Obra de Aldir Blanc norteia ‘Auto do Brasil’
“Comecei a pesquisar a obra do Aldir e do João Bosco e eu descobri o disco Tiro de Misericórdia, de 1977. Claramente, tinha uma história ali”, explica Carlito Camargo, vice-presidente da TV Cultura e idealizador do projeto. Ao lado de Marcio Macena, que assina a direção cênica, ele criou o roteiro do espetáculo a partir do disco, que tem início com a canção Gênesis e encerra com a que dá título ao álbum. Seu olhar para a obra revelou a atualidade da obra do compositor.
“Eu debati isso com o Ismael Ivo, que na época estava comigo, e a gente começou a imaginar como seria”, diz Carlito sobre a parceria com o coreógrafo, que morreu em 8 de abril passado por complicações da covid. “O nome Auto veio da cabeça do próprio Ismael, não passou pela minha, e ele falou: ‘é um Auto, a pessoa nasce e morre’. Foi quando começamos a trabalhar juntos e Ismael apresentou a clássica questão: conta a vida dele. E aí foi um trabalho de começar a achar as músicas que montassem uma sequência para contar essa história.”
Encenação
Responsável pela coreografia do Auto, a baiana Tainara Cerqueira coloca sua visão sobre a importância do espetáculo. “Como diz Nina Simone, o objetivo da arte é fazer a gente refletir os tempos”, afirma a bailarina. Para ela, “com certeza, a coreografia, o espetáculo, o conjunto, figurino, música, dança, teatro, televisão, tudo isso, a gente usa dessas ferramentas para trazer uma reflexão ao público”.
Diretora do Auto do Brasil junto com Alberto Pereira Jr. e Joyme Nakayama, Adriana Couto reafirma a força da obra de Aldir Blanc. “Trata-se de um artista que olhou para o Brasil e enxergou a grandeza do povo, a luta do povo, enxergou a ancestralidade negra, a importância da ancestralidade negra para a formação da nossa cultura.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Comentários estão fechados.