Ômicron faz brasileiro adaptar viagem ao exterior ou preferir ida ao Nordeste
A covid-19 fez Antônio Rodrigues, de 39 anos, e Paola Rodrigues, de 35, adiarem, novamente, a viagem dos sonhos. Passar duas semanas em Portugal e na Espanha estava nos planos do casal desde 2019. Na época, fizeram cotações e pesquisas em sites de hospedagem, mas veio a pandemia.
Agora, se sentiram mais seguros para tocar o projeto Europa. Com passagens aéreas compradas e hotel quase fechados, a dupla foi assombrada justamente por um nome grego: Ômicron. “Acredito na ciência e decidimos adiar a viagem. Tem uma frustração, prejuízos financeiros que estamos contornando, mas a saúde vem primeiro”, conta Antônio, professor de Educação Física e dono de academia.
Os quinze dias de Europa se tornaram quatro dias em Natal (RN). “Escolhemos um lugar onde a vacinação está bastante avançada. A Europa, quem sabe, fica para a primavera”, acrescenta ele.
O advogado Enzo Megozzi, 45 anos, iria para Portugal, mas a variante freou os planos. “Estou vacinado, mas ainda não tomei a 3.ª dose. Não podemos baixar a guarda agora”, diz. “E Portugal começou a fechar muitas coisas nas últimas semanas. Você não faz uma viagem dessa para ficar trancado no hotel.” Megozzi diz que um amigo planejava um mês inteiro em Portugal, mas acabou retornando em 10 dias.
“Ele disse que o código de barra do passaporte da vacina não funcionava em vários lugares. Achou melhor voltar.”
Carro e máscara
Já a família da designer de interiores Valéria Pereira, de 53 anos, manteve o roteiro de 15 dias na Espanha. Ela, marido e dois filhos percorrerão, de carro, Sevilha, Córdoba, Granada e Valência.
Além de economia, a ideia é aumenta a segurança sanitária. “Já tínhamos característica de não viajar de excursão e usar grupos de city tour. Como normalmente vamos em quatro, compensa financeiramente pegar carro no lugar de pacotes separados. Na pandemia, se fazemos a viagem sozinhos, temos menos contato com pessoas”, conta ela. Outras estratégias da família são priorizar passeios a pé nas cidades, para não usar transporte público, além de garantir máscaras e o seguro de saúde internacional.
Destino nacional
Com a variante e o dólar em alta, destinos nacionais têm sido mais buscados. Conforme a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), enquanto viagens internacionais ainda têm retomada lenta (50% na comparação com dois anos atrás), a procura pelo turismo doméstico já está próxima das taxas do pré-pandemia. “Para as festividades de Natal e ano-novo dentro do País, Florianópolis, Recife, Rio, Salvador e São Paulo estão entre os destinos mais procurados”, diz a Abav.
“Agora, tenho muita procura dentro do Brasil”, relata Renata Chulam Spinola, diretora-geral da FXD Agência de Viagens. “Muita procura para o Nordeste, principalmente Maceió e Natal, e hotéis-fazenda no interior de São Paulo. Pelo menos o meu público – classes média e alta – ainda está receoso em viajar para o exterior.”
Lei prevê reembolso em compras de bilhete aéreo feitas até 31
Segundo Marco Antonio de Araújo Jr., especialista em Direito do Consumidor, há chance de reembolso se o cancelamento for pela companhia aérea até 31 de dezembro, data-limite fixada em lei aprovada na pandemia. O governo ainda não disse se vai estender essas regras.
Se há cancelamento pela companhia, ela tem 12 meses para devolver o valor ao consumidor, a partir da data do voo cancelado, com correção do INPC. Caso haja prejuízo material – voo cancelado até 24 horas antes ou já no aeroporto -, a aérea precisa bancar hospedagem e transporte da volta para casa.
Hospedagem tem outra regra. “Não há previsão de devolução de valores e depende da tarifa paga na contratação, se teve remarcação incluída. Depende também da negociação do consumidor com o hotel ou plataforma. Geralmente, em situações como a pandemia, hotéis têm reajustado a reserva para outra data, desde que haja certa antecedência no cancelamento”, diz ele.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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