Milho safrinha sofre com a falta de chuva; quebra é de 28%
Os dados atualizados da safra na Regional de Toledo apontam um cenário um tanto preocupante. Há um mês, o relatório mensal já indicava uma quebra de 15% na produção do milho segunda safra 2023/24 (safrinha). De acordo com dados da última sexta-feira (3) do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, a redução é de 28%. A área desta cultura foi atualizada para 451 mil hectares e a expectativa é de colher 2.300.000 toneladas.
De acordo com a engenheira agrônoma do Deral, Jean Marie Ferrarini, a produtividade das lavouras poderá piorar até o final da colheita. “A falta de chuva que enfrentamos semanas atrás afetou a cultura do milho safrinha que sofreu com a seca e o calor forte. Com isso, muitas lavouras acabaram adiantando”.
Apesar das chuvas dos últimos dias, ela explica que a safra já está consolidada. Atualmente, as lavouras apresentam 32% da área em condição ruim, 38% em média condição e 30% em boas condições. As lavouras estão no estágio de frutificação. “Nossa maior área não está numa fase boa (32% ruim e 38% médio) e isso preocupa o produtor”, complementa.
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No início da safra, os produtores fizeram os tratos necessários nas lavouras para controlar o aparecimento de algumas doenças no milho. Contudo, finalizados os trabalhos, agora é esperar pela colheita. “A seca adiantou a safra e a colheita do milho safrinha poderá começa já no final de maio”.
O professor de Agrometeorologia da PUC-PR, campos Toledo, Alexandre Muller, explica que o período que mais interferiu nas lavouras de milho foi de 20 de fevereiro a 16 de março, um intervalo praticamente sem precipitações na região. “Foram quase 30 dias sem chover e isso prejudicou bastante as lavouras. Antes do dia 20 de fevereiro houveram alguns episódios de chuva, mas com baixo volume”.
No dia 16 de março a estação registrou cerca de 60 milímetros de chuva. Depois disso, ocorreu uma forte chuva um mês depois, em 15 de abril, com registro de quase 100 milímetros em Toledo. Segundo o professor Muller, no município de Toledo o cenário no campo está um pouco melhor ao comparar com outros municípios como Maripá, Palotina, Nova Santa Rosa, Marechal Cândido Rondon e a região beira lago. “Muitos prejuízos nessas localidades, tem várias áreas com perda de 100% da lavoura do milho, o produtor não vai colher o milho porque não formou espiga. Uma situação muito complicada para o produtor rural dessas regiões”, enfatiza.
TRIGO
Mas as próximas chuvas são necessárias para o produtor que irá iniciar o plantio do trigo. A área destinada ao trigo na Regional de Toledo teve uma redução, passando de 24 mil hectares em 2023 para 13 mil hectares na safra deste ano. “Essa é a área a ser plantada se tivermos umidade. Até agora não tivemos o frio característico desta época do ano e isso poderá afetar a produção. O calor e a falta de chuva podem prejudicar também a cultura do trigo”, comenta Jean Marie Ferrarini.
RELATÓRIO
De acordo com o Boletim Semanal do Deral (18/2024), no estado do Paraná, a segunda safra de milho 2023/24 começa a entrar na fase final de desenvolvimento. Nesta semana já são 5% da área total de 2,4 milhões de hectares em maturação. Enquanto a maioria da área ainda está em frutificação (59%), 24% em floração e 12% em desenvolvimento vegetativo. Já as condições de lavoura continuam piorando, porém de forma mais lenta.
“Esta semana temos 67% da área em condição boa, 22% em condição mediana e 10% em condição ruim. No cenário nacional de abastecimento de milho na safra 2023/24 (somando as três safras) devemos ter um volume de produção inferior a 105 milhões de toneladas”, cita o relatório.
O último relatório da Conab apontou que a produção será de 110,9 milhões de toneladas, entretanto a condição de clima nas maiores regiões produtoras não é favorável para a segunda safra, que sozinha corresponde a quase 80% da produção total. Possivelmente nos próximos relatórios ocorrerá uma revisão para baixo da estimativa de produção nacional do cereal.
Da Redação
TOLEDO