, cita uma paciente que prefere não se identificar.

A jovem, há mais de dois anos, faz acompanhamento psicológico via on-line. “Não largo a minha psicóloga de jeito nenhum. Nada como a terapia semanal para mim. Evoluí demais como pessoa e a cada semana vejo o quanto ainda preciso crescer e aprender com as situações do cotidiano. São as sessões que me proporcionam tudo isso. Acredito que o mais importante seja enfatizar a busca de ajuda. Hoje, como estamos sempre conectados, há várias plataformas boas de atendimento psicológico com profissionais excelentes para ajudar”, conclui.

Da Redação

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