Grupo de pesquisadores da UTFPR inova no combate à Salmonella na avicultura
Pesquisadores do Grupo de Polímeros e Nanoestruturas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – campus de Toledo – desenvolveram uma matriz vítrea otimizada com amplo espectro de ação antimicrobiana.
Pesquisadores do Grupo de Polímeros e Nanoestruturas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – campus de Toledo – desenvolveram uma matriz vítrea otimizada com amplo espectro de ação antimicrobiana. Em meio aos desafios que envolvem a segurança alimentar e a indústria avícola, a equipe do Grupo de Polímeros e Nanoestruturas apresentou essa solução inovadora que promete revolucionar o setor.
A Salmonella spp. é uma bactéria comum na flora normal das aves, ela pode representar um risco considerável para os consumidores e um obstáculo significativo para as exportações de carne de frango, devido às regulamentações cada vez mais rigorosas. A matriz desenvolvida não é direcionada apenas para a Salmonella, mas também para outras bactérias e fungos, incluindo Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, E. coli O157:H7, Listeria monocytogenes, Salmonella typhimurium, Salmonella enteritidis, Salmonella derby, Salmonella senftenberg, Salmonella choleraesuis, Salmonella Heidelberg, bem como os fungos Macrophomina phaseolina, Aspergillus niger e Sclerotinia sclerotiorum.
O professor Ricardo Schneider pontua que matriz desenvolvida pode ser obtida em temperaturas significativamente mais baixas do que as usadas na síntese de vidros convencionais. Ele recorda que o projeto da síntese de vidros data de 2017 com vidros com nanopartículas de prata e/ou cobre, que são uma abordagem considerada clássica: usar metais transição para ação antimicrobiana.
“Isso não apenas viabiliza a ampliação da escala de produção, mas também reduz o consumo energético do processo de síntese”, relata o professor ao acrescentar que a pesquisa do Grupo de Polímeros e Nanoestruturas abre novos caminhos para a indústria avícola e oferece uma solução pioneira para o combate à Salmonella e outros patógenos, apoiando a produção de alimentos mais seguros e sustentáveis.
“O material vítreo pode ser obtido condições de síntese com temperaturas relativamente baixas, que favorece o aumento de escala. Além disso, os reagentes de partida são comuns e com pureza industrial que facilita o acesso e torna a produção do material mais facilitada”, explica.
MATERIAL INOVADOR – A pós-doutoranda Gabrielle Peiter destaca que a aplicação de vidros como agentes antimicrobianos é um tópico inexplorado. Além disso, a síntese de vidros borofosfatos solúveis em água a baixa temperatura (<400 °C) permite a obtenção dos materiais em condições brandas em relação às condições usualmente empregadas (> 1000 °C).
“Desta forma, o material vítreo solúvel em água com ação antimicrobiana e amplo espectro de aplicação é um material inovador pois não possui metais caracteristicamente aplicados (Ag, Cu e/ou Zn) para obtenção da ação antimicrobiana. A capacidade de dissolução em água permite, por exemplo, a obtenção de géis com ação antimicrobiana com desempenho superior ao álcool em gel”, complementa Gabrielle.
SETOR PRODUTIVO – O setor avícola é de grande importância para o Brasil, que atualmente é o segundo maior produtor mundial e líder na exportação de carne de frango. O país representa 35% desse mercado, exportando para mais de 150 países e gerando uma receita considerável de US$ 7,6 bilhões. No cenário nacional, o estado do Paraná se destaca, contribuindo com cerca de um terço da produção de carne de frango do Brasil. Municípios como Cascavel, com 21 milhões de aves, e Toledo, com 10,7 milhões de aves, lideram a produção na região, seguidos por Santa Helena com 8 milhões, Assis Chateaubriand com 7,9 milhões e Marechal Cândido Rondon com 5,7 milhões. No entanto, outras cidades paranaenses se destacam como Cianorte com 13,8 milhões, Dois Vizinhos com 9,2 milhões e Londrina com 6,2 milhões de aves, segundo Pesquisa da Pecuária Municipal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
AVANÇOS DA PESQUISA – Em relação aos próximos passos da pesquisa, o professor Ricardo Schneider comenta que a ideia é de que a aplicação será via úmida (aspersão/borrifação) ou mesmo em pó, pois a matriz absorve umidade do ar e se dissolve sem necessidade de intervenção. Ele destaca que, no momento, a principal aplicação é na sanitização da cama de aviário, tendo em vista que a ação já foi realizada em maravalha (cama de aviário).
Da Redação*
TOLEDO
*Com informações da Assessoria