‘Meta é ganhar em Tóquio mais medalhas do que no Rio-2016’, diz diretor do COB
Para que os atletas brasileiros cumpram a partir do dia 23 de julho no Japão o plano do COB montado pelo comitê mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, foram investidos R$ 60 milhões somente na logística envolvendo a viagem e o período de aclimatação. Neste ano, foram destinados ainda R$ 150 milhões às confederações para projetos de treinamento e competições de preparação, R$ 12 milhões para o desenvolvimento das categorias de base e outros R$ 30 milhões especificamente em modalidades com mais chances de pódio. “As medalhas se conquistam nos pequenos detalhes”, aponta Sampaio, campeão olímpico em Barcelona-1992.
O que está faltando nesta reta final de preparação?
Esses últimos dias têm sido de muito trabalho. Nossa preocupação nesse momento é terminar a vacinação de toda a delegação. Cada funcionário está definindo, na sua área, os últimos detalhes. Nos primeiros dias de julho, os atletas já começarão a chegar em Tóquio. Tivemos um último problema com as passagens aéreas. Nós iríamos fazer escala no Canadá, mas o contrato foi rescindido pela empresa aérea. Recebemos a devolução do que já havia sido pago e negociamos um novo contrato para viajar agora com escala na Alemanha. São dificuldades que surgem, mas que estamos conseguindo equacionar.
Qual é a meta de medalhas do COB?
Estamos trabalhando para encerrar os Jogos de Tóquio, quem sabe, com um número de medalhas maior do que conquistamos nos Jogos do Rio. Existe um equilíbrio muito grande em todas as modalidades. Não temos mais Usain Bolt ou Michael Phelps, que estavam muito acima dos seus adversários. As medalhas se conquistam nos pequenos detalhes, por isso estamos nos dedicando muito a esses pequenos detalhes. O período de aclimatação é muito importante, com alimentação, isolamento e proteção.
Em edições anteriores, o COB falava abertamente sobre a quantidade de medalhas que pretendia ganhar. Por que essa mudança de postura?
Nunca vi ninguém que fizesse uma previsão dessa acertar o número exato. Quando você fala isso, não está traçando uma meta, na verdade está fazendo uma aposta. Repito: nossa meta é melhorar o desempenho em relação aos Jogos anteriores. Entendemos que temos condições de ganhar mais medalhas do que conquistamos no Rio.
O COB vê as novas modalidades olímpicas, como skate e surfe, como fundamentais para que esse objetivo seja alcançado. Alguns dos principais nomes do mundo desses esportes são brasileiros.
O brasileiro gosta de surfe e skate e temos grandes atletas, mas estarão em Tóquio os maiores atletas do mundo e tudo vai depender do momento. A gente sabe que o Brasil tem grandes atletas nessas modalidades. Olhamos para eles sempre com muita expectativa, mas ninguém ganha na véspera.
Com o calendário esportivo alterado por causa da pandemia, qual nível de competitividade o torcedor pode esperar nos Jogos de Tóquio?
Altíssimo nível. Mesmo em meio à pandemia, os grandes atletas dos principais países encontraram soluções para os seus treinamentos. Temos acompanhado eventos internacionais de diversas modalidades e os resultados têm sido muito bons. No atletismo, por exemplo, cerca de 30 brasileiros ficaram mais de 40 dias treinando e competindo nos Estados Unidos. Já o vôlei está na Itália, disputando a Liga das Nações com as principais seleções do mundo depois de um período de treinamento em Saquarema. O mesmo vale para o judô, skate, surfe… Uma preocupação que tínhamos era que os atletas chegassem aos Jogos Olímpicos com ritmo de competição, porque uma coisa é treino e outra é campeonato. E, felizmente, a maioria das modalidades já retomou o seu calendário normal de competições internacionais.
A preparação psicológica passou a ser um ponto de atenção do COB devido ao longo período de confinamento que os atletas tiveram de ser submetidos nos últimos meses por causa da pandemia?
O lado emocional poderá fazer – e muito – a diferença nessa Olimpíada. Com a pandemia, as pessoas estão mais irritadas e menos pacientes. O atleta não é exceção. Ele também enfrenta esse tipo de sentimento e nosso trabalho é fazer com que isso não o atrapalhe na hora de competir. Temos psicólogos trabalhando com atletas e treinadores para que eles possam render o máximo em Tóquio. Depois que o atleta treinou tudo o que podia, fez tudo que estava ao seu alcance, o lado emocional pode ser um diferencial na hora da competição. Os Jogos Olímpicos reúnem os maiores atletas do mundo e não permitem erros.
Qual é o custo da missão Tóquio?
Falando especificamente em relação à logística, investimos R$ 60 milhões desde 2013, quando começaram as negociações com representantes do Japão. Agora em 2021, foram destinados R$ 150 milhões às confederações para projetos de treinamento e competições de preparação. Mais R$ 12 milhões este ano foram para o desenvolvimento das categorias de base e outros R$ 30 milhões no programa de preparação olímpica, investidos naqueles atletas que detectamos ter mais chances de conseguir bons resultados. No ano passado, foi um pouco menos: R$ 120 milhões, R$ 10 milhões e R$ 22 milhões, respectivamente. Dentro da nossa organização, os investimentos vão crescendo a cada ano, conforme os Jogos Olímpicos vão se aproximando.
O adiamento da Olimpíada deixou mais cara a viagem da delegação brasileira?
Tivemos um custo extra em relação ao armazenamento do material que a gente já tinha enviado para o Japão no ano passado, como tatames e equipamentos de musculação, que guardamos em um depósito. Outro gasto extra foi com a contratação de médicos infectologistas que nos darão apoio lá no Japão. Também tivemos de comprar materiais de proteção para evitar a disseminação a covid-19, como toucas, avental, luva, máscara, álcool em gel.
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