Orquestra sinfônica mais antiga do Paraná, Osuel completa 40 anos

A Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (Osuel) comemora, nesta quinta-feira (14), seu quadragésimo aniversário. Com papel fundamental no enriquecimento e estímulo à cultura clássica para Londrina e região, a Osuel é marca da paisagem musical do município e do Estado.

Em comemoração às quatro décadas de história, a Temporada Ouro Verde 2024, sob a regência do diretor artístico e regente Rossini Parucci, contará com uma temporada de concertos. Ao todo, serão 24, divididos em quatro séries temáticas com nomes de espécies de café, referenciando diretamente a história cafeeira do município, que comemora esse ano seu aniversário de 90 anos de emancipação política. As composições foram escolhidas de acordo com a característica de aroma e sabor de cada uma das quatro espécies escolhidas: Arábica, Bournon, Catuaí e Conilon.

Tudo começou no dia 10 de junho de 1982, com a posse de Marco Antônio Fiori como reitor da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Amante da música, assumiu com objetivos ambiciosos: a formação de uma orquestra sinfônica. Para a tarefa, o reitor contou com a parceria do maestro Othônio Benvenuto, então coordenador do curso superior de Música da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Benvenuto reativou o Coro da UEL devido ao seu currículo extenso de atividades relacionadas à música clássica e começou o projeto.

Othônio iniciou o processo de formação de músicos criando o Conjunto Música, integrado por cantores e instrumentistas, e que atuou como uma base para a formação do que se tornaria posteriormente a Osuel. A primeira apresentação do núcleo germinante da orquestra aconteceu na sede da Casa de Cultura com a presença do repórter fotográfico da UEL Daniel Martinon, que eternizou o primeiro movimento da Osuel.

O concerto inaugural ocorreu em 4 de dezembro de 1984 e contou com a participação dos corais da UEL, que também foram regidos pelo maestro Benvenuto. Um marco para a história cultural londrinense, o concerto com 35 instrumentistas lotou o Cine Teatro Ouro Verde, dando início a uma “época de ouro”. Dois anos depois, a Orquestra da Universidade Estadual de Londrina deu mais um passo e virou Orquestra Sinfônica, já com 65 artistas.

O começo foi um verdadeiro desafio para seus fundadores, que encararam uma realidade de baixo orçamento e falta de músicos, além de encontrar uma “pauta em branco” em uma Londrina dos anos 1980. Mira Benvenuto, filha do maestro e flautista da Orquestra da UEL nos anos 90, destaca que a criação da Osuel foi um marco importante para a cidade. “Londrina não possuía nenhuma tradição na área. Já existia na cidade, no Colégio Mãe de Deus, o Curso Superior de Piano e excelentes pianistas, mas na área de música de câmara”, conta.

A filha do maestro fez parte da orquestra desde sua primeira formação, atuando como 1ª flautista e solista por 10 anos. Ela afirma que, sem dúvidas, a atuação e paixão do pai pela música a inspirou a também se apaixonar pelo ofício desde a infância, passando por diversos projetos musicais sob sua influência. “Desde a infância fui integrante de todos os projetos musicais, iniciados em Londrina, Conjunto Música, Coro Piás, Coro da UEL e, depois, a Osuel”, relata.

Mira deixou a Osuel em 1995 e mudou-se para Tocantins, onde posteriormente fundou o Coral da Universidade de Gurupi (Unirg), e atuou na regência durante 10 anos.

SUCESSÃO – Em sua trajetória, além de Othônio, outros 11 maestros já passaram pela regência da Osuel, totalizando 12 maestros desde o início: Jose Gramani, Cláudia Feres, Norton Morozowicz, Evgueni Ratchev, Wagner Polistchuk, Martin Tuksa, Henrique Vieira, Elena Herrera, Maurizio Colasanti, Alessandro Sangiorgi e o maestro londrinense Rossini Parucci, que desde agosto de 2023 rege a equipe.

Cláudia Feres, terceira na linha de sucessão de maestros da Osuel, atuou como maestrina da orquestra no período entre 1991 a 1994. Com uma formação sólida em composição e regência em instituições como a Unicamp e a Northwestern University, de Chicago, Claudia trouxe consigo uma bagagem de experiência e paixão pela música ao assumir o papel de regente em 1991.

Sua chegada à Osuel marcou não apenas uma nova era para a orquestra, mas também um momento histórico: ela se tornou a primeira mulher a liderar o grupo. Durante seu período a frente da Orquestra, uma das suas principais realizações foi a regularização da temporada de concertos do órgão, que até então não estava sistematizada. Através do trabalho, a maestrina imprimiu uma nova personalidade ao grupo, realizando concertos com programas consistentes e solistas convidados, construindo uma sonoridade coesa e com vários repertórios.

Como resultado desse trabalho, Londrina consolidou seu público fiel a orquestra, que já a acompanhava, e que viu seu interesse se fortalecer com o passar do tempo. “Londrina era uma cidade muito receptiva à música de concerto em geral. Além dos concertos no Teatro, fazíamos concertos ao ar livre, em igreja, no Campus. Construímos um público muito entusiasmado que lotava o Cine Teatro Ouro Verde”, conta.

OUTRAS ATIVIDADES – Desde a década de 90, a Osuel apresenta os “Concertos Didáticos”, um projeto educacional que busca contribuir para a formação cultural dos estudantes da rede de ensino de Londrina e região. Através de atividades como aulas-concertos e visitas monitoradas, os músicos apresentam aos alunos a estrutura e composição de uma orquestra sinfônica, levando a eles o contato direto com os instrumentos e suas importâncias na formação da orquestra. 

Outra atividade desenvolvida pela Osuel são os concertos populares, realizados em locais como o Anfiteatro do Zerão e o Museu histórico de Londrina. A prática, realizada desde o início da história da Orquestra, populariza e democratiza ainda mais o acesso à música clássica.

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