Feira de Talentos revela superação de pacientes ostomizados em Foz
Cilsa, Waldemir e Francielle têm muito mais em comum que as bolsas para eliminação dos fluidos biológicos: eles possuem uma história de superação e reinvenção, escrita, apesar da ostomia.
Cilsa, Waldemir e Francielle têm muito mais em comum que as bolsas para eliminação dos fluidos biológicos: eles possuem uma história de superação e reinvenção, escrita, apesar da ostomia. Nesta terça-feira (21), eles e outros pacientes ostomizados protagonizaram seus talentos e suas histórias, durante a Feira de Talentos “Quem sou eu além da ostomia”, promovida pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER IV).
Na mesa de Cilsa Pignata, havia panetones artesanais, super recheados e convidativos. O cantinho dela na feira foi um dos mais concorridos. Enquanto entregava os pedaços de quitutes aos visitantes, com um largo sorriso no rosto, ela contava uma história marcada por muita superação. A habilidade em confeitaria teve início após a ostomia.
“Desde que fiz cirurgia e passei pela ostomia, tive que parar de trabalhar fora, e passei a me dedicar a cursos de confeitaria, e hoje retiro minha renda de bolos, panetones e estou muito feliz, e com certeza, essa fase é resultado de todo apoio que recebemos pelas equipes do CER IV, é um atendimento maravilhoso”, comentou Cilsa, que completou, sorrindo: “a doença não pode nos parar”.
Do outro lado do saguão, cisnes coloridos feitos com papeis em formato de dobradura chamavam a atenção de quem passava pelo local. O trabalho sustentável minucioso e delicado vinha das mãos do aposentado Waldemir Eleuterio, de 78 anos. Para ele, o artesanato é um companheiro e uma terapia.
“Eu monto pecinha por pecinha, levo umas duas horas para cada objeto e é um trabalho terapêutico, eu gosto muito”, comentou. Seu Waldemir freqüenta o CER IV desde que passou por cirurgia oncológica e também ressaltou a importância do atendimento na unidade para seu bem-estar.
“O atendimento aqui é maravilhoso, pois nos encontramos com pessoas com a mesma condição, fazemos amigos e temos um acompanhamento de profissionais especializados para nos cuidar”, completou.
REINVENÇÃO – Para Francielle Santana, o CER IV a resgatou de uma depressão após ter passado pela cirurgia e passar pela ostomia. Ela saiu de um quadro de saúde mental prejudicado e se reinventou nos últimos anos. Hoje, Francielle é maquiadora e cabeleireira profissional.
“A assistência é muito humana, e isso foi essencial para recuperação da minha depressão. Aqui somos muito bem acompanhados, com nutricionista, psicóloga e enfermeira. E foi depois de ser ostomizada, que fui estudar e me formei na área e agora é só sucesso”, comemorou.
Para a nutricionista, Lucineia Schons Lied, “a experiência foi exitosa ao demonstrar que eles são muito maiores que as suas limitações, promovendo assim troca de experiências e bem estar. Essa ação concretiza um cronograma de atividades que desenvolvemos mensalmente, e que incentiva a autonomia e o empoderamento de cada paciente”, afirmou.
AMBULATÓRIO – Atualmente, o CER IV atende em média 270 pacientes cadastrados no programa. Eles são acompanhados por uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, médico clínico geral, equipe de enfermagem, psicóloga e assistente social.
Além dos cuidados, a unidade dispensa mensalmente os insumos necessários (bolsas coletoras e barreiras adjuvantes) para os cuidados da ostomia conforme protocolos do Ministério da Saúde.
O paciente ostomizado é considerado uma pessoa com deficiência física e que demanda reabilitação, temporária ou permanente. A maioria dos pacientes atendidos teve câncer de intestino ou outras doenças/situações relacionadas a este órgão, como doenças inflamatórias intestinais, traumas, apendicite, volvo intestinal e outros.
FOZ DO IGUAÇU