Marieta Severo e Andréa Beltrão reabrem seu Teatro Poeira, no Rio
É o que poderá ser comprovado na exposição Antes e Depois do Espetáculo, a ser inaugurada no dia 18, e que vai ocupar todos os espaços (incluindo camarins, coxias, plateia) do Poeira e da sala menor, Poeirinha. Com a curadoria da diretora Bia Lessa, a mostra não pretende relembrar apenas as 166 peças já encenadas lá. “Queremos homenagear também as mais de 300 mil pessoas que assistiram aos espetáculos, retribuindo o voto de confiança”, completa Andréa.
Para a reabertura, além da mostra, as amigas planejam também retornar ao palco com uma peça tão impactante como a que inaugurou o espaço, Sonata de Outono, instigante drama de Ingmar Bergman. “Queremos provocar”, diverte-se Andréa (veja abaixo). Foi o que aconteceu no Poeira ao longo de sua história – ali foram encenados espetáculos que incentivaram a plateia a questionar seus próprios conceitos. Foi o caso, por exemplo, de As Centenárias, divertido retrato de suas carpideiras; ou de Incêndios, peça do libanês Wajdi Mouawad sobre a dolorida descoberta da verdade.
FORMAÇÃO. “O que nos enche de orgulho é ouvir jovens dizendo que formaram suas ideias a partir dos trabalhos apresentados no Poeira”, conta Marieta, lembrando que, além das encenações, o espaço foi ocupado também por dezenas de oficinas, workshops, seminários e cursos. Este, aliás, era um dos pilares do nascimento do Poeira, fruto do diretor Aderbal Freire-Filho, que esteve junto das atrizes desde a fundação do espaço e está temporariamente afastado para se recuperar de um problema de saúde. “O teatro é o Aderbal”, comenta Andréa. “Ele está em cada escolha feita, em cada comemoração, nos momentos felizes ou difíceis.”
CONCEITO. O título da exposição, aliás, foi criado por Aderbal, que iniciou seu planejamento e criou seu conceito – a mostra deveria abrir em 2020, mas a pandemia adiou a estreia. Agora, com forças recuperadas, a homenagem já começa na fachada do pequeno sobrado, que será ocupada por várias fotos, o que expandirá os limites do espaço, até à rua.
“O teatro é o agente transformador da sociedade. Neste momento em que precisamos celebrar a liberdade e a vida, não caberia fazer apenas dentro do teatro, mas também dialogar com a rua e a própria vida”, analisa Bia Lessa.
Curiosamente, Marieta e Andréa não se veem como empresárias apenas por administrarem um espaço próprio. “Não vemos o Poeira como uma sociedade, mas um local onde conseguimos viabilizar nossos projetos”, explica Marieta, lembrando que ela e Andréia participaram de todas as etapas da construção do teatro. “Eu estava cansada de me apresentar em teatros grandes, com microfone, distante da plateia. Tinha a sensação de que precisava recuperar alguma coisa.”
Assim, a dupla, que não usou leis de incentivo, orientou a construção de um palco flexível, com pé direito alto e próximo do público, além de camarins com isolamento. “Tem piso de borracha, depois que Marieta deixou cair um objeto e percebeu que o som ecoava no palco”, diverte-se Andréa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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