Em discurso na ONU, Bolsonaro cita ‘risco de socialismo’ e defende cloroquina
Nos cerca de 13 minutos de pronunciamento, ainda atacou governadores e prefeitos por políticas de isolamento social na pandemia de covid-19, defendeu o chamado “tratamento precoce” contra covid-19 – em referência a medicamentos comprovadamente ineficazes contra covid, como hidroxicloroquina e ivermectina – e se colocou contrário a “passaportes de vacinação”.
“Venho aqui mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisão. O Brasil mudou e muito depois que assumimos o governo em janeiro de 2019”, disse Bolsonaro. “O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição, valoriza a família e deve lealdade a seu povo. Isso é muito, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo”, afirmou.
Ao falar sobre a questão ambiental, Bolsonaro disse que o Brasil tem “grandes desafios” em razão da “dimensão continental” do País. Como esperado, ele voltou a repetir que o Brasil antecipou de 2060 para 2050 o compromisso de atingir a neutralidade climática, como fizera em abril.
Ele falou da redução nos níveis de desmatamento da Amazônia em agosto, também como esperado, e afirmou que isso foi uma consequência do aumento de recursos para fiscalização ambiental. Bolsonaro afirmou que o País irá “buscar consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global” na COP-26.
“A pandemia pegou a todos de surpresa em 2020. Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram legado de inflação no mundo todo”, afirmou Bolsonaro ao criticar medidas de isolamento e governadores e prefeitos do Brasil.
Ele se gabou do fato de quase 90% da população adulta do Brasil estar vacinada, mas disse ser contra um “passaporte da vacinação”. “Apoiamos a vacinação. Contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina”, disse.
Bolsonaro defendeu tratamento precoce contra covid-19 e disse que ele mesmo usou – em referência a medicamentos comprovadamente ineficazes contra covid, como hidroxicloroquina e ivermectina. “Desde o início da pandemia apoiamos a autonomia do médico em busca do tratamento precoce. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial”, disse. “Não entendemos porque muitos países se colocaram contra o tratamento inicial (precoce). A história e a ciência saberão responsabilizar a todos”, afirmou Bolsonaro.
Desde sua eleição, Bolsonaro é visto pela comunidade internacional como um líder com aspirações antidemocráticas e que coloca em risco a Floresta Amazônica, os direitos de minorias, instituições democráticas e, desde o início da pandemia, a vida dos brasileiros. Em 2019, na sua primeira aparição na ONU, Bolsonaro fez uma fala recheada de referências religiosas, disse que o Brasil esteve “à beira do socialismo”, atacou adversários políticos e países como Cuba e Venezuela e sugeriu que o presidente da França, Emmanuel Macron, tinha “espírito colonialista”. Na época, o presidente era aconselhado pelo então chanceler Ernesto Araújo, que incentivava o discurso de desafio à ordem global e ao que, naquela ocasião, o ministro chamava de “globalismo”.
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