Itaipu investe em “Teste do pezinho vermelho”, que detecta mais doenças que o convencional

A usina de Itaipu vai investir R$ 649.363,80 no projeto de ampliação do teste do pezinho por espectrometria de massas, destinado às crianças nascidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que detecta diagnósticos para 29 doenças. O teste do pezinho já é uma realidade no SUS e, agora, com essa nova ampliação, carinhosamente chamada de “Teste do pezinho vermelho”, as famílias, médicos e comunidade poderão receber diagnósticos gratuitos e abrangentes sobre uma nova gama de doenças que afetam os recém-nascidos. O teste convencional realizado no Paraná detecta seis patologias.

Este projeto pioneiro será implementado no Estado do Paraná, especificamente no território da 16ª Regional de Saúde, abrangendo 18 municípios e prevê a realização de 5 mil diagnósticos por ano.

É uma iniciativa conjunta entre a Itaipu Binacional, o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (CISVIR), e conta com a participação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus de Jandaia do Sul.

Inicialmente, o projeto vai atender as cidades de Apucarana, Arapongas, Bom Sucesso, Borrazópolis, Califórnia, Cambira, Faxinal, Grandes Rios, Jandaia do Sul, Kaloré, Marilândia do Sul, Marumbi, Mauá da Serra, Novo Itacolomi, Rio Bom, Rosário do Ivaí, Sabáudia e São Pedro do Ivaí, que somam o total de 395.138 habitantes. A ideia é replicar o projeto para todo o Estado. Os testes serão feitos em parceria com o Labfenn, de Jandaia do Sul.

Estão envolvidos na pesquisa o professor Simão Nicolau Stelmastchuk, a professora Valquiria de Moraes Silva Ribeiro e o professor Eduardo César Meure, todos da UFPR.

O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, explicou que a intenção da empresa é contribuir para tornar a saúde pública mais eficiente. E lembrou que, ao investir num teste do pezinho com maior número de diagnósticos, será possível reduzir a mortalidade infantil, que no Paraná teve uma alta depois do período de pandemia (são mais de 11 mortes de crianças a cada mil nascidas vivas).

O gestor do convênio pela Itaipu, Waldemar Pilger, contou que o projeto resultará em menos casos de mortes que podem ser evitadas e, ao mesmo tempo, terá um custo mais baixo, por não necessitar de kits, como os que são usados no teste do pezinho normal. “Reduzir os custos da saúde pública é melhorar o atendimento como um todo”, afirmou.

Exame obrigatório

 O teste do pezinho é um exame realizado em todos os recém-nascidos com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de doenças que podem levar à deficiência intelectual e causar outras sequelas à saúde da criança.

No Paraná, esse teste é feito pela Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional e hoje contempla apenas a triagem diagnóstica de seis doenças: Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Fibrose Cística, Anemia Falciforme e outras Hemoglobinopatias, Deficiência da Biotinidase e Hiperplasia Adrenal Congênita.

O teste do pezinho é gratuito e obrigatório, vinculado ao Programa Nacional de Triagem Neonatal, implantado pela Portaria nº 822/2001 do Ministério da Saúde, que garante o direito ao exame a todos os recém-nascidos, e tratamento àqueles com diagnóstico positivo para alguma das doenças triadas.

Os erros inatos do metabolismo (EIM) compreendem mais de 200 doenças hereditárias, individualmente raras, mas com um efeito significativo sobre recém-nascidos e crianças. A evolução para um quadro clínico desfavorável pode gerar danos multissistêmicos graves e fatais no início da vida. O diagnóstico de algumas destas doenças, por meio de programas de triagem neonatal, oferece a possibilidade de alterar o curso da doença e prevenir ou reduzir a morbidade e mortalidade infantil.

Método diferente

 Diferente da aplicação do atual método, e ampliando a quantidade de patologias detectadas, o projeto com investimento de Itaipu tem como proposta o desenvolvimento do Teste do Pezinho Ampliado sem o uso de qualquer kit, ou seja, desenvolvido pela equipe de pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) in house. A metodologia será desenvolvida, aplicada e implementada nos municípios consorciados ao CISVIR, podendo ser expandida a outros consórcios de saúde.

Outro ponto importante é que o CISVIR terá disponível uma tecnologia para diagnóstico de erros inatos do metabolismo por Espectrometria de Massas sem ter dependência de empresas privadas, que podem cobrar pelos kits valores elevados, por fatores alheios às políticas públicas ou mesmo pela flutuação de dólar, entre outros fatores comerciais nacionais ou internacionais.

Com o valor repassado pela Itaipu, serão adquiridos materiais de laboratório, que será preparado, com ajustes dos equipamentos, validação analítica, implementação de rotinas para coleta, envio das amostras, análise, laudo e comunicação dos resultados, além da validação de diagnóstico e validação mensal de diagnóstico.

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