Influenciador digital renasce após coma e neurocirurgia em Toledo
Superar é uma característica do ser humano. É uma superação no trânsito, no trabalho, em casa ou com a saúde. O entregador de delivery João Cristofoli é um exemplo de persistência e de luta para viver. Aos 25 anos, ele sofreu um acidente com o seu monociclo elétrico, em março deste ano. Cristofoli – que também é influenciador digital – teve traumatismo craniano e foi encaminhado em estava grave para a Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp), mantenedora Bom Jesus.
Na unidade hospitalar, a equipe médica realizou um procedimento para reduzir a pressão craniana, chamada de craniectomia descompressiva. Ele ficou em coma por dez dias. A neurocirurgiã Kelly Cristina Bordignon Gomes, responsável pelo procedimento, explica que a parte da calota craniana foi colocada no abdômen do jovem. “A técnica é uma forma de manter o osso em bom estado”.
Kelly complementa que a calota craniana é implantada entre a camada subcutânea e a musculatura abdominal. Ela recorda que o paciente chegou em coma e uma tomografia foi realizada. “A equipe médica identificou um edema no cérebro; um inchaço o qual precisa ser corrigido para o paciente não evoluir para uma morte cerebral. Por isso, foi realizado o procedimento para a retirada da calota craniana. A calota removida permite que o cérebro, que está inchando, possa ter o espaço e não comprima outras partes”.
De acordo com a neurocirurgiã, o procedimento cirúrgico oferece uma espécie ‘de folga’ para o cérebro. “Assim, o órgão pode inchar sem causar danos as demais estruturas nobres do cérebro. É uma técnica que pode salvar a vida do paciente. Quando o cérebro está devidamente desinchado, uma nova cirurgia é realizada. Isso pode demorar 30, 60 ou 90 dias”.
FATORES – O cérebro é um órgão extremamente delicado. Em João, o procedimento foi um sucesso e a neurocirurgiã afirma que foi uma série de fatores. “O acidente aconteceu no município e ele foi prontamente atendido pela equipe médica. Outro fator é a sua idade. Com isso, o quadro de João apesar de ser considerado grave, com o tratamento, ele teve uma boa evolução”.
Atualmente, João leva uma vida normal. “O seu julgamento, percepção e capacidade de raciocínio estão perfeitos. Isso é gratificante para a equipe; nos motiva a fazer mais e fazer o melhor pelo paciente. Nós também temos a noção das nossas limitações, porém fazemos o nosso melhor. O trabalho é multidisciplinar e tem uma equipe grande envolvida no atendimento”, salienta Kelly.
A RECUPERAÇÃO – Na tarde da última quinta-feira (17), João visitou a Hoesp e pode reencontrar a neurocirurgiã Kelly Cristina. “Eu queria agradecer a equipe, porque realmente sobrevivi. Não tenho sequelas e a minha recuperação foi em tempo rápido. Do acidente até a alta, foram cerca de 30 dias internados. O acidente aconteceu dia 21 de março e ganhei alta praticamente no final de abril”.
Após alta hospitalar, João recebeu os cuidados da família e dos amigos. “Eu fui para a minha casa sem a calota craniana. Eu tinha o cérebro e a pele; uma batida poderia ser fatal. Eu sou muito grato a minha família e amigos”.
Conforme o jovem, a sua família soube lidar muito bem com a situação. “O meu pai esteve ao meu lado 24 horas no hospital e em casa. A família foi essencial no processo”, afirma João ao mencionar que o seu pai o fez reencontrar os amigos. “O meu pai queria estimular o meu cérebro a voltar ao normal. Foi algo decisivo para a minha recuperação”.
Ele comenta que sente-se bem hoje em dia. “O meu caso foi um acidente grave e ainda é um assunto sensível para mim. Mas ressalto que não foi culpa do veículo em si; os motivos do acidente foram externos. Eu andava com o monociclo há oito anos e tenho Carteira de Habilitação”.
João recomenda que cada pessoa faça o possível para preservar a sua vida. “O importante é manter a atenção no trânsito e utilizar os equipamentos de segurança. Eu tenho duas vidas. A primeira quando nasci e a segunda vida quando mudou a minha forma de viver. Nós precisamos cuidar o máximo da nossa vida, porém não podemos nos limitar a não fazer as nossas atividades”, finaliza.
Da Redação
TOLEDO