Martine e Kahena se juntam a seleto grupo de bicampeões olímpicos do Brasil
“A gente coloca muita dedicação no que a gente faz. Mas não acho que podemos ser consideradas fenômenos. Tem muito trabalho envolvido”, explicou Martine, que falou mais que a parceira porque Kahena estava ansiosa pelo resultado do namorado, o espanhol Iago Lopez Marra, que terminou em quarto na classe 49er.
Além das jogadoras de vôlei e do maior nome do salto triplo que o Brasil já teve, as duas velejadoras lembraram de suas pessoas especiais nesta competição: Torben Grael, pai de Martine, e Robert Scheidt, que competiu na classe laser. Ambos foram campeões olímpicos duas vezes, mas em edições não consecutivas.
“É uma honra estar perto desses atletas que fizeram história”, comentou Kahena. Martine completou: “Os dois são ídolos para mim, tanto o Robert quanto o Torben. Inclusive aqui em Tóquio o Robert mostrou para a gente que não tem limite de idade para você competir em alto nível.”
Durante a medal race, as brasileiras escolheram um caminho diferente das principais adversárias e a estratégia deu certo. Elas passaram na terceira posição na primeira e na segunda boia, atrás apenas do barco da Argentina e da Noruega. Passaram a terceira boia na mesma posição e depois foi só ultrapassar a linha de chegada para confirmar a medalha de ouro para o Brasil.
“Antes da nossa competição eu dei uma passada lá no píer e percebi que havia uma diferença de corrente. Como sou de Niterói, estou acostumado com isso na Baía de Guanabara. Então conseguimos fazer uma largada mais livre pela direita e deu tudo certo”, revelou Martine.
A disputa tem muitas semelhanças com o que ocorreu na Olimpíada anterior, quando elas também entraram na medal race em desvantagem para outro barco, mas conseguiram fazer uma prova muito boa. No caso dos Jogos do Rio, elas perceberam a direção do vento graça a uma bandeira que fica em cima do Forte São João.
Esta foi a 19º medalha da vela brasileira na história dos Jogos Olímpicos e a única conquistada pela modalidade até o momento em Tóquio. O esporte só deu menos medalhas para o País que o judô, dono de 24 medalhas. Também é o nono pódio da família Grael, que tem em Torben, pai de Martine, o principal expoente. Ele disputou seis edições da Olimpíada e ganhou duas de ouro (Atlanta-1996 e Atenas-2004), uma de prata (Los Angeles-1984) e duas de bronze (Seul-1988 e Sydney-2000).
Já Lars Grael, tio da atleta, competiu em quatro Olimpíadas e tem duas medalhas de bronze no currículo (Seul-1988 e Atlanta-1996). Outro integrante da família é Marco Grael, irmão de Martine e que está competindo em Tóquio na classe 49er, mas acabou na 16ª posição geral e não se classificou para a medal race.
“A cultura náutica é muito forte na nossa família. E meus pais sempre me apoiaram no esporte”, contou Martine. Todo orgulhoso, Torben elogiou o sucesso da dupla. “Para mim, é melhor ver as realizações dos meus filhos do que as minhas. A gente sofre demais quando está fora e não está competindo. Acho que a Martine puxou esse lado da competição e essas duas trabalham muito, você não tem ideia”, disse o chefe da equipe de vela do Brasil.
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