Hospital comemora a marca de 15 mil cateterismos de crianças e adolescentes

Gabriel Carvalho Domingues tem apenas seis meses, mas já é um vitorioso. O menino nasceu com uma cardiopatia congênita grave – a Transposição das Grandes Artérias (TGA) e Comunicação Interventricular (CIV, com ventrículo direito pequeno no diagnóstico) mas seu diagnóstico foi tardio. “Ele já tinha quase dois meses quando a médica desconfiou da dificuldade dele em respirar e pediu exames”, conta a mãe, Geissebel Flávia Carvalho Silva. Com um diagnóstico não conclusivo, o menino, que nasceu em Guaratuba, no litoral paranaense, foi encaminhado para o Hospital Pequeno Príncipe.

“Quando chegamos aqui os médicos me informaram que o caso era bem grave. Ele fez um cateterismo e uma bandagem (correção cirúrgica para forçar o desenvolvimento do ventrículo, que era pequeno). Foram 27 dias de internamento, sendo 20 deles em UTI. Agora, aos seis meses de idade, ele fez outro cateterismo, para verificar se a cirurgia de correção das grandes artérias pode ser feita”, explica a mãe.  “Felizmente o segundo cateterismo demonstrou que houve crescimento ventricular. Com isso, vamos discutir com a equipe cirúrgica sobre a cirurgia para correção definitiva, que vai dar a ele a oportunidade de se desenvolver normalmente”, explica a médica cardiologista Cristiane Binotto.

O segundo cateterismo de Gabriel foi o exame de número 15 mil realizado pelo Serviço de Hemodinâmica do Hospital Pequeno Príncipe. Muitos desses procedimentos foram feitos em pacientes com apenas poucas horas de vida. “Muitas pessoas relacionam o cateterismo a problemas cardíacos de adultos, mas na verdade crianças também necessitam desta intervenção, que às vezes funciona como um exame, auxiliando nos diagnósticos, e às vezes como um procedimento cirúrgico”, explica o médico que chefia o Serviço de Hemodinâmica da instituição, Léo Agostinho Solarewicz.

Foram realizados no Hospital Pequeno Príncipe cerca de 20 cateterismos por mês em 2020, ano em que todos os procedimentos registraram uma forte queda em função da pandemia do coronavírus. A média histórica era de mais de 30 procedimentos a cada mês. Aproximadamente 65% deles são para auxiliar no diagnóstico. Os outros 35% são cirúrgicos, para corrigir lesões residuais de cirurgias.

Ao contrário dos adultos, que na grande maioria das vezes necessitam de cateterismos para corrigir doenças adquiridas, as crianças que precisam se submeter ao procedimento nascem com alguma cardiopatia congênita. “Já recebemos crianças recém-nascidas com poucas horas de vida e de baixo peso. Recebemos gêmeos que tinham apenas 1,2 quilos”, conta o médico.

HEMODINÂMICA – A hemodinâmica é um método de diagnóstico e de terapia que utiliza o cateterismo para obtenção de dados funcionais e anatômicos das várias cardiopatias. O cateterismo consiste na inserção de catéteres monitorados por electrocardiógrafo, que seguem o trajeto das artérias e veias periféricas até as cavidades cardíacas e grandes vasos. O cateterismo permite a visualização radiológica das cavidades cardíacas e grandes vasos, por meio da injeção de contraste pelo catéter.

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS – As cardiopatias congênitas afetam cerca de 30 mil bebes todos os anos no Brasil e são a terceira maior causa de morte em recém-nascidos antes do 30º dia de vida. As doenças afetam oito bebês a cada 1.000 nascidos vivos, sendo que de um a dois casos são recém-nascidos que têm cardiopatias ducto-dependentes, ou seja, que exigem cirurgia logo após o nascimento, ou de uma intervenção hemodiânica (cateterismo).

A malformação na estrutura ou na função do coração pode ser descoberta ainda na gravidez, por meio de exames, e tratada no início da vida da criança. Por isso, o acompanhamento pré-natal e as consultas periódicas com um pediatra são fundamentais para obter o diagnóstico precoce e garantir o tratamento adequado da doença.

CURITIBA

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