Em meio à polêmica no US Open, Azarenka defende vacinação de tenistas
A decisão levanta questionamentos desde o início da competição, na segunda-feira. E trouxe à tona a questão da vacinação dos atletas em meio à resistência dos atletas e teorias de conspiração. Cerca de metade dos tenistas da elite se vacinaram, número considerado abaixo do esperado, uma vez que os atletas vivem viajando pelo mundo, correndo risco de levar o vírus para diferentes países e torneios.
O alcance da vacinação entre eles também é considerada baixo porque houve diversas oportunidades para tomar o imunizante nos últimos meses, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Torneios, como o de Belgrado, na Sérvia, chegaram a oferecer as doses aos tenistas em abril.
Para a belarussa Victoria Azarenka, o tema precisará ser mais discutido no tênis. “Gostaria de começar esta conversa entre os tenistas porque para mim é um pouco bizarro que os torcedores tenham de ser vacinados e os jogadores não (no US Open). Na minha opinião, é inevitável que isso seja obrigatório em algum momento, como outras ligas estão fazendo. Não vejo sentido em protelar, realmente, porque acho que todos queremos estar seguros e todos queremos continuar fazendo nosso trabalho e sei que há muitas discussões sobre isso”, comentou a ex-número 1 do mundo.
“Espero que como um coletivo tomemos a melhor decisão para o nosso negócio, para a nossa saúde, para os torneios e para o público. Acho que precisamos começar essa conversa porque, como eu disse, na minha opinião é simplesmente inevitável (vacinar os atletas)”, afirmou.
Pouco antes do início do US Open, Andy Murray também havia se manifestado a favor da vacinação obrigatória. “Em última análise, acho que a razão pela qual todos nós estamos sendo vacinados é para pensar no público em geral. Como jogadores que viajam pelo mundo, temos a responsabilidade de cuidar de todos os outros jogadores também. Estou feliz por ter sido vacinado. Espero que mais jogadores optem por tomar a vacina nos próximos meses”, afirmou o escocês, dono de três títulos de Grand Slam.
A ideia de tornar a vacinação obrigatória é combatida por alguns dos principais tenistas do circuito, como o sérvio Novak Djokovic. O líder do ranking já se disse contra vacinas, mas ultimamente evita responder perguntas sobre o tema para não causar mais polêmicas. No entanto, defende que a vacinação seja uma decisão do atleta. Outro a defender a ideia é o grego Stefanos Tsitsipas. O número três do mundo alega que, por ter apenas 23 anos e ser atleta, tem chances remotas de apresentar quadro grave se for infectado pela covid-19. Pesquisas já mostraram que situações agravadas da doença e morte podem acontecer com pessoas de qualquer idade
Oficialmente, tanto a ATP (responsável pelo circuito masculino) quanto a WTA (feminino) se posicionam a favor dos imunizantes. “A ATP continua a recomendar fortemente a vacinação aos jogadores, com base, antes de mais nada, em evidências científicas que apoiam os benefícios e proteção à saúde. A vacinação também ajuda o jogador a reduzir o risco de ser excluído da competição, por ser um caso positivo ou um contato próximo”, disse a ATP, no mês passado.
No US Open, um caso exemplificou os argumentos usados pela ATP. O francês Gilles Simon foi excluído da competição, antes mesmo da estreia, por ter tido contato próximo a um infectado, o seu técnico, Etienne Laforgue. Se tivesse sido vacinado, Simon teria sido mantido na competição.
Com a contradição entre o que cobra dos tenistas e dos fãs nas arquibancadas, o US Open voltou a protagonizar polêmica nesta pandemia. No ano passado, o torneio surpreendeu ao apostar no sistema de “bolha”, que apresentou falhas e até interferiu na programação dos jogos. Neste ano, também foi uma surpresa a liberação de 100% da capacidade de público do local da competição, e sem cobrar a vacinação completa de todos.
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