Luiz Fernando Guerra alertou sobre compra de tilápias do Vietnã

A informação da compra de 25 mil quilos de tilápias do Vietnã pegou de surpresa a indústria da pesca e o setor agropecuário brasileiro que tem um alto desempenho no assunto, afinal o Brasil é o quarto maior produtor de tilápias do mundo, sendo o Paraná, líder na produção nacional.

No mês de outubro, o deputado estadual Luiz Fernando Guerra (União) levantou o assunto em plenário, alertando e pedindo que a compra não acontecesse. Guerra é um dos maiores defensores do Agro no Paraná e acompanha a realidade de diversas famílias que vivem do setor. É ele, também, da lei que incluirá peixe na merenda escolar de aproximadamente 1 milhão de alunos da rede estadual de ensino ainda em 2024, com foco em alimentação mais saudável e incentivando a psicultura e economia local.

“O consumo impulsiona o trabalho dos pequenos produtores, assegurando renda para muitas famílias que vivem da piscicultura. Importar a tilápia é um absurdo, pois desprestigia e desvaloriza uma cadeia que cultiva 860 mil toneladas de peixe no país com receita de R$ 9 bilhões somente em 2022”, argumentou o deputado na ocasião.

Após negar por diversas vezes ter firmado acordo para a importação de tilápia do Vietnã, o Governo Federal já recebeu a primeira carga de filés do peixe no mês de dezembro. De acordo com o portal Sou Agro, a informação consta no sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro e o registro da transação, com informações de preço e quantidade do produto que desembarcou em solo brasileiro no findar de 2023 está disponível.

A chegada da carga ao Brasil aconteceu algumas semanas após o Ministério da Pesca e Aquicultura publicar nota oficial negando qualquer acordo de importação do produto do Vietnã. A publicação pode ser consultada no site do Governo Federal.

A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) também se manifestou de forma contrária à importação de tilápia do Vietnã. Em documento encaminhado na última quarta-feira (17) ao ministro da Pesca e Aquicultura, André Carlos Alves de Paula Filho, a entidade paranaense repudiou a compra de 25 mil quilos do peixe do país asiático, realizada em dezembro de 2023, assim como possíveis futuros negócios.

De acordo com a nota divulgada pela FAEP, a importação de tilápia prejudica a piscicultura brasileira e paranaense. Atualmente, a atividade está em franca expansão em território nacional, principalmente quando se trata da produção de tilápia. No caso específico do Paraná, maior produtor do país e responsável por 40% da produção nacional do peixe, a importação do Vietnã pode prejudicar a produção e o mercado local.

“Não podemos deixar acontecer como o que estamos vendo na atividade leiteira, na qual as importações estão achatando as cotações internas do produto, inviabilizando a produção e, principalmente, retirando milhares de produtores da pecuária de leite. Precisamos e vamos lutar para proteger a piscicultura deste cenário”, destacou o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.

De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a piscicultura paranaense atingiu 144,9 mil toneladas no último levantamento, o que equivale a 25,9% da produção nacional, que atingiu 559 mil toneladas. O estado também lidera a produção de tilápias, sendo responsável por 34% do volume total do país, ou seja, o Brasil conseguiria absorver essa demanda tranquilamente. Ainda em 2023, o deputado Luiz Fernando Guerra defendeu a psicultura brasileira e paranaense e afirmou que a produção de tilápias está espalhada por 26 estados, além do Distrito Federal. “Esse volume não é por acaso. São muitas famílias que vivem da psicultura e precisam desse apoio dentro de casa e não de uma rasteira que pode acabar com o trabalho delas. Com mais de 34% do volume total de tilápias do país, o Paraná cultivou, somente no ano passado, 187.800 toneladas da espécie. Com isso, a Região Sul aparece bem na frente no ranking, somando 239.300 toneladas (43,5%). A segunda posição no cultivo nacional de tilápia fica com São Paulo, que produziu 77.300 toneladas em 2022 e teve aumento de 1,5% sobre o volume de 2021. Então não existe a necessidade de trazer de fora o que produzimos e produzimos tão bem, aqui”, finalizou o deputado.        

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