Masculino luta para evitar ter o basquete do Brasil fora dos Jogos pela 2ª vez

A seleção brasileira masculina de basquete entra em quadra na disputa do Pré-Olímpico para Tóquio-2020 com um enorme peso sobre os ombros. O basquete do Brasil corre o risco de ficar fora dos Jogos Olímpicos tanto no masculino como no feminino pela segunda vez na história. Isso só aconteceu na edição de 1976, em Montreal (Canadá). O primeiro desafio da equipe do técnico Aleksandar Petrovic será diante da Tunísia, nesta terça-feira, às 15 horas (de Brasília), na Spaladium Arena, na Croácia.

Três vezes bronze (Londres-1948, Roma-1960 e Tóquio-1964) no masculino e medalha de prata (Atlanta-1996) e bronze (Sydney-2000) no feminino, o País sempre se fez presente na modalidade ao longo dos anos. Para esta edição, existia ainda chance de se classificar no basquete 3×3, que faz sua estreia no Japão.

O feminino, que participou das últimas sete edições desde Barcelona-1992, ficou fora após um caminho de recuperação pelas mãos do técnico José Neto. O Brasil acumulava resultados negativos até que o treinador com enorme lastro de títulos no masculino assumiu. A inesperada derrota para Porto Rico, no Pré-Olímpico, em fevereiro do ano passado, em Bourges, no entanto, encerrou o sonho de classificação, já que era muito difícil derrotar França e Austrália.

No 3×3, o Brasil não participou do Pré-Olímpico no feminino e, apesar de se destacar no torneio masculino, também não se classificou. A seleção formada por Jefferson Socas, Fabrício Veríssimo, André Ferros e Jonatas Mello caiu nas quartas de final diante da França, no qualificatório disputado em Graz, na Áustria, e ficou fora de Tóquio.

Agora resta uma última oportunidade no 5×5 para evitar que o Brasil repita o ocorrido em Montreal-1976. Naquela oportunidade, o masculino passava por uma reformulação e viu México e Porto Rico se classificarem como os representantes das Américas, que contaram ainda com Estados Unidos (medalha de prata em 1972) e Cuba (bronze também em 1972).

As mulheres também não conseguiriam se classificar para a primeira edição com participação do feminino na história dos Jogos. A vaga das Américas ficou com os Estados Unidos. O Canadá jogou o torneio por ser o anfitrião. O naipe, aliás, se fez presente no período de ausência do masculino, nas edições de Sydney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008.

A missão da equipe de Aleksandar Petrovic não é simples. A seleção brasileira está no Grupo B do Pré-Olímpico, que, além dos tunisianos – rivais da estreia -, conta com a dona da casa, a Croácia. Os dois primeiros avançam e cruzam com os classificados da outra chave, formada por Alemanha, Rússia e México. Os vencedores das semifinais decidem o torneio e apenas o campeão se garante em Tóquio.

O desafio não intimida o armador Marcelinho Huertas, um dos jogadores mais experientes da seleção e que vem de uma excelente temporada pelo Tenerife, da Espanha, aos 38 anos. “A responsabilidade é sempre a mesma. A gente sabe o quanto isso representa. Nós, os jogadores mais veteranos, precisamos ajudar os mais jovens do jeito que for possível, ser exemplo dentro e fora de quadra. Temos de ser protagonistas, mas, ao mesmo tempo, cada um precisa entender o que é necessário ser feito, realizar o que for pedido pelo treinador, para alcançar o nosso principal objetivo, que é esta vaga olímpica”, afirmou ao Estadão.

Para o presidente da Confederação Brasileira de Basketball (CBB), Guy Peixoto Jr., que colocou como prioridade uma medalha olímpica desde o início do trabalho de reestruturação da entidade, quando assumiu em 2017, acredita que “todo o trabalho necessário para o Brasil chegar pronto para todos os torneios classificatórios para Tóquio” foi realizado.

“O esporte, contudo, se resolve em quadra. E nenhuma seleção, seja ela de qual naipe for, pode carregar o peso da outra. Cada um teve e tem sua responsabilidade, compromisso e amor ao defender nossas cores. Tenho plena convicção de que a seleção masculina brigará forte por Tóquio-2020, confiamos em nossos atletas”, afirmou Guy, ao Estadão.

“Do outro lado, porém, temos rivais fortes, um deles na sua própria casa. Todos com seus méritos. Como nós. A vaga virá, mas um insucesso não invalida todo o trabalho feito. Petrovic tem 30 jogos, 24 vitórias e seis derrotas. Toda dedicação dos jogadores, comissão técnica. O trabalho seguirá. Nossa convicção não muda”, acrescentou o presidente.

Guy não considera um fracasso ficar fora de Tóquio. “Outros países já ficaram de fora dos Jogos e voltaram fortes. Ficamos de fora em 1976 e em 1987 fomos campeões do Pan, dentro dos EUA, em cima deles. Nossa seleção feminina venceu o Mundial de 1994, a medalha olímpica em 1996 e 2000. Seguiremos trabalhando. E o basquete brasileiro seguirá forte. E já trabalhando por Paris-2024”.

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