Inflação de alimentos in natura e saúde e cuidados pessoais continuam pressionando o IPCA

Análise realizada pelo Departamento Econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR) mostra que a inflação medida pelo IPCA no mês de maio foi de 0,46% no Brasil e de 0,49% na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O grupo com a maior alta foi, novamente, saúde e cuidados pessoais, com inflação de 0,69% na economia nacional e de 0,90% na capital paranaense.

O economista e assessor econômico da Fecomércio PR, Lucas Dezordi, esclarece que os reajustes dos planos de saúde foram autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), limitando a 6,91% o percentual de reajuste anual que poderá ser aplicado aos planos de assistência médica individuais e familiares regulamentados. Com isso, o subitem subiu 0,77% no Brasil e em Curitiba. Ainda no rol de cuidados com a saúde, o subitem óculos de grau aumentou 6,52%em Curitiba e RM.

Em 12 meses, o IPCA geral acumulou uma inflação de 3,93% para a economia brasileira e de 3,38% para Curitiba e Região Metropolitana. De acordo com o economista, a inflação manteve-se resiliente nesse patamar e com resistência em convergir para o centro da meta de 3%.

Maiores altas e quedas do IPCA no mês de Maio

Os subitens que mais subiram no mês de maio na economia brasileira foram a batata inglesa (20,61%), cebola (7,94%), cenoura (6,05%) e as passagens aéreas (5,91%). “O preço da batata inglesa subiu em todas as capitais pesquisadas pelo IBGE, indicando uma restrição da oferta a nível nacional”, avalia Dezordi.

Por outro lado, as reduções de preços mais significativas no país foram açaí (-12,52%), banana prata (-11,74%), abobrinha (-11,37%), feijão preto (-7,92%) e carne de carneiro (-6,14%). “O feijão preto, item essencial no prato do brasileiro, caiu em todas as capitais pesquisadas com uma redução em 12,15% em Curitiba”, afirma o assessor econômico da Fecomércio PR.

Os itens que mais subiram de preço na Região Metropolitana de Curitiba no mês de maio foram a batata inglesa (29,61%), o melão (9,84%), as passagens aéreas (9,15%) e o leite longa vida (6,21%). Segundo Dezordi, o preço do leite e seus derivados tendem a aumentar nos próximos meses, pois é um período de menor pastagem e produção.

Os subitens que registraram queda de preços no IPCA-Curitiba foram banana d’água (-19,22%), feijão preto (-12,15%), músculo (-6,22%), alcatra (-5,14%) e ovo de galinha (-4,22%). De acordo com o especialista, as carnes bovinas continuam a contribuir para uma queda na inflação de alimentos em Curitiba.

Maiores altas e quedas do IPCA no Acumulado no ano: janeiro a maio

O excesso de chuvas no final do ano passado e os efeitos negativos sobre a produção de alimentos in natura ainda geram pressão de altas nos preços. No acumulado de janeiro a maio, cenoura (64,50%), cebola (44,70%), manga (44,31%) e batata-inglesa (36,08%) lideraram o aumento de preços no Brasil e em Curitiba. Neste período, os alimentos in natura continuam encabeçando as altas no Brasil, ainda mais com condições climáticas vividas no Rio Grande do Sul.

Entre as maiores quedas no acumulado do ano no contexto nacional destacam-se passagem aérea (-35,95%), pepino (-23,88%), tainha (-12,45%), pacote turístico (-9,70%) e fígado (-7,21%).

Em Curitiba, além dos alimentos in natura estarem aumentando de preços, o azeite de oliva subiu 20,43% no acumulado de 2024. “Este aumento é justificado pela diminuição drástica da colheita do fruto na Europa, devido à forte estiagem nos grandes países produtores, como Espanha, Grécia e Itália, que representam cerca de 66% da produção mundial”, explica Lucas Dezordi.

Maiores altas e quedas do IPCA em 12 meses

Em 12 meses, de junho de 2023 a maio de 2024, os subitens que mais subiram de preços foram a cebola (86,13%), tangerina (58,02%), batata inglesa (57,94%), azeite de oliva (49,42%) e banana-maçã (43,08%). É importante destacar que a coleta dos preços da tangerina só acontece em São Paulo e em Curitiba e o excesso de chuva em regiões produtoras do Sul e do Sudeste prejudicou a adubação das plantações. Além disso, Dezordi destaca que ocorreram perdas devido a um fungo beneficiado pela umidade e comum na citricultura.

Os subitens que caíram de preços nos últimos 12 meses foram fígado (-22,00%), feijão preto (-19,30%), óleo de soja (-13,73%) e farinha de trigo (-11,97%). A supersafra de grãos nos anos de 2022/23 gerou uma forte consolidação nos estoques de soja, contribuindo para uma queda expressiva no preço do óleo de soja, no Brasil e em Curitiba. Entretanto, o assessor econômico da Fecomércio PR espera aumento dos preços nos próximos meses.

Nos últimos 12 meses, os preços da batata inglesa (65,80%), cebola (60,45%), tangerina (52,35%), azeite de oliva (48,63%) e arroz (29,74%) subiram de forma expressiva em Curitiba e RM. O excesso de chuvas no final de 2023 contribuiu para um aumento expressivo nos preços dos alimentos in natura, tais como tubérculos, raízes e legumes (38,08%).

Os preços que tiveram mais quedas significativas na capital paranaense foram óleo de soja (-18,40%), capa de filé (-16,81%) e costela (-13,80%).

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