Halitose só se dá pela má higienização?
Quando se fala em mau hálito, é comum a crença de que esse problema bucal se deve somente à má escovação. No entanto, não é bem assim. A Dra.Cláudia C. Gobor, atual conselheira e ex-presidente da Associação Brasileira de Halitose, explica que as causas do mau hálito podem passar de 60.
Ainda existe a crença de que pessoas com mau hálito não limpam bem a boca, mas nem sempre o problema está associado com a falta de higiene oral. “Mesmo quem escova os dentes da maneira adequada pode sofrer com a halitose, que pode ter mais de 60 causas, sendo que 90% delas são bucais”, afirma a especialista.
A diminuição de saliva é a razão mais frequente para o mau odor. Além de promover uma limpeza da língua, a saliva contém mais de 15 agentes que impedem o crescimento das bactérias patogênicas, aquelas com o poder de provocar doenças. “A diminuição do fluxo salivar e o aumento da descamação da parte interna da boca levam à formação de uma placa esbranquiçada na língua, que é chamada de saburra ou biofilme lingual”, explica Gobor.
De manhã, é normal ter alteração no hálito, devido à hipoglicemia ocasionada por horas sem comer e também a baixa produção de saliva. “Estresse, ansiedade e tensão, medicamentos como fórmulas para emagrecer e antidepressivos, baixo consumo de água, uso da fala por longos períodos, respiração pela boca e radioterapia nas regiões da cabeça e pescoço, afetando as glândulas salivares, são alguns dos responsáveis pela boca seca”, enumera a cirurgiã-dentista.
O tratamento da halitose depende da origem. Há casos de tratamento multidisciplinar, em que o paciente precisa de acompanhamento médico, como o otorrinolaringologista por causa de desvio de septo nasal, ou o endocrinologista para os diabéticos. Além de limpezas dentais periódicas, pode ser necessário utilizar enxaguante bucal adequado, gel com ação microbiana e estimuladores salivares (gustatórios, mastigatórios, fármacos e sessões de tens, laser e acupuntura) para que o fluxo salivar se normalize. O tratamento dura, em média, três meses, mas em 30 dias já se consegue ver bons resultados.