Joaquim Leite diz esperar consenso na COP-26 sobre mercado de carbono
De acordo com Leite ainda faltam “alguns passos” para se atingir um ponto em comum, mas ele garantiu que o Brasil “fez sua parte” nas negociações.
Na edição anterior da COP, realizada em Madri, o País foi apontado como um dos algozes do travamento das discussões para a criação do mecanismo. Segundo o ministro, há algumas pendências na questão do texto final do documento. Ele observou que “dois ou três” países estão colocando alguns obstáculos.
Leite não quis, entretanto, apontar quais são essas nações, alegando que se trata de uma negociação multilateral. Se fosse uma reunião bilateral, explicou, poderia adiantar, pelo menos quais os pontos já estariam fechados. “Estou otimista, mas não tenho garantia de que mercado de carbono será fechado”, disse.
A programação do evento se encerra nesta sexta, mas é possível que as negociações sobre o livro de regras do mercado de carbono continuem durante o fim de semana.
Posicionamento do Brasil
O ministro fez questão de enfatizar que o Brasil mudou seu posicionamento histórico em relação à questão, como adiantou na quinta-feira o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. “O Brasil fez um movimento claro. A nova posição do Brasil foi importante para que peças do jogo se movimentassem”, garantiu, sem dar mais detalhes.
Ele disse ainda que o governo brasileiro tem interesse na criação do mercado de carbono porque o País é um potencial exportador de créditos.
Crítica a países ricos
O ministro do Meio Ambiente voltou a criticar a falta de um posicionamento mais claro do acordo sobre os países ricos concederem recursos todos os anos voltados aos países mais pobres, acordado durante o Acordo de Paris.
“O financiamento deveria ter a mesma ambição das metas”, disse ele, em relação à cobrança de várias lideranças de que os países assumam objetivos mais duros pata mitigar as emissões. “Pelas conversas que tivemos, não vamos chegar a US$ 100 bilhões em 2021”, relatou durante entrevista coletiva em Glasgow para fazer um balanço da participação do Brasil no evento.
Segundo ele, a promessa agora é chegar a US$ 100 bilhões em 2024, mas o volume não é suficiente para transformar a economia de todos os territórios em neutra, repetiu.
Desmatamento
Ele foi questionado sobre o aumento do desmatamento no Brasil, divulgado pelo Inpe, mas disse que se debruçará sobre o tema quando voltar a Brasília. “O desmatamento é desafio brasileiro, mas aqui estamos falando do desafio global”, disse. “Não estamos fugindo do desafio. Vou me encontrar com o ministro da Justiça para entender esses números. Vi, mas quero que ele me explique melhor”, comentou.
Depois da coletiva, o ministro voltou a falar em Glasgow e disse que, mesmo que o livro de regras para a criação do mercado de carbono global não tenha um desfecho positivo nesta COP, é preciso ressaltar o trabalho de toda a equipe brasileira que participou do encontro. “Mesmo que o desafio não seja atingido, nosso trabalho tem que ser reconhecido”, afirmou. “Estamos fazendo história.”
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