Paraná pretende ser referência na produção de carne de qualidade

A única raça bovina de corte idealizada por um centro estadual de pesquiso, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) tem atraído o interesse de pecuaristas do Brasil. O purunã é um bovino composto desenvolvido a partir de cruzamentos das raças charolês, aberdeen angus, caracu e canchim.

A raça está presente em todas as regiões do Brasil, com destaque para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pará, Piauí, Bahia, Maranhão, Rondônia, Acre, Tocantins, Minas Gerais e Mato Grosso.

Em Toledo, o Colégio Agrícola Estadual vai receber exemplares desta raça. Um Termo de Cooperação Técnico será firmado. A primeira visita já foi realizada e a expectativa é que a instituição receba os animais no começo do próximo ano. O Colégio vai receber exemplares de matrizes; elas vão chegar já prenhas. Também receberá sêmen para as matrizes purunã e os animais de leite.

De acordo com o zootecnista do Centro de Transferência de Tecnologia do IDR-PR, polo de Pesquisa e Inovação de Santa Tereza do Oeste, Endrigo Antonio de Carvalho, o Colégio participou, recentemente, de uma reunião com um grupo de representantes do Conselho Consultivo da Mesorregional Oeste, o qual é responsável por auxiliar o Instituto a determinar as demandas da região Oeste. “Os representantes do Colégio ficaram interessados em trabalhar com essa raça”.

NOVOS CONHECIMENTOS – O IDR-PR estreitou os laços com o Colégio para receber exemplares da raça purunã. “Com essa parceria, nós iremos fomentar a raça no Oeste do Paraná. O Colégio apresentará os animais em aulas práticas ou eventos coletivos locais e regionais”, afirma Endrigo ao complementar que o Colégio é considerado referência no ensino e os estudantes terão acesso à tecnologia e a unidade de produção de bovinocultura de corte.

Outra estratégia a ser adotada no Colégio Agrícola será a utilização de sêmen da raça Purunã em vacas produtoras de leite. “Existe essa estratégia em usar o sêmen de gado de corte em vaca de leite. O produtor que trabalha com bovinocultura de leite também terá a opção de gerar animais para a produção de carne e aumentar a renda dentro da propriedade”, explica Endrigo.

Para o diretor de campo do Colégio Agrícola Estadual, unidade de Toledo, Gerson Boff, essa parceria é importante, porque o estudante terá o conhecimento na prática sobre a raça purunã. Ele salienta que cerca de 50% dos alunos do Colégio são filhos de produtores e podem levar esse conhecimento para a propriedade.

“O aluno que ingressar no Colégio no próximo ano vai acompanhar o desenvolvimento diário deste animal. Ele saberá como é realizado o manejo, qual tipo de pasto é o ideal para a alimentação do animal, o cuidado antes e pós parto, entre outras peculiaridades da raça”, afirma Boff.

Ele complementa que o estudante será o maior beneficiário deste projeto. “O aluno terá um conhecimento muito rico de uma carne diferenciada. É uma raça que no futuro será mais procurada pelo produtor e necessitará de pessoas qualificadas para realizar o manejo adequado e os nossos alunos estarão qualificados. Esse fator também colaborará quando o nosso estudante ingressar ao mercado de trabalho”.

O zootecnista do IDR-PR comenta que o Instituto trabalha com várias tecnologias e vai leva-las para dentro do Colégio Agrícola, como para a produção de forragem, qualidade da carne, bem-estar animal, entre outros. “A raça apresenta características importantes em termos de produção, reprodução e qualidade de carne”, menciona Endrigo.

BENEFÍCIOS – O interesse dos pecuaristas por animais purunã tem ampliado desde que a raça foi oficializada. A raça purunã foi, oficialmente, reconhecida pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que também credenciou a ABCP para fazer o controle genealógico, procedimento que atesta a origem dos animais e de seus ascendentes e descendentes.

Endrigo esclarece que o Instituto procurou unir as características produtivas de grande interesse pelos pecuaristas em única raça e, a partir dela, dar sequência na produção de bezerros e novilhas que mantenham as características. “O agronegócio paranaense terá um crescimento diferenciado nesta área. Um importante destaque dessa raça é o seu elevado rendimento da carcaça e a alta qualidade da carne. Na ponta da cadeia produtiva, o consumidor tem acesso a uma carne macia, com excelente marmoreio e presença equilibrada de gordura”. Os especialistas chamam de marmoreio a gordura entremeada na carne, que, no preparo, pode ser notado na forma de suculência, maciez e sabor amanteigado.

Das quatro raças (charolês, aberdeen angus, caracu e canchim), o profissional salienta que foram selecionados os melhores exemplares de cada uma. São mais de três décadas de pesquisas até chegar ao atual resultado. Ele exemplifica que da raça charolês buscou a característica da carcaça; da angus a precocidade e o marmoreiro da carne; da canchim a rusticidade e da caracu a boa habilidade materna e a produção significativa de leite.

“Hoje, ao produzir uma carne de qualidade um dos pontos que deve ser cuidado é o marmoreiro; se o animal é rústico, pois assim ele é capaz de crescer ou de se desenvolver em ambientes, talvez, inadequados para outros animais da linhagem. O purunã também tem a capacidade de ter a carcaça grande e a precocidade boa para deposição de gordura. E, por fim, o purunã tem como característica o fato do animal desmamar o seu filho mais pesado”.

Após o Paraná se tornar Estado Livre de Febre Aftosa, o estado deve seguir uma série de regras. Entre elas, permitir a entrada de bezerro com característica semelhante ao do Paraná. Com isso, o Estado passou a apresentar um déficit de bezerros e a raça purunã, segundo o zootecnista, vai gerar um bezerro com alto índice de desempenho, uma carne de qualidade e com valor agregado.

“O objetivo é que a raça purunã colabore com o Paraná para se tornar um produtor referência em carne de qualidade. Esses objetivos estão escritos e pautados no Programa Pecuária Moderna. O purunã será a ferramenta para que os pecuaristas possam atingir essas metas”, conclui Endrigo.

Da Redação

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