Morango do Norte Pioneiro conquista Indicação Geográfica de Procedência

O morango do Norte Pioneiro é o novo produto paranaense com Indicação Geográfica de Procedência (IG). Na manhã desta terça-feira (4), o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) reconheceu a qualidade particular da fruta. O pedido tinha sido apresentado pela Associação Norte Velho dos Produtores Rurais de Jaboti, Japira, Pinhalão e Tomazina (ANV).

A Indicação Geográfica é conferida a produtos ou serviços característicos do local de origem, seja em razão dos recursos naturais, como solo, vegetação e clima, ou pela capacidade de saber fazer de modo único. Isso atribui conceito, valor intrínseco e identidade própria que o diferencia de similares disponíveis no mercado. Esse processo conta com apoio e supervisão do Sebrae.

“Essa é mais uma das boas notícias que comprovam a força dos agricultores paranaenses. O Norte Pioneiro, que foi muito prejudicado com a grande geada de 1975 e a erradicação quase total do café, renasce com os cafés especiais, também reconhecidos com Indicação Geográfica, e com a produção de frutas, visto que a goiaba de Carlópolis igualmente tem IG”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

As frutas e, particularmente o morango do Norte Pioneiro, são beneficiadas pelo clima e pela experiência dos produtores. Carlos Inácio, que é presidente da ANV, está há mais de 20 anos na atividade, com propriedade em Jaboti. “É preciso diferenciar o produto, porque o mercado é muito competitivo e o consumidor quer garantia de qualidade”, disse.

Segundo ele, a associação foi criada no final de 2018 e, já em agosto de 2020, entrou com o pedido de reconhecimento da qualidade do produto. A comemoração de hoje exigiu mais esforço do que simplesmente o plantio e colheita. Além de os associados participarem de cursos e capacitações, entre outros, sobre boas práticas e manejo integrado de pragas, tiveram de adequar as propriedades às normas de produção integrada de morango.

SUSTENTABILIDADE – Atualmente, a Associação Norte Velho dos Produtores Rurais de Jaboti, Japira, Pinhalão e Tomazina possui 28 associados ativos. Juntos têm cerca de 280 mil plantas, com produção anual de um quilo por planta. “O diferencial é a produção com sustentabilidade e respeito a todas as normas do Estado e do município”, reforçou Inácio. O uso de produtos químicos somente se faz se for estritamente necessário. “O grupo de associados basicamente usa 100% de controle biológico de pragas”, afirmou.

O presidente da ANV afirma que 50% da produção é realizado no sistema de hidroponia na bancada. Segundo ele, a tendência é que todos passem a utilizar esse método no futuro. “Usa menos água, menos mão de obra”, justificou.

Inácio destacou, ainda, que 60% dos associados já estão aptos a utilizar o selo da IG, enquanto outros ainda precisam fazer um ou outro ajuste. “Já atendemos o Norte Pioneiro, agora vamos buscar ampliar o mercado com o selo”, disse. “Além de agregar mais associados.”

VBP – Em 2021, o Valor Bruto de Produção (VBP) do morango alcançou mais de R$ 314,3 milhões no Paraná, participando com 0,17% do valor total de R$ 180,5 bilhões. O principal produtor é São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, com R$ 42,9 milhões, fruto de 4,7 mil toneladas em 100 hectares, seguido de Jaboti, com R$ 34,6 milhões conseguidos com a produção de 3,8 mil toneladas em 80 hectares.

Pinhalão, que também teve seu morango reconhecido com IG, ocupa a quinta posição, com R$ 15,9 milhões e colheita de 1.750 toneladas em 42 hectares. Japira é o 12º colocado, somando R$ 4,3 milhões, com produção de 480 toneladas em 12 hectares, enquanto Tomazina, com R$ 1,8 milhão, que renderam 208 toneladas em 5 hectares, está na 25ª colocação.

OUTROS PRODUTOS PARANAENSES – Além da Indicação Geográfica de Procedência do morango e dos cafés especiais do Norte Pioneiro e da goiaba de Carlópolis, também são diferenciados com IG o queijo de Witmarsum, as uvas finas de Marialva, o mel do Oeste, o mel de Ortigueira, a bala de banana de Antonina e o melado batido e melado escorrido de Capanema. Estão em análise no INPI os vinhos de Bituruna, o barreado do Litoral e a cachaça de Morretes. 

Da AEN

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