Holocausto: Guterres condena a xenofobia e o ódio no dia de memória às vítimas
Guterres relembrou os cerca de 6 milhões de judeus mortos, as vítimas dos povos roma e sinti – conhecidos por ciganos – e “outras inúmeras vítimas de um horror sem precedentes de crueldade calculada” da máquina de guerra nazista, afirmando que o próprio nome da ONU remete à “aliança que lutava contra o regime nazista e seus aliados”.
O chefe da ONU também lamentou o “reaparecimento alarmante” da xenofobia e do ódio em forma de antissemitismo e condenou tentativas recentes de negar o Holocausto, defendendo que as Nações Unidas têm o dever de se manter na linha de frente contra o antissemitismo, a intolerância religiosa e o racismo. “Nenhuma sociedade está imune à irracionalidade ou à intolerância”, afirmou.
Por sua vez, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, relembrou que 77 anos após o Holocausto, o racismo e a xenofobia estão aumentando no mundo, com ataques contra judeus em várias regiões do mundo. A ex-presidente do Chile pediu uma posição firme de todos contra o ódio e “apoio à verdade fundamental de que existe igualdade entre todos os seres humanos”.
Celebrações
Mesmo com a pandemia de covid-19, alguns atos em homenagem às vítimas do holocausto aconteceram na Europa. Na Alemanha, um letreiro com os dizeres ‘We Remember’ (Nós lembramos) foi colocado na escadaria do Reichstag, em Berlim. O Bundestag (Parlamento alemão) recebeu o parlamentar israelense Mickey Levy e a sobrevivente do Holocausto Inge Auerbacher, de 87 anos.
Levy se emocionou ao recitar uma oração de um livro que pertencia a um menino judeu alemão, que celebrou seu bar mitzvah na véspera da Noite dos Cristais. Inge disse se lembrar de ter sido quase atingida por uma pedra atirada por nazistas durante o levante antijudaico de novembro de 1938, e de quando foi levada ao campo-gueto de Theresienstadt, em 1942.
“Eu tinha 7 anos e era a mais nova de cerca de 1.100 pessoas, das quais meus pais, eu e alguns poucos sobrevivemos”, disse ela, que também denunciou o avanço do antissemitismo pelo mundo. “Esta doença deve ser curada o mais rápido possível”, clamou.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente Frank-Walter Steinmeier, que estiveram presentes no Bundestag, também participaram de uma cerimônia no Memorial do Holocausto, em Berlim, onde deixaram flores para as vítimas.
No Reino Unido, 600 velas foram acesas na Catedral de York, formando a estrela de Davi, na noite de quarta-feira, 26. O primeiro-ministro francês, Jean Castex, acompanhou sobreviventes franceses em uma visita ao Monumento Internacional às Vítimas do Fascismo durante uma visita ao Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau do antigo campo de concentração e extermínio nazista alemão em Oswiecim, Polônia.
Na Macedônia do Norte, retratos de judeus vítimas do Holocausto foram expostos no Centro Memorial do Holocausto para os Judeus, em Skopje. Acredita-se que 7.148 judeus do país foram mortos no campo de concentração nazista de Treblinka, em março de 1943.
Genocídio
O Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto relembra o genocídio que resultou na morte de cerca de seis milhões de judeus, cinco milhões de eslavos, três milhões de poloneses, 200.000 ciganos, 250.000 pessoas com deficiência mental e física e 9.000 homens homossexuais pelo regime nazista e seus colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial.
A data foi definida em uma resolução da Assembleia Geral da ONU em novembro de 2005, em referência a 27 de janeiro de 1945, quando soldados soviéticos entraram no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, libertando milhares de sobreviventes do regime nazista. Aproximadamente 1,1 milhão de pessoas foram mortas pela máquina de guerra nazista no campo.
Nesta quinta-feira, o chefe do Conselho da União Europeia, Charles Michel, destacou a importância de comemorar a data, pois o número de sobreviventes diminui a cada ano. “A cada ano que passa, a Shoah (Holocausto) avança para se tornar um evento histórico”, disse Michel. E completou: “cada vez mais distante, cada vez mais abstrato. Especialmente aos olhos das gerações mais jovens de europeus. Por isso, paradoxalmente, quanto mais os anos passam, mais importante se torna a comemoração.”
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