PGR aceita juntar entrevista de Bolsonaro ao inquérito sobre interferências na PF
O parecer de quatro páginas foi assinado no último dia 23 e protocolado no STF nesta segunda-feira, 27. No documento, Humberto Jacques ponderou que a entrevista é interessante para que o Ministério Público Federal formule sua opinião sobre o caso, considerando que a investigação mira suposta ‘busca de favorecimento pessoal pelo presidente partir da indicação de cargos de direção na Polícia Federal’. Segundo o vice-PGR, ela será analisada ‘em momento oportuno, conjuntamente com os demais elementos colhidos no curso da investigação’.
O documento diz que na entrevista mencionada por Moro – concedida por Bolsonaro ao jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, e publicada no último dia 8 – o presidente tece declarações sobre sua relação institucional com o ex-ministro.
O parecer reproduz trecho da fala do chefe do Executivo: “Eu sempre dizia na reunião de ministros: ‘Eu não quero ser blindado por nenhum de vocês, entendeu, Sergio Moro? Eu não posso admitir é ser chantageado, entendeu Sergio Moro? Assim era comum acontecer. E esse cara não fez absolutamente nada para que Coaf, para que Receita, não só bisbilhotasse a minha vida, como a de milhares de brasileiros. Que isso nos atrapalha. Você pode investigar o filho do presidente? Pode. A mulher do presidente? Pode. Mas investiga legalmente, com uma acusação formal. O próprio presidente, eu posso ser investigado, sem problema nenhum, mas não dessa forma como eles fazem”.
O ex-ministro ainda pediu que também fosse juntado aos autos o link de uma análise política sobre a entrevista em questão. No entanto, Humberto Jacques afirmou que o juízo de valor emitido por um comentarista político a respeito das declarações de Bolsonaro ‘não possui qualquer relevância probatória, tampouco deve ser utilizado como base para a formação de convicção do órgão persecutor’.
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