Lucas Koo, 1º classificado do Brasil para Gangwon 2024

Um ano depois que Lucas Koo nasceu, o Brasil se despediu das competições de patinação velocidade em pista curta representado por Felipe Souza. E coube justamente ao jovem de apenas 16 anos recolocar o país no cenário mundial e garantir a participação brasileira na modalidade pela primeira vez em Jogos Olímpicos: na semana passada Lucas teve sua vaga confirmada nos Jogos de Inverno da Juventude (YOG, na sigla em inglês) Gangwon 2024. O patinador nasceu nos Estados Unidos, mas representará o país de coração do pai dele, numa competição justamente na terra dos avós.

“Agora parece coisa do destino, é como se todas as peças estivessem se encaixando:  representar o Brasil enquanto treinava na América e ter a oportunidade de competir no YOG na Coreia, onde tudo começou. Sinto que, de certa forma, estou vivendo os sonhos de meus ancestrais que trabalharam tanto para dar uma vida melhor para seus filhos. Levo essa honraria com muita gratidão”, comentou Lucas, que teve importante incentivo de Larissa Paes, patinadora brasileira em pista longa, depois de uma competição em Salt Lake, para defender o Brasil. Depois, a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) auxiliou com a filiação na União Internacional de Patinação (ISU, na sigla em inglês).

“Eu tenho um histórico único: meu pai é brasileiro-coreano e minha mãe é coreana-americana. Ambas as famílias deixaram a Coreia nos anos 60 e 70 para o Brasil e a América para melhorar a vida de suas famílias. Passar um tempo no Brasil e na Coreia tem sido um dos meus momentos favoritos ao longo dos últimos anos porque tenho muitos primos e parentes em ambos os lugares”, disse o jovem que tem a Praia de Camburi, em São Sebastião, como um dos lugares favoritos e também é fã de pão de queijo e pastel de feira.

CLASSIFICAÇÃO – O atleta brasileiro estreou no circuito internacional nesta temporada após atingir as marcas necessárias no torneio classificatório dos Estados Unidos, em setembro de 2022. Depois, ele disputou uma etapa da Copa do Mundo e o Four Continents, ambos em Salt Lake City. Neste último torneio, foi o 16º nos 1500m.

No Mundial Júnior da modalidade, realizado em Dresden, na Alemanha, conseguiu 86 pontos no ranking especial criado pela ISU para determinar os classificados aos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024. Ele foi 25º nos 1000m e 26º nos 1500m, provas em que avançou até a repescagem semifinal. Nos 500m, sofreu uma punição logo nas preliminares e ficou em 68º. Ele precisava ficar entre os 34 melhores do ranking para conseguir a vaga e acabou na 22ª colocação, um feito que ele esperou até o último minuto para comemorar.

“Embora meu treinador e outras pessoas tenham tentado me dizer que eu tinha me qualificado para o YOG não quis acreditar até receber o aviso oficial. Foi difícil esperar uma semana inteira para descobrir! Foi quando meu pai me mandou uma mensagem quando eu estava na escola dizendo que o Brasil tinha ganhado a vaga e era o 22º entre 108 skatistas masculinos de 37 países de todo o mundo! Esta foi a melhor posição entre os países de menos tradição no esporte. Eu simplesmente não conseguia acreditar e não conseguia expressar como me sentia para os meus amigos que não sabiam o que estava acontecendo”, contou.

OBJETIVOS – Futuras estrelas da modalidade saem dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude. Shaoang Liu, da Hungria, e Hwang Dae-heon, da República da Coreia, duelaram nos Jogos da Juventude em Lillehammer 2016 e depois nos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022. A coreana Seo Whi-min, por sua vez, foi campeã em Lausanne 2020 e medalhista em Beijing 2022. Atualmente único representante do Brasil na patinação de velocidade em pista curta, o primeiro em mais de 15 anos, Lucas quer despertar a paixão dos brasileiros pela modalidade.

“Eu não sabia que já fazia tanto tempo (que o Brasil não competia na modalidade). Espero que, ao participar do YOG, eu consiga trazer a emoção da patinação de velocidade em pista curta para o Brasil, para que haja mais skatistas para representar o país no futuro. Representar o Brasil é único porque somos considerados um dos países “sem neve” no cenário mundial e temos sido pouco representados. Isso me faz querer trabalhar ainda mais e mostrar ao mundo que o Brasil pode ser de classe mundial também no gelo e na patinação de velocidade em pista curta”, afirmou o atleta que conheceu a modalidade aos quatro anos, quando viu com a família um anúncio de aulas de patinação no gelo.

Todos acharam que seria uma experiência divertida, mas não imaginavam que se tratava da patinação em pista curta, uma das modalidades mais rápidas e radicais dos Jogos Olímpicos de Inverno, repleta de empurrões e quedas com lâminas nos pés. Pouco mais de 10 anos depois, aquele garotinho vai em busca de um grande resultado nos Jogos Olímpicos da Juventude.

“Meu objetivo é ficar entre os 10 primeiros. Quero ter certeza de que o Brasil será visto como um país promissor e até dominante por meio deste evento. Eu também espero representar o Brasil nas Olimpíadas de Inverno de 2026, mas também quero trabalhar duro na escola e seguir a faculdade. Sei que vai ser difícil, mas estou planejando um ano sabático depois de terminar o ensino médio para me dedicar totalmente ao treinamento para os Jogos Olímpicos. Vou trabalhar duro e ver o que acontece”, completou.

RIO DE JANEIRO

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