Entidades promovem ações para erradicar brucelose e tuberculose no PR
Com o objetivo principal de controlar e de erradicar a brucelose e tuberculose no Paraná, o Sistema Faep/Senar-PR realiza, desde o começo da semana, um treinamento em métodos de diagnósticos de brucelose e tuberculose e noções de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) para médicos veterinários do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). O treinamento acontece no município de Toledo.
O controle das doenças está relacionado, principalmente, em evitar perdas econômicas significativas para a região ou o Estado. Além disso, elas são importantes zoonoses para a saúde pública e, por isso, precisam ser combatidas.
Os dados da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) mostram que a brucelose esteve presente em 4,8% das propriedades do Paraná no ano de 2019, sendo que no Oeste eram 3,98%. Destes números, 2,24% animais foram diagnosticados com a doença no Estado e 1,54% na região naquele ano.
As estatísticas da Agência ainda revelam que 2,5% propriedades do Paraná apresentaram a doença de tuberculose em 2019. No Oeste, foram 3,1%. Deste total, 0,3% animais foram diagnosticados com a doença no Estado e 0,41% na região.
EFICÁCIA
De acordo com o médico veterinário do IDR-PR Gelson Klein, que participa do treinamento, com as informações repassadas aos profissionais um trabalho com as pequenas propriedades será promovido. “Muitos produtores possuem dificuldades com as informações e nós repassaremos para eles. A finalidade é melhorar a eficácia das medidas de combate dessas doenças”.
Klein ressalta que os médicos veterinários são parceiros desse tipo de iniciativa. “Nós vamos, cada vez mais, atuar com quem está envolvido no processo e possui um trabalho de extensão e educação sanitária”.
Em uma ação mais direta, o médico veterinário menciona que a equipe estará preparada para realizar algumas intervenções que vão desde testes para diagnosticar as doenças bem como auxiliar aos pequenos produtores. “São questões pontuais, porque o nosso trabalho é de educação sanitária. O treinamento segue durante essa semana. Ao final, estaremos habilitados para atuar nestes assuntos de sanidade sanitária voltados a tuberculose e a brucelose”.
UNIÃO
Klein destaca que o ideal é ‘caminhar’ para a erradicação dessas doenças tanto na região Oeste como no Paraná. “O Plano Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose foi elaborado com essa finalidade, mas ainda precisamos avançar muito. Os números ainda estão altos, porque essas doenças são zoonoses que transmitem para nós (seres humanos). Qualquer número nos expõe a um risco e isso deve ser zerado”, cita.
Conforme o médico veterinário, o caminho para avançar para a erradicação é o controle total de cada doença. “Já melhoramos muito e precisamos que todos os interessados pela temática, como empresas, produtores, governos, estejam unidos no mesmo propósito”.
MEDIDAS
O treinamento é uma das ações do termo de cooperação firmado entre as entidades, que contempla a capacitação de técnicos, extensionistas e produtores rurais em dez programas relacionados a agropecuária. O convênio tem vigência até 2026, com investimentos na ordem de R$ 24 milhões.
O treinamento integra um conjunto de medidas destinadas a fortalecer o combate à brucelose e à tuberculose bovina no Paraná, agora considerado o principal desafio para a defesa sanitária estadual, após o reconhecimento do Estado como área livre de febre aftosa sem vacinação.
Além disso, a realização de exames sanitários é uma das atividades previstas para o acompanhamento unidades de referência em pecuária leiteira, descritas no plano de trabalho contemplado pelo convênio.
A capacitação detalha as particularidades técnicas dos exames para ambas as doenças, que exigem registros documentais padronizados em todo o território nacional. Atualmente, o Paraná conta com mais de 800 profissionais qualificados para realizar esses exames.
UNIÃO
Em entrevistas, o presidente da Faep Ágide Eduardo Meneguette afirma que o grande beneficiário é o Paraná, que, na sua magnitude de produção, continuará sendo referência.
O diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins explica que o Estado não consegue exportar para o mundo se não tiver a sanidade. “Ainda temos essas duas doenças [brucelose e tuberculose] que trazem muitas interrogações. Esse é o momento de trabalhar efetivamente de forma conjunta para que o Estado tenha o status sanitário que merece”, reforça.
“Essas duas doenças inviabilizam rebanhos e até atividades. Para combatê-las, temos que fazer diagnóstico integrado e trabalhar juntos”, pontua o diretor-presidente do IDR-Paraná Richard Golba.
PREVENÇÃO
A brucelose e a tuberculose bovina são causadas por bactérias e seu controle exige a adoção de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs).
A brucelose é uma doença bacteriana contagiosa que afeta diferentes espécies animais e a população humana. O agente causador da brucelose bovina é a bactéria Brucella abortus.
Além de problemas reprodutivos, os prejuízos decorrentes da brucelose no rebanho estão relacionados à diminuição da produção de leite e carne. No Paraná, a vacinação é obrigatória nas bezerras de 3 a 8 meses de idade e as propriedades com casos diagnosticados devem ser saneadas.
Já a tuberculose não conta com vacina, portanto, além da adoção de BPAs, seu controle deve ser feito por meio de testes na propriedade e exames na carcaça, quando os animais são abatidos no frigorífico.
Da Redação*
TOLEDO
*Com informações das assessorias
Diagnóstico
De acordo com o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), os exames de diagnóstico devem ser realizados por profissionais aprovados em curso ofertado por instituição de ensino reconhecida pelo Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os profissionais também devem estar cadastrados no Mapa, validados pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV).
Parceria
O termo de cooperação firmado entre o Sistema Faep/Senar-PR e o IDR-PR abrange um conjunto de ações voltadas ao desenvolvimento rural sustentável do Paraná, com formação profissional e promoção social, qualificação e disponibilização da assistência técnica e extensão rural, realização de estudos e pesquisas, implantação de processos de inovação e protocolos técnicos e desenvolvimento de sistemas compartilhados de informação. Além da bovinocultura de leite, outros planos de trabalho são realizados nas áreas de agroecologia, energias renováveis, grãos sustentáveis, promoção social, cafeicultura, fruticultura, olericultura, pinhão e turismo.