“O valor pago pelo litro de leite ao produtor sempre esteve em pauta”

Tamires Zotesso Ruver vive da bovinocultura do leite desde criança. Filha de produtores de leite, ela com o seu esposo Nei Rodrigo deram continuidade na atividade. Como casal, são dez anos que Tamires e Nei realizam a gestão da propriedade, localizada na Linha Floriano, no município de Toledo. Ela revela que está atenta ao atual cenário da atividade e novos investimentos estão suspensos para manter o sistema financeiro equilibrado.

A produtora de leite Tamires lembra que uma das dificuldades da atividade em 2020 está relacionada ao preço pago pelo litro de leite e essa questão é histórica. “O valor repasso ao produtor é baixo. Na realidade, a sensação é que ele nunca aumenta. Toda a vida, as pessoas acompanham essa situação na cadeia do leite”.

Em 2021, ela destaca que os preços pagos nos grãos estiveram atraentes. “Quando soja ou milho aumentam de valores, sobe tudo e o leite? O leite conseguiu baixar. Encerramos o ano de 2020 recebendo em média R$ 2,15 no litro do leite. Nos primeiros meses de 2021, o valor revertido ao produtor é R$ 1,80”.

A produtora ainda pontua que em dezembro do ano passado, o valor pago na saca de milho estava entre R$ 47,00 a R$ 50,00. Atualmente, a média é de R$ 90,00. “A principal alimentação do animal é o milho, porque o grão está presente na ração e na silagem”. Ela chama a atenção que esse valor fixado é para a venda do produto, pois para quem compra o preço é maior. Situação semelhante acontece com a saca da soja. “Com isso, se o produtor não guardar o grão, ele pode comprar por um valor maior ao vendido”.

ESTRATÉGIA – Desta maneira, com o custo do principal ingrediente da ração alto e o litro de leite baixo, a produtora consegue empatar o custo e a despesa na propriedade. Tamires explica que uma reserva foi realizada nos anos anteriores, o que tem auxiliado na propriedade. “São seis meses em que a propriedade ‘gira’ somente para pagar os custos. Em alguns momentos, nós fazemos lotes de novilhas e comercializamos os animais. Esse recurso colabora conosco. Na época boa, fazemos um fundo de reserva para na época ruim nos mantermos”.

A produtora lamenta este cenário e menciona que novos investimentos estão suspensos, desde em melhorias na propriedade como no aumento do rebanho. “Infelizmente, precisamos ‘cortar’ custos. Nós diminuímos o rebanho para minimizar os custos. Não temos o lucro, porém não temos despesas”, salienta Tamires ao citar que a expectativa é que em torno de 75% dos produtores de leite – que produzem em média dez mil litros por leite por mês – já realizaram a venda de um animal em Toledo e região. “Quando o valor pago ao leite amplia, o produtor opta em investir na sua atividade, seja na aquisição de gado, no melhoramento genético ou na ampliação da cadeia. Porém, quando o valor diminui, as contas precisam ser pagas e alternativas são buscadas. Muitos produtores são semelhantes a minha família e trabalham somente com a atividade leiteira. Por isso, optamos por economizar em alguns momentos. Viver do leite é bom, mas é preciso fazer a sua gestão”.

Da Redação

TOLEDO

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