Inflação para classe mais baixa tem rodado acima da classe média, admite BC
Como mostrou na semana passada o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a alta de preços atinge de maneira diferente ricos e pobres.
Desde que a pandemia do novo coronavírus começou, em março do ano passado, a inflação oficial acumulada medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 7,39%. Para as famílias com renda de até cinco salários mínimos, porém, o índice medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi maior, de 8,57%.
Inflação de serviços
O presidente do Banco Central disse também que autoridade monetária acompanha o processo de mudança da pressão inflacionária de bens para serviço. “Vemos que, no mundo, temos inflação de serviços subindo, uma inflação de bens que subiu muito e a contrapartida não está como se esperava. No Brasil ainda temos uma inflação de serviços ainda bastante baixa”, afirmou.
Segundo Campos Neto, o BC está reavaliando a questão para ter certeza que componentes inflacionários que entende serem temporais continuam presente e como se dá a contaminação na inflação desses componentes.
Efeito do fim do menor isolamento social
O diretor de Política Econômica do Banco Central afirmou que, com o fim do isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus, é previsto que a inflação global de bens caia e que, por outro lado, a inflação de serviços suba.
Segundo Kanczuk, era de se esperar que houvesse, durante a pandemia, uma “separação” entre a inflação de bens e a de serviços. A expectativa era de alta para bens e queda para serviços, em função da dinâmica de fechamento de estabelecimentos durante a pandemia. “A inflação global de bens subiu muito mais do que era previsto”, acrescentou. “Parte da subida da inflação de bens na pandemia foi por uma questão de demanda. A demanda mudou de serviços para bens por conta da pandemia.”
Cadeias de fornecimento
Kanczuk avaliou ainda que parte da subida forte de inflação global de bens durante a pandemia ocorreu pela interrupção das cadeias de fornecimento. Ele deu como exemplo as dificuldades para a compra de chips de computador.
Ao tratar da inflação global, Kanczuk afirmou que tanto os bancos centrais quanto os analistas não sabem o que vai acontecer. Ele citou o fato de haver preocupações com a inflação em países como Estados Unidos e Chile, enquanto o Reino Unido e a Índia adotam postura mais tranquila em relação à alta de preços. “O Brasil é um dos países emergentes que mostrou inflação acumulada mais alta”, acrescentou.
Segundo ele, os porcentuais verificados aqui não superaram, no entanto, os registrados na Rússia e na Turquia. No caso dos alimentos, destacou o diretor, “o Brasil teve inflação alta; só recentemente a Turquia superou”.
Kanczuk afirmou ainda que, com as políticas fiscal e monetária expansionistas, a economia mundial tem mostrando “crescimento exuberante”. “Há exuberância no crescimento de curto prazo”, disse.
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