Julho amarelo: mês de conscientização sobre hepatites virais

Estamos no “Julho amarelo”, mês de conscientização sobre as hepatites virais, que são caracterizadas pela inflamação do fígado causada por vírus. A doença pode ser classificada nos tipos A, B, C, D e E, sendo os três primeiros os mais comuns no Brasil. 

As hepatites também podem ser classificadas em aguda, com duração de até seis meses, e crônica, com mais de seis meses.

“A doença nem sempre é sintomática, mas quando presente pode apresentar sintomas clínicos pouco específicos como fadiga, dor abdominal, náusea e febre. Nem todos os quadros evoluem com ictérica, que se caracteriza por pele e olhos amarelados”, explica Dra. Maria Beatriz de Oliveira, hepatologista do Hospital viValle, em São José dos Campos.

As hepatites B e C podem também evoluir com a forma crônica.Desenvolver cirrose hepática a até câncer de fígado, sendo responsáveis por 74% dos casos de hepatites virais do país.

“Esses dois tipos tem grande potencial para se tornarem crônicas. Estima-se que 57% dos casos de cirrose hepática, e 78% dos casos de câncer primário do fígado, sejam causados por esses vírus”, destaca a especialista do viValle, unidade da Rede D’Or e um dois principais hospitais da região do Vale do Paraíba. 

Em relação à letalidade, de acordo com o Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), o mais perigoso é o tipo C, que responde por 76% das mortes em decorrência da doença. 

Ainda de acordo com o órgão, até um milhão de pessoas no Brasil convivem com a enfermidade sem saber, já que as hepatites virais podem não apresentar sintomas nas fases iniciais da infecção.

O diagnóstico da doença pode ser realizado por meio de exame de sangue, facilmente incluídos em check-ups anuais. Há ainda a sorologia, para detectar e diferenciar os vírus das hepatites. “Outros exames que determinam o funcionamento do fígado também podem indicar a doença. Como muitos casos são assintomáticos é importante adotar medidas preventivas e fazer exames regularmente”, alerta a hepatologista.

Dados do Ministério da Saúde apontam que de 2000 a 2021, foram notificados 718.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 168.175 (23,4%) são referentes aos casos de hepatite A, 264.640 (36,8%) aos de hepatite B, 279.872 (38,9%) aos de hepatite C e 4.259 (0,6%) aos de hepatite D.

Contágio e prevenção

Hepatite A

Transmitido por via oral-fecal, água ou alimentos contaminados e por meio sexual (prática oral-anal).

Geralmente está relacionada a baixas condições socioeconômicas e de saneamento básico. A prevenção consiste em hábitos de higiene, como lavar as mãos, higienizar corretamente louças e alimentos, evitar contato com água contaminada (como enchentes e esgoto), e usar preservativos nas relações sexuais.

Hepatite B

A transmissão ocorre pelo sangue e outras secreções corporais contaminadas, principalmente por via sexual, parenteral (compartilhamento de agulhas e itens cortantes) e vertical (materno-fetal).

A principal forma de prevenção é a vacina, disponível no Sistema Único de Saúde. Além disso, uso da camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhamento de objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, agulhas e seringas.

Hepatite C

Transmitida principalmente por via sanguínea, por isso, para evitar a infecção é importante não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue, assim como no tipo B.

“A hepatite C tem maior taxa de detecção em indivíduos acima dos 40 anos de idade, ou que apresentem fatores de risco como a realização de procedimentos de hemodiálise ou cirúrgicos sem os devidos cuidados de biossegurança, ter diabetes ou hipertensão, compartilhamento de objetos para o uso de drogas, dentre outros”, complementa Dra. Maria Beatriz.

Outro ponto importante é que pacientes que receberam sangue ou hemoderivados anterior a 1992 tem indicação para realizar o teste sorológico.

Gestantes também precisam fazer, durante o pré-natal, os exames para detectar as hepatites B e C, o HIV e a Sífilis.

Hepatite D (Delta)

A forma de transmissão é por meio do sangue e outras secreções corporais contaminadas. Neste tipo é necessário que o paciente tenha infecção prévia pelo vírus B, sendo novamente a vacinação a forma mais eficaz de evitar a doença, além do uso de preservativo e não compartilhamento de lâminas e objetos perfuro-cortantes.

Hepatite E

A transmissão é por via oral-fecal, por isso, assim como tipo A, as medidas de higiene e saneamento básico são essenciais para prevenção.

Geralmente tem um caráter benigno, mas pode ser mais grave em gestantes, pois há maior risco de insuficiência hepática, perda fetal e mortalidade.

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